A implementação de projetos de geração distribuída tornou-se possível no Brasil em 2012, quando uma normatização da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) permitiu que qualquer pessoa, física ou jurídica, gerasse sua própria energia. De lá para cá, uma série de inovações vem permitindo a implementação e a diversificação desses projetos, hoje baseados em fontes que vão da energia solar até o uso de biomassa para geração de energia.
De acordo com Gustavo Malagoli Buiatti, diretor técnico da Alsol Energias Renováveis e membro da ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída), são estas inovações que vêm impulsionando o uso de fontes alternativas. Para entender melhor como elas têm evoluído, o executivo desenvolveu uma linha do tempo com as principais inovações implementadas nos últimos quatro anos:
Abril/2012 – A Aneel publica a Resolução Normativa 482, que autoriza a implementação de projetos de micro e minigeração de energia.
Dezembro/2012 – É realizada a primeira conexão de uma geradora movida a energia solar fotovoltaica à rede elétrica.
Fevereiro/2013 – Lançamento do Projeto 50 Telhados, desenvolvido pelo Instituto Ideal com o objetivo de divulgar a geração distribuída a partir da fonte fotovoltaica. O objetivo era alcançar o propósito a partir do estabelecimento de metas de instalação de telhados solares em diferentes cidades brasileiras, a serem cumpridas por empresas instaladoras locais. “Naquele momento começou-se a pensar na comunicação, em como levar à população a informação de que fontes alternativas poderiam ser interessantes”, lembra Buiatti.
Outubro/2014 – Desenvolvimento do primeiro painel de conexão à rede de uma geradora movida a biogás e realização da primeira conexão híbrida do País. De acordo com Buiatti, este projeto era baseado no uso de dejetos de suínos, que eram tratados para evitar a contaminação do solo. “Era uma ação ambiental, mas percebeu-se que era possível utilizar esse gás como combustível. Para isso, foi desenvolvido um painel de conexão para injetar essa energia na rede. Foi a primeira vez que combinamos diferentes fontes no Brasil”, diz.
Março/2015 – Uma parceria com a Universidade de Cambridge ajuda a Aneel a identificar os principais desafios enfrentados na implementação de projetos de geração distribuída em outros países. Um dos pontos constatados foi o alto consumo de energia em data centers.
Abril de 2015 – Entra em operação o primeiro data center movido a energia solar, projeto do Programa de Eficiência Energética da Aneel. O projeto inova ao utilizar baterias descartadas pelos data centers a cada dois anos para serem carregadas durante o dia, armazenando energia. “Este projeto eliminou o uso de diesel nos geradores, permitiu utilizar as baterias até o final de suas vidas úteis e permitiu o uso de energia solar durante a noite”, lembra Buiatti.
Junho/2015 – Inauguração, em Uberlândia (MG), da primeira parada de ônibus movida a energia solar. A cobertura, feita de células fotovoltaicas, disponibiliza energia para que os usuários possam carregar seus celulares e para o funcionamento de um painel com informações sobre linhas e horários dos ônibus.
Julho/2015 – Uma chamada da Aneel levou ao desenvolvimento do primeiro String Box Nacional. “Trata-se de um sistema que permite o monitoramento das redes de geração, permitindo a rápida identificação e solução de problemas”, explica Buiatti.
E a inovação continua. De acordo com o diretor, o foco do mercado hoje é o desenvolvimento de soluções que permitam o uso de fontes mistas, tornando mais robustos os projetos de geração distribuída. Um exemplo é o projeto em implementação no Praia Clube, também de Uberlândia. O clube utiliza energia solar durante o dia e, para o período noturno, está implementando uma solução que utilizará a energia produzida pelas bicicletas ergométricas e esteiras da academia para gerar energia. “Há muitos projetos em andamento também com a utilização de biomassa. O Brasil está montando um grande lego de fontes que, no futuro, vão se complementar, permitindo soluções combinadas”, ressalta.