Além de ter um conhecimento profundo em sua área de atuação, os líderes de 2020 deverão saber ouvir e se comunicar com pessoas de diferentes níveis hierárquicos, transitar por diversas culturas e práticas de negócio, reconhecer talentos e basear sua liderança na colaboração entre profissionais com competências complementares. Esses executivos precisam estar cada vez mais em sintonia com as novas tecnologias e ser capazes de aplicá-las para potencializar os resultados dentro da estratégia da empresa.
As características dos CEOs do futuro foram descritas em um estudo realizado pela consultoria CTPartners, especializada no mercado de tecnologia e negócios digitais, recentemente adquirida pela canadense Caldwell Partners, uma das maiores empresas de recrutamento executivo do mundo. “Muitas dessas habilidades são inerentes ao indivíduo, mas existem formas para que o próprio profissional explore mais tais capacidades”, diz Ana Claudia Reis, sócia da Caldwell Partners. Ela destaca os programas de coaching oferecidos por algumas empresas como uma boa maneira de despertar e trabalhar as características de liderança.
Emprego x projeto
O feedback de desempenho é outra ferramenta fundamental para esse desenvolvimento, e a iniciativa de pedi-lo aos gestores que não costumam dar esse retorno também, segundo o consultor de carreira André Caldeira, CEO da empresa de gestão de talentos Propósito, de Curitiba (PR). Ele diz que o feedback é fundamental para que a maneira como o profissional se enxerga e é visto dentro da empresa estejam em sintonia. Tratam-se, respectivamente, dos conceitos de identidade e reputação, criados pelo psicólogo americano Robert Hogan, especializado em desenvolvimento de carreira. “No ambiente de trabalho, a reputação impacta mais em engajamento e oportunidades do que a identidade. Por isso, é fundamental sintonizar as duas imagens”, diz Caldeira.
Outra característica apontada como essencial pelos especialistas aos líderes do futuro é a capacidade de pensar no significado de suas atividades no presente e em quanto elas irão prepará-los para novos desafios. Neste contexto, pensar em estabilidade de emprego passa a ser uma armadilha, que enrijece e desqualifica em um mundo em constante mudança.
E a maioria das pessoas já tem isso em mente, segundo Caldeira. “Pesquisas mostram que o tempo médio de permanência nas empresas é de dois anos. Cerca de 60% dos colaboradores que começam em um trabalho já estão pensando no que vão fazer no próximo”, afirma. Para Cláudia, isso indica que, cada vez mais, o que atrai os profissionais é a oportunidade de aprendizado. “As pessoas não se engajam em empregos, mas em projetos. E quem quer se desenvolver deve procurar os melhores caminhos e assumir as rédeas de sua carreira”, aconselha.