Cultura para Todos – Mozarteum Brasileiro

Música, dança e histórias que inspiram

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A música e o esporte: trilhas que marcaram feitos, eventos e paixões

Canções consagradas nas maiores competições do mundo, parcerias de sucesso e inspirações pra lá de curiosas estão entre os registros que aproximam o universo musical do meio esportivo

Quando astros do esporte e da música se alinham, os resultados costumam ser arrebatadores. Ou, ao menos, surpreendentes. Se por um lado trilhas bem escolhidas já tornaram conquistas ainda mais inesquecíveis, por outro, disputas e modalidades têm despertado naturalmente o talento de artistas. Inúmeras ocasiões já atestaram o sucesso dessa dobradinha. Em algumas delas, vida e a arte se confundem.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com o tema do filme Carruagens de Fogo (Chariots of Fire), composto e gravado originalmente por Vangelis, em 1981. A associação foi imediata: o roteiro retratava o embate entre dois corredores ingleses, um judeu e um cristão, em vias de disputar uma Olimpíada.

Consagrado por crítica e público, o longa acabou premiado com o Oscar. E a canção, como não poderia deixar de ser, chancelou a edição seguinte dos Jogos, disputada em Los Angeles (EUA, 1984).

Dezoito anos depois, filme e canção ainda renderiam mais um momento especial, desta vez na cerimônia de abertura da Olimpíada de Londres. A performance da London Symphony Orchestra, sob regência de Sir Simon Rattle, e do ator Rowan Atkinson, como Mr. Bean, tornou-se um clássico instantâneo.

Vozes triunfais

No início da década de 1990, os tenores Luciano Pavarotti, Jose Carreras e Placido Domingo iniciaram uma colaboração que ajudou a popularizar o canto lírico entre os fãs de futebol de todo planeta.

Escolhida como hino oficial do Mundial da Itália, a versão de Pavarotti para Nessun Dorma, de Giacomo Puccini, foi uma espécie de pedra fundamental do grandioso projeto Os Três Tenores, que estreou no lançamento da competição e foi reeditado em mais três Copas: Los Angeles (1994), Paris (1998) e Yokohama (2002).

Na esteira desse sucesso, em 1992, a UEFA (Union of European Football Associations) contratou o compositor e arranjador inglês Tony Britten para criar um tema para a Liga dos Campeões, mais importante torneio de clubes do futebol europeu.

Britten, por sua vez, preferiu adaptar Zadok, The Priest, um antigo hino britânico composto por George Handel, em vez de propor algo inédito. Deu certo. A versão, que usa três idiomas (inglês, alemão e francês), hoje é tão icônica quanto a própria competição.

Entre tacos e raquetes

A paixão de alguns artistas pelo esporte também serviu de inspiração para a concepção de obras relativamente inusitadas. Um dos casos é o do norte-americano Charles Ives, que chegou a ser capitão de um time de beisebol nos tempos de escola.

Ao se enveredar pela música, ele passou a buscar nas estratégias do jogo padrões de movimento aplicáveis às suas criações. Assim surgiram peças experimentais como All The Way Around and Back (1906) e Some Southpow Pitching (1919).

Já o francês Claude Debussy revelou seu fascínio pelas raquetes ao compor a partitura do balé Jeux, de 1913, coreografado pelo lendário russo Vaslav Niijinski.

Ao estruturar o que chamou de “um poema dançante”, Debussy dizia imaginar bailarinos se movimentando no palco à procura de uma bola de tênis (!).  Não por acaso, a cena se transformou na abertura do espetáculo.

Ouça o canto da torcida! 

Poucos sabem, mas foi o britânico Edward Elgar quem concebeu o primeiro canto original de uma torcida de futebol. Mais precisamente a do Wolverhampton Wanderers, seu clube de coração.

A ideia surgiu de uma manchete de jornal. Em fevereiro de 1898, ao comentar a atuação do atacante Billy Mallpass na goleada de 4 a 2 contra o Stoke City, a publicação anunciava: He banged the leather for goal (algo como Ele mandou a bola de couro para o gol”).

Elgar gostou da frase, musicou o trecho ao piano e passou a divulgá-lo no Estádio Molineux, do qual era habitual frequentador. Passados mais de 120 anos, ainda é possível ouvir os “lobos” entoando o presente deixado pelo seu ilustre torcedor.