Cultura para Todos – Mozarteum Brasileiro

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Marketing afinado: como orquestras engajam plateias

Valorização do conteúdo e linguagem adaptada às diferentes ferramentas são diferenciais na busca por novos adeptos

Formar, renovar e fidelizar plateias sempre foi uma tarefa exaustiva para qualquer área da cultura e do entretenimento. Especificamente em se tratando da música lírica e de concerto, por sua longevidade e características únicas, boas estratégias de marketing são cada vez mais determinantes na obtenção de bons resultados.

Na era digital, elas têm contribuído não só com a perenidade das instituições, como para valorizar a imagem de artistas e grupos envolvidos. Recentes abordagens do setor partem de um princípio que, para alguns, ainda poderá soar surpreendente: nem sempre o entrave para novas adesões está na associação da música erudita a um estilo de vida mais sofisticado.

YouTube ACO

No canal do YouTube da Australian Chamber Orchestra, é possível rever as apresentações que são transmitidas ao vivo na fanpage da orquestra

É o que aponta, por exemplo, o programa de formação de plateias iniciado em 2016 pela Sinfônica da Califórnia, o Orchestra X. A partir de uma pesquisa com públicos de diferentes perfis, a direção da orquestra passou a cuidar melhor de alguns pontos citados pelos entrevistados como primordiais para que decidissem assistir a um concerto ao vivo. Dentre eles, a funcionalidade do website, a disponibilidade de mais assentos vizinhos e uma linguagem mais acessível nos programas de concerto.

No canal do YouTube da Australian Chamber Orchestra, é possível rever as apresentações que são transmitidas ao vivo na fanpage da orquestraJá o guia Music Australia relatou que potenciais frequentadores têm sido ouvidos pelos principais centros de música e orquestras do país em diversas situações, incluindo escolha de repertório, projetos arquitetônicos e hospitalidade nas salas de concerto. Pioneira ao disponibilizar sua discografia em streaming, a Australian Chamber Orchestra é uma das mais atuantes nesse sentido.

Aproximação com o público

Talvez nenhuma outra manifestação artística disponha de conteúdo histórico e biográfico tão abrangente e documentado como a música clássica. Assim, a matéria-prima que já ilustrou pôsteres, cartazes e notas de programa hoje ressurge em outros formatos, como vídeos, blogs e criações digitais originais.

A abordagem mudou. Refletindo uma tendência global, mais do que promover atrações, o conteúdo vem sendo direcionado para estimular o interesse do público pela música e pela experiência como um todo. Saem de cena longos currículos e discografias, entram fatos curiosos e perfis mais humanizados.

“O apelo das informações é fundamental para a competição com a programação da TV e da internet. É preciso despertar a identificação com os artistas e compositores, explicitar a energia de uma performance. Caso contrário, ficaremos em casa e assistiremos à Filarmônica de Berlim por um custo infinitamente menor”, resumiu em seu blog a norte-americana Shoshana Fanizza, autora do livro The How of Audience Development for The Arts (“Como Formar Plateias para a Arte”).

A partir dessa visão, muitas orquestras e associações culturais têm buscado construir uma relação mais próxima entre artistas e público. Oportunidades exclusivas são oferecidas desde o momento da compra do ingresso – acesso a playlists, vídeos e podcasts, entre outros – até, em alguns casos, minutos antes do terceiro sinal.

É o caso do Clube do Ouvinte, iniciativa do Mozarteum Brasileiro. Criada com ineditismo no Brasil em 2001, a série de encontros que precede os concertos é gratuita para quem adquiriu ingressos. Basta chegar um pouco mais cedo aos locais das apresentações para participar de um bate-papo informal sobre os compositores e obras de cada programa, conduzido por especialistas convidados.

Cases em redes sociais

A presença de orquestras e grandes centros musicais nas redes sociais também reforça como a adaptação do conteúdo é necessária para mobilizar uma base cada vez maior. Em redes populares como Instagram, Facebook e Twitter, trechos de críticas, artigos sobre música, vídeos de bastidores e fotos de turnês e apresentações despertam mais atenção.

Orquestras nas redes sociais

Orquestras do mundo inteiro estão hoje nas redes sociais como forma de engajar e atrair novos públicos

Orquestras e grandes centros musicais marcam presença nas redes sociais para mobilizar e atrair novos públicosDe acordo com o Facebook Insights, a maioria dos 506 mil usuários que interage com a fanpage da Metropolitan Opera House, por exemplo, tem entre 25 e 34 anos.  Já o perfil do Wigmore Hall no Twitter, conhecido por sua linguagem informal e conteúdo diversificado, costuma duplicar seu número de seguidores anualmente. Hoje são 54 mil – um feito, especialmente considerando o limite de 280 caracteres por postagem.

Outro case de sucesso é o da London Symphony Orchestra. Impulsionada por transmissões ao vivo de ensaios e entrevistas, downloads de trechos e álbuns de sua loja virtual, amplo acervo de imagens históricas e áudios de concertos no Spotify, a orquestra inglesa hoje é acompanhada por mais de 800 mil pessoas nas principais redes.