O que torna uma empresa uma referência global em inovação? Como isso se torna um diferencial competitivo diante da concorrência? Um exemplo clássico de quem sabe inovar e ser reconhecida como tal é a Apple, que desde que foi criada, na década de 80, figura no topo das listas de companhias mais inovadoras do mundo, juntamente com Google, Netflix e Uber. Mas será que são apenas as empresas nascidas a partir da revolução tecnológica das últimas décadas que estão hoje praticando inovação?
A resposta é simples: o potencial criativo e inovador se manifesta na capacidade de se antecipar às tendências e de perpetuar uma cultura de inovação pode estar presente em qualquer mercado ou perfil empresarial. “Os ciclos de vida de produtos, negócios e marcas mudaram radicalmente em consequência do desenvolvimento tecnológico. O crescimento gradual dos mercados e das novidades trazidas a eles, observados até o início dos anos 90, já não ocorre”, afirma Adriana Baraldi, professora da Business School São Paulo especializada em processos de inovação empresarial. Paulo Starck, CEO da Siemens no Brasil, concorda com a especialista. “Cada vez mais o profissional tem papel intelectual, estratégico e criativo. E os colaboradores devem sentir que possuem capacidade de mudar alguma coisa. Todos eles influenciam o ambiente interno e externo por meio da criatividade”, diz o executivo. “O desafio das organizações inovadoras é tratar, sistemicamente, a capacidade de criação das pessoas por meio de processos contínuos e permanentes que geram inovação e que contribuem para o crescimento organizacional de maneira estratégica e sustentável”, complementa Adriana.
O Grupo Promon, que desenvolve soluções de infraestrutura e projetos de engenharia, mantém um programa específico para estimular a cultura interna de inovação. Profissionais da mesma área se organizam e propõem ideias inovadoras para discussão com os demais colegas da empresa. “São blogs específicos para inserção e compartilhamento de ideias, de maneira mais informal”, explica Moisés Falco, diretor executivo de Gestão do Conhecimento do Grupo Promon. E é justamente a inovação que é trabalhada como motor do programa de estágio da empresa. “O estagiário é desafiado, de pronto, a interagir com áreas diversas e a propor projetos com foco em inovação anualmente submetidos à diretoria”, complementa Falco.
Sérgio Jacobsen, diretor de negócios Smart Grid da Siemens, concorda com Falco que essa visão inovadora é um importante motivador para os jovens que hoje chegam a empresas. A nova geração se encanta com o perfil de empresas inovadoras. Para Jacobsen, está claro que os estagiários e trainees são mais antenados com tecnologias disruptivas e os atuais modelos de trabalho, como home office e estruturas horizontais. “Mais entusiasmados e participativos, querem logo se integrar às equipes de pesquisa e desenvolvimento, em especial nos projetos colaborativos com a matriz e outras subsidiárias”, comenta o diretor. Muitos se surpreendem pela contínua inovação presente nas soluções integradas de tecnologia da empresa. “Eles ficam atraídos especialmente pelos nossos dois centros de pesquisa em soluções para smart grids”, informa Jacobsen.
E criar novos produtos a partir da inovação não é a única coisa que importa para atrair e reter talentos jovens, promissores e criativos. “O espírito inovador, aliado às possibilidades oferecidas pela tecnologia, contribui também para a construção de um País melhor e gera benefícios ao dia a dia das pessoas. Isso é cada vez mais valorizado pelos profissionais, que se sentem recompensados não apenas financeiramente, mas principalmente pela oportunidade de colaborar com a comunidade”, complementa Jacobsen.