Até alguns anos, ao ser convidado para uma entrevista de emprego o candidato conferia os dados tradicionais de seu currículo, como formação e experiência, e se preparava para uma entrevista em que algumas de suas competências, como conhecimento e capacidade de interpretação, seriam testadas. Em um mercado globalizado e cada vez mais competitivo, hoje, além da preparação tradicional, os candidatos devem estar atentos também às suas competências socioemocionais.
Na definição do Instituto Ayrton Senna, trata-se da capacidade de se relacionar com os outros e consigo mesmo, compreender e gerir emoções, estabelecer e atingir objetivos, tomar decisões autônomas e responsáveis e enfrentar situações adversas de maneira criativa e construtiva. Isso não é pouco, e é cada vez mais procurado pelas empresas.
Ao mesmo tempo, essas são habilidades que os profissionais devem desenvolver fora do ambiente acadêmico. A pesquisa “Educação para o Trabalho: desenhando um sistema que funcione”, aponta que, no Brasil, 67% das instituições de ensino acreditam que os profissionais recém-formados estão adequadamente preparados para o mercado. No entanto, apenas 31% das empresas concordam com isso.
Na mesma pesquisa, 48% dos empregadores brasileiros revelam que a falta de competências é a principal razão para o não preenchimento das vagas de nível iniciante nas empresas. Uma das conclusões da pesquisa confirma que, enquanto as faculdades apostam no aprimoramento técnico de seus alunos, o mercado começa a dar grande valor às competências socioemocionais.
Mas que competências são essas, afinal? O Instituto Ayrton Senna vem trabalhando junto a governos e instituições de ensino para estimular o desenvolvimento dessas habilildades e as divide em cinco dimensões, com os respectivos reflexos no ambiente de trabalho:
1. Realização (estabelecer e atingir metas) – capacidade de perseguir uma meta, ser planejado, organizado, responsável, disciplinado. Nas empresas, profissionais com esta competência contribuem para a redução do absenteísmo e da rotatividade.
2. Cooperação (sentir empatia e cooperar com outros) – capacidade de agir de modo cooperativo, altruísta, tolerante, cordial, solidário, de trabalhar em equipe. No dia a dia, profissionais mais cooperativos tendem a faltar menos ao trabalho.
3. Socialização (socializar e comunicar) – capacidade de externalizar sentimentos e sensações, autoconfiança, sociabilidade, comunicação objetiva, de se colocar quando necessário. São mais efetivos nas funções de gerência, vendas e administrativas.
4. Abertura ao novo (explorar) – capacidade de estar aberto a novas experiências, sem medo de assumir riscos, ser original, criativo, inventivo. Esta característica também está relacionada à redução do absenteísmo e às maiores chances de ocupar vagas gerenciais.
5. Estabilidade emocional (lidar com dificuldades) – capacidade de controlar os impulsos, a ansiedade, o estresse e outros sentimentos negativos, autoestima.