Jornada ESG

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Estadão Blue Studio

ESG vira oportunidade para empresas e profissionais de Relações com Investidores

O tema assumiu protagonismo estratégico no mercado, mas ainda exige esforços, como a necessidade de contratar especialistas, estabelecer métricas e avançar na padronização e transparência de dados

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10 de agosto de 2022

Getty Images

A atenção cada vez maior dada à temática ESG (sigla em inglês para temas relacionados a meio ambiente, social e governança) em empresas de vários tamanhos e áreas reverte-se em oportunidades para que as companhias melhorem as relações com seus investidores. Nesse processo de adesão à prática, organizações podem assumir um papel de liderança e se destacar no mercado.

No entanto, ao mesmo tempo que as corporações estão aumentando o interesse, o conhecimento e adoção das melhores práticas, ainda enfrentam grandes desafios. Para desenvolver o olhar para a questão ESG, existe uma necessidade de encontrar profissionais especialistas em RI (Relações com Investidores).  Nesse caso, investir em contratações é uma possibilidade. Também é preciso priorizar mais a comunicação, com a abertura de novos canais no trato com os investidores. A iniciativa tem como objetivo permitir que os temas de ESG assumam um papel ainda mais central na agenda das empresas.

A pesquisa “Contexto, mensagem e jornada ESG – Criação de valor pelos RIs”, elaborada pela Deloitte em parceria com o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), mapeou o tema em 63 empresas, 73% delas listadas em Bolsa no Brasil. Os dados mostram que a agenda ESG faz parte de um conjunto de assuntos que assumiu protagonismo estratégico na geração de valor para o negócio, uma vez que investidores  (e também consumidores)  valorizam o conceito por acreditarem ser os principais objetivos da organização. “A pauta ESG é vista como o grande vetor de oportunidades, o que revela que as organizações estão dispostas a abordá-la não como um entrave regulatório, mas sim como algo estratégico e central”, afirma Reinaldo Oliari, sócio de Audit & Assurance da Deloitte.

No entanto, apesar da relevância do assunto, o especialista destaca que ainda há um caminho a percorrer. “Um maior entendimento dos impactos sociais e ambientais nas cadeias de produção, o estabelecimento de métricas e os avanços em termos de padronização e transparência de dados são fatores essenciais para uma melhor comparabilidade, análise e tomada de decisão de investimentos”, aponta.

No relatório, quando questionadas sobre quais consideram suas principais oportunidades no cenário global, 68% das empresas brasileiras indicaram que assumir uma liderança em ESG representa o principal meio de destaque entre os investidores. Entre os profissionais de RI que atuam especificamente nessa área, 70% disseram que a dedicação à pauta oferece a possibilidade de obter maior protagonismo no mercado.

Os profissionais entrevistados também identificaram importância em tópicos como estreitamento da governança dos negócios (65%), adoção de técnicas de amadurecimento em gestão de crises (51%) e adoção de novas tecnologias para acompanhamento do desempenho da empresa (51%). Foi mencionada também como item importante a atração de investidores internacionais (56%), além da atenção aos novos ambientes híbridos de trabalho (48%).

Caminhos a percorrer

Um dos principais dados evidenciados pelo estudo mostra que a grande maioria, ou 87% das empresas listadas em Bolsa, aumentou tanto o envolvimento quanto o conhecimento sobre o ESG. Da mesma forma, as organizações entrevistadas disseram que as questões sociais e ambientais são discutidas com regularidade em suas reuniões de Conselhos de Administração. Também chama a atenção que 60% pretendem aumentar o orçamento para ESG neste ano.

Entretanto, alinhar essa necessidade ao objetivo estratégico do negócio é justamente o ponto que ainda necessita de um maior foco, além do aperfeiçoamento nas ações de acompanhamento e avaliação de progresso. A boa notícia é que as empresas estão atentas a esse ponto: 80% disseram que pretendem aprimorar seus relatórios existentes ou mesmo criar uma linha de indicadores, se ainda não o fizeram. Mas há desafios identificados até mesmo em meio a esse processo de melhoria, como falta de: padronização dos dados (51%), equipe especializada (27%) e ferramentas para coleta de informação (27%), além da materialidade financeira de métricas (27%).

“É indiscutível a relevância que os temas relacionados a ESG vêm ganhando e transformando rapidamente as organizações. O desafio agora é aprimorar a sinergia entre as áreas, a estruturação de pessoal e processos, a agilidade nas oportunidades de novos negócios, o atendimento às expectativas dos stakeholders e de mercado e adequar atendimento a demandas, analisa Alex Borges, sócio de Regulatory Support & Strategic Risks da Deloitte. De acordo com ele, essa necessidade se refletirá na atualização do propósito da empresa, na definição clara das metas/objetivos a serem atingidos e na transferência tempestiva e periódica ao mercado.

 Aumenta a importância dos especialistas em RI

Quando se trata da área de Relações com Investidores, as empresas respondentes também têm dificuldades na estruturação do processo de adesão ao ESG. Organizar essa área na empresa, considerando procedimentos, políticas e definição de papéis e responsabilidades, é o principal desafio (50%) entre as empresas listadas na Bolsa. Na sequência, foi apontada com destaque a necessidade de direcionar maior atenção a uma comunicação inovadora, disruptiva e diferenciada (38%), além de maior interação com investidores (38%).

Falando dos ganhos, quase metade das empresas (49%) viu aumentar, no último ano, a participação de líderes de RI nas decisões estratégicas e, em reforço a esse dado, 76% das empresas afirmaram que a capacidade de influência no mercado acerca da estratégia é uma habilidade importante para definir uma liderança de RI de sucesso.

Desafios de comunicação

Com o aumento expressivo de pessoas físicas como investidores importantes na Bolsa, 86% das empresas participantes da pesquisa identificaram a necessidade de intensificar novas formas de comunicação voltadas a esse público. “Embora os agentes institucionais tenham maior relevância entre os acionistas das organizações, o volume, a capilaridade e a diversidade de investidores como pessoa física fazem com que esse grupo, cada vez mais, seja visto como influente sobre o valor da empresa”, destaca Rodrigo Luz, membro do Conselho de Administração do Ibri. “Isso reforça a necessidade das companhias se estruturarem para o atendimento do novo público. O desafio se torna maior ainda para profissionais de Relações com Investidores, pois precisarão ter ferramentas e meios específicos para se comunicarem com o investidor individual sem deixar de lado o institucional”, afirma. “Comunicação segmentada para diferentes públicos é o caminho para redução da assimetria informacional”, conclui Rodrigo Luz.

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