Cultura para Todos – Mozarteum Brasileiro

Música, dança e histórias que inspiram

Apresentado por

Produção

Apresentado por

Mozarteum Brasileiro

Produção

TOP

Classicamente populares

Enquete rápida: como classificar uma playlist que reúna faixas de Chiquinha Gonzaga, The Doors, Ernesto Nazareth, Pink Floyd, Pixinguinha, The Animals, Radamés Gnatalli e Duke Ellington?

Se você pensou em “modo aleatório”, aí vem a surpresa: apesar da diversidade de gêneros e origens, todos se aproximam ao flertarem com a música clássica, utilizando sua influência e elementos em suas respectivas obras.

Em meio ao blues rock e à psicodelia do The Doors, por exemplo, é possível encontrar duas referências bem claras. Jim Morrison & cia. não só gravaram uma obra do barroco italiano – o Adagio em Sol menor, de Tomas Albinonicomo ainda cortejaram a Polonesa Heroica op.53, de Frédéric Chopin, ao citá-la na faixa Hyacinth House.

O Pink Floyd também foi direto ao ponto. Estruturado como uma verdadeira peça sinfônica, Atom Heart Mother surgiu a partir de experiências instrumentais e resultou num arranjo orquestral grandioso, cuja gravação incluiu seção completa de metais, violoncelo e coro de 16 vozes. O disco garantiu aos britânicos um convite inédito para se apresentar no Classical Music Festival de Montreaux e serviu de base para projetos ainda mais arrojados.

Outro nome de peso da época, o The Animals investiu na fusão enquanto contou com o guitarrista Vic Briggs em sua formação, entre 1967 e 1968. Apto a ler partituras, Vic foi promovido a arranjador e apresentou novas sonoridades à banda, incluindo o uso de cordas e metais. Faixas como Good Times  e All Is One são expoentes desta fase.

No Brasil

Por aqui, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth, ambos de formação erudita, fizeram com que o piano chegasse ao gosto do grande público. Graças ao sucesso de suas polcas, valsas, tangos e marchinhas, uma identidade musical mais original e eclética surgiu a partir do final do século 19.

Na trilha de seus precursores, Pixinguinha adaptou a sonoridade dos instrumentos de sopro europeus – primeiro a flauta, depois o saxofone – à variedade rítmica brasileira.

Seus sofisticados arranjos transformaram o choro em um dos gêneros mais celebrados da nossa música. Também lhe rendeu comparações com os gênios do jazz norte-americano (como Duke Ellington, que, por sinal, era admirador confesso de Ravel, Delius e Debussy) e um contrato como arranjador da RCA Victor, trabalhando com cantores populares que viviam seu auge, como Francisco Alves e Mário Reis.

Por fim, vale citar o maestro, pianista e compositor Radamés Gnatalli, não por acaso o sucessor de Pixinguinha no cargo da gravadora. À frente da Orquestra Carioca da Rádio Nacional, da Orquestra Brasileira e do programa Quando Os Maestros Se Encontram, entre outros, desempenhou um importante papel na consolidação deste bem-sucedido casamento entre o erudito e o popular.