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Como a tecnologia pode ajudar a democratização do acesso às cidades?
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Como a tecnologia pode ajudar a democratização do acesso às cidades?

AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 17 de setembro de 2021

Por Agência 99

A tecnologia se faz cada vez mais presente no dia a dia dos brasileiros. No transporte, não é diferente. Carros por aplicativo, mapas digitais com os melhores percursos, itinerário dos ônibus online são apenas algumas ferramentas à disposição.
Apesar das vantagens, alguns cuidados são necessários para promover a democratização do acesso às cidades, evitando assim que as inovações segreguem ainda mais a sociedade.
Por isso, a igualdade de locomoção não está apenas no transporte público de qualidade e com preço acessível, mas na liberdade de escolha. Superar determinadas barreiras, portanto, esbarra na necessidade de políticas de mobilidade urbana efetivas.
“A tecnologia vem adentrando todas as esferas da vida das pessoas em sociedade. Assim como outros fenômenos, apresenta pontos negativos e positivos”, afirma Glaucia Pereira, fundadora da Multiplicidade Mobilidade Urbana (MMU).
O instituto é dedicado em aprofundar os conhecimentos sobre o tema. Para isso, as pesquisas são feitas a partir de discussões metodológicas, cálculos de amostra, análise de dados quantitativos e documentos técnicos de referência.

Números

O acesso às inovações é um dos pontos primordiais para que ocorra a democratização. Dados, ao menos, comprovam que a tecnologia está cada vez mais presente no dia a dia. Segundo a pesquisa TIC Domicílios 2020, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), 83% das casas brasileiras possuem acesso à internet.
O resultado significa 12 pontos percentuais a mais que em 2019. Só para ter uma ideia, em 2014 esse número era de apenas 50%.
As diferenças começam a surgir com as comparações regionais. De acordo com o levantamento, o Sudeste possui o maior número de domicílios com internet: 86%. Na sequência estão as regiões Sul, com 84%, Centro-Oeste e Norte, ambas com 81%. Por sua vez, o Nordeste aparece com 79%. É lá, porém, onde ocorreu o maior aumento de pontos percentuais no período do estudo: 14.
Ainda de acordo com o levantamento, a banda larga fixa é a maior provedora do serviço, com 69% de presença nos lares, oito pontos percentuais a mais que em 2019. No entanto, o número de computadores nos lares ainda é baixo: 45%, um aumento de seis pontos em relação ao ano anterior.

Desafios

Mas se a internet chegou em boa parte dos lares dos brasileiros e também em seus smartphones, qual barreira ainda falta transpor? Certamente, a democratização do acesso às cidades não depende somente da existência da tecnologia. Por isso, algumas diretrizes precisam ser seguidas.

“Assim como todas as ações em mobilidade urbana, é importante que essa tecnologia seja calcada no objetivo da política nacional de mobilidade urbana de redução das desigualdades”, ressalta Glaucia.

Criada em 2012, a lei nº 12.587 estabelece a Política Nacional de Mobilidade Urbana. De acordo com o texto legislativo, ela foi fundamentada em princípios como: acessibilidade universal; equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo; eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços; segurança nos deslocamentos das pessoas; equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros, entre outros.

Barreiras

Assim como a necessidade da implantação de políticas públicas efetivas, outras barreiras precisam ser superadas para promover a igualdade na locomoção e sua consequente democratização. “Sabemos que o Brasil é um país extremamente desigual entre homens e mulheres, brancos e negros, ricos e pobres. E isso se reflete na mobilidade”, afirma Glaucia Pereira.

Segundo estudo da Multiplicidade, 70% dos domicílios formados por somente pessoas negras não possuem automóveis, ao passo que 38% dos domicílios formados por pessoas somente brancas estão nessa condição.

“Quando a pessoa não possui um automóvel ela pode andar a pé, de bicicleta, transporte coletivo ou ainda pode usar transporte por aplicativo, bicicletas compartilhadas, entre outros”, explica.

Nesse sentido, entra em prática o conceito de conexão entre os diferentes meios de transporte. “A interligação modal acontece quando a pessoa pode combinar dois ou mais modos para se deslocar”. Isso acontece, por exemplo, quando bicicleta ou carro podem ser ligados ao metrô.

Dependência

Outro fator importante para a democratização do acesso às cidades é a necessidade de garantir que as pessoas possam usufruir de diferentes meios de transporte. Só para se ter uma ideia, dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) demonstram que o segmento de ônibus atende 90% da demanda de transporte público coletivo.

A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) estima que o segmento responde por mais de 1,0% do PIB brasileiro, movimentando cerca de R$ 17 bilhões por ano. Isso considerando os sistemas de ônibus urbanos e metro-ferroviários.

Além disso, ainda somos muito dependentes das rodovias. Segundo a pesquisa Custos Logísticos no Brasil, da Fundação Dom Cabral, a malha rodoviária é utilizada em 75% dos escoamentos de produção. Em segundo lugar está o transporte marítimo, com apenas 9,2%.

Papel importante

Na busca por ferramentas para superar as barreiras, as soluções inovadoras surgem como aliadas para a democratização do acesso às cidades. Durante a pandemia, por exemplo, a tecnologia garantiu o suporte necessário principalmente para as pessoas que moram em regiões periféricas.

Estudo divulgado no Summit Mobilidade Urbana em 2020 mostrou que 20% dos cidadãos continuaram na ativa. Por sua vez, pesquisa Datafolha encomendada pela 99 no mesmo ano registrou aumento de 25% no número de corridas entre os mais pobres, que buscavam uma alternativa segura para evitar aglomerações ao seguir ou voltar do trabalho.

Glaucia Pereira explica que existem muitos atores envolvidos para facilitar o transporte. Para ela, além de facilitar o acesso aos ônibus por parte dos moradores da periferia, é preciso ainda garantir a liberdade de escolha.

“É função das políticas públicas em mobilidade urbana oferecerem transporte público de qualidade em todos os lugares, todos os dias e em todos os horários, com a tarifa barateada ao máximo, se possível zero. Além disso, o que pode contribuir na redução das desigualdades na mobilidade é todas as pessoas terem acesso efetivo e puderem pagar por sua locomoção nas cidades”, destaca.

Por fim, Glaucia Pereira acredita que quanto maior a disponibilidade, mais garantias as pessoas têm para decidir. “Logicamente, podem e devem existir o máximo de possibilidades para que a população se desloque. No entanto, isso não exime o poder público do ônus de criar e colocar em prática políticas públicas que ofereçam um transporte de qualidade às pessoas”, finaliza.

 

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