Em todos os países, as forças econômicas, digitais e culturais em rápida mudança estão moldando a vida dos jovens e seu futuro. Nesse cenário, o domínio de mais de um idioma está se tornando altamente necessário. No Brasil, um profissional bilíngue recebe até 61% a mais do que um monoglota, de acordo com a 53ª edição da Pesquisa Salarial da Catho, divulgada em 2017. Outro estudo, feito na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, mostrou que indivíduos bilíngues são mais capazes de se imaginar no lugar dos outros, o que ajuda nas relações e emoções.

Além disso, estudos mostram que pessoas que aprendem duas ou mais línguas ao mesmo tempo podem combinar conhecimentos disciplinares e modos de pensamento para fazer perguntas, analisar dados, explicar fenômenos e desenvolver uma posição sobre o espaço que os cerca, e tudo isso com um olhar mais global.

Por isso, oferecer um ensino de qualidade com a possibilidade de vivência em idiomas estrangeiros passou a ser um dos objetivos de muitas famílias brasileiras. Entretanto, por ainda ser novidade, muitos pais questionam sobre o quanto vale a pena colocar os filhos para estudar nesse contexto, e com qual idade isso deve ocorrer. Se você também tem dúvidas, confira a seguir as respostas para as principais perguntas sobre esse tema.

1. Qual a melhor idade para iniciar o ensino de outro idioma?

De acordo com Erica Coutrim, doutora em Linguística Aplicada e Educação e coordenadora dos cursos de Letras e Pedagogia na Universidade Unime, esse é um ponto ainda em discussão entre os pesquisadores. O fato concreto é que não existe um limite de idade para iniciar os estudos em outra língua. Tanto crianças quanto adolescentes e adultos podem se beneficiar da experiência. Contudo, as evidências mostram que, quanto mais cedo esse processo começar, mais natural será a aprendizagem. Para saber se a criança está pronta, a especialista recomenda usar o bom senso. “Defendo que o ensino de uma língua estrangeira em ambiente escolar só deve começar a partir do momento em que o aluno começa a estar à vontade para interagir com pessoas externas ao seu convívio familiar. É preciso ter o cuidado de observar individualmente cada caso”, destaca.

2. Meu filho nunca vivenciou outro idioma. Ele pode se beneficiar desse tipo de ensino?

“Certamente”, afirma Erica. A pesquisadora explica que um bom projeto pedagógico bilíngue irá fazer uma diferenciação entre os alunos. “A escola deverá propor atividades em que haja o maior tempo de imersão para os alunos que estão iniciando e não têm nenhuma vivência. Essa troca é vital para o processo”, defende. É importante lembrar que a instituição deverá oferecer espaço para que a língua estrangeira seja falada naturalmente. Diferentemente de uma aula comum de inglês, em que o estudante só pratica no horário reservado, na escola bilíngue ele deverá usá-la na maior parte das atividades, e precisa estar confortável para isso.

3. Qual a diferença entre o ensino de uma língua estrangeira e o bilíngue?

No primeiro caso, o idioma é aprendido fora do âmbito sociocultural (em aulas de inglês, por exemplo). Já no segundo, deve ser desenvolvido na vivência, seja em casa, seja em um país estrangeiro ou na escola. Além disso, as instituições devem garantir que o currículo básico brasileiro seja cumprido, independentemente do conteúdo que será dado em uma segunda língua, para que o aluno não tenha dificuldades no futuro.

4. Como motivar o aluno a aprender um segundo idioma?

Segundo Erica, que também é especialista na formação de professores bilíngues, diferentemente do que ocorre com os adultos, a criança que aprende outro idioma pode não ter motivação inicial direta, como trabalho, lazer ou estudos. “Os responsáveis definem que aprender uma língua estrangeira pode ser importante.” Para a docente, a escola deve ter o cuidado de investigar as características e interesses dos alunos de forma a facilitar sua motivação própria.

5. Quais devem ser os principais pontos de atenção ao escolher o colégio?

Antes de tudo, é necessário conhecer o projeto pedagógico da escola e questionar se características pessoais, competências, individualidade e aspectos cognitivos do aluno serão considerados. De acordo com Erica, não basta escolher uma escola pelo nome. “É preciso conhecê-la e acompanhar o desenvolvimento linguístico da criança na língua estrangeira. Ela deve estar feliz em aprender o novo idioma e se sentir segura.”