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27 de abril de 2022
Poucos eventos na história recente desafiaram a área de controladoria na mesma proporção que a pandemia – as circunstâncias testaram os controllers com o objetivo de entregar valor às suas organizações em meio às incertezas e transformações financeiras significativas.
A ruptura trouxe muitos desafios, mas também ofereceu uma oportunidade única para que controllers estratégicos e líderes financeiros examinassem as lições aprendidas com a experiência de uma rápida transformação em curso e repensassem o funcionamento de muitos aspectos, para que fosse possível elevar a importância da controladoria e entregar mais valor em um mundo pós-pandêmico.
Agora é um ótimo momento para repensar a operação de controladoria – ao refletir sobre a evolução da função em questão, provocada pela disruptura e pelas lições aprendidas ao longo da pandemia, os controllers puderam delinear uma nova estratégia em torno de insights importantes, decidindo o que eliminar, o que começar e o que acelerar para atualizar e reposicionar a controladoria para o futuro.
Lições aprendidas
No início da pandemia, a controladoria teve de evoluir à medida que priorizou recursos e ajustou operações a fim de manter a função em um ambiente em rápida evolução e com muitas variáveis desconhecidas. Embora estivéssemos lidando com operações diárias, muitas vezes não era possível enxergar além da videoconferência – quase dois anos depois, abre-se espaço para averiguar possíveis lições aprendidas dessa experiência e que podem ser valiosas para a atualização da função de controladoria.
Construindo uma forma diferente de trabalhar
O isolamento social e a transição da colaboração presencial para ambientes de trabalho virtuais mudaram a forma como as organizações atuam e conduzem seus negócios. A mudança repentina ensinou mais do que utilizar aplicativos de videoconferência. Foi possível aprender que a inovação e as novas tecnologias possibilitam a colaboração e um processo de trabalho remoto efetivo.
A tecnologia permitiu que organizações trabalhassem de forma diferente, mas também revelou que a inovação possibilita que as atividades sejam realizadas em ambientes diversos. Em meio a toda essa disruptura, ainda foi possível continuar com as principais atividades de transformação e com iniciativas estratégicas mais amplas. Talvez, a principal lição que se possa extrair em fazer o trabalho de forma diferente é que ainda é possível trabalhar em muitos ambientes com inovação, sem perder o foco no panorama geral.
O que foi aprendido com adaptação e mudança
Durante esse período de mudanças e disrupturas significativas, o negócio e a forma de trabalhar não foram os únicos aspectos que mudaram; a força de trabalho também passou por uma transformação desafiadora, destacando importantes lições aprendidas nesse período.
À medida que as equipes se adaptavam ao ambiente de trabalho remoto, a relação entre casa e trabalho ficou confusa e, embora o encontro entre o universo pessoal e profissional possa ter passado por ajustes, destaca-se a importância do lado humano no trabalho, incluindo o bem-estar dos membros da equipe, o equilíbrio entre ambos os universos, a empatia, a diversidade e a inclusão. Com a proximidade física limitada, a colaboração e a comunicação tornaram-se ainda mais importantes para que as equipes permanecessem resilientes.
Além dos números
A pandemia trouxe consigo um ambiente global imprevisível e um futuro incerto, o que diminuiu o valor de relatórios financeiros que expõem informações históricas e aumentou a necessidade de relatórios em tempo real, incluindo análise de dados e previsão preditiva. Ao encontrar novas maneiras de levantar os dados desejados e novos modelos de forecast (ou previsão de custos, em português), a área de controladoria pôde gerenciar diversas visões e cenários plausíveis a fim de permanecer ágil e resiliente em meio a um futuro imprevisível.
Aperfeiçoar os dados e o valor das informações para direcionar decisões mais eficazes em diversos cenários também significou ir além das informações contidas no Livro Razão (livro contábil que tem a finalidade de demonstrar a movimentação analítica das contas contábeis escrituradas no Livro Diário de forma individualizada) para insights mais significativos, com dados selecionados de fontes complementares.
Insights táticos para repensar a controladoria
Com as lições aprendidas durante a pandemia, as organizações puderam redefinir as prioridades de suas atividades – decidindo o que eliminar, o que começar, o que automatizar e o que ampliar – para otimizar a função de controladoria. Por exemplo, uma organização decidiu manter a tecnologia previamente adotada para gerenciar o processo de fechamento virtual, mas eventualmente automatizou totalmente a gestão do processo de fechamento e integrou um programa moderno de riscos e controles. Outro exemplo é uma organização que está desenvolvendo maneiras para melhorar os dados e insights a fim de criar modelos de informações mais eficientes, focando o planejamento de cenários.
Abaixo estão alguns exemplos sobre o que uma organização pode querer iniciar, automatizar, amplificar ou eliminar em uma renovação da controladoria:
Iniciar
- Desenvolvimento de profissionais a partir de habilidades sob demanda, como visualização de dados e storytelling (narrativa, em português), ciência e análise de dados, parceria de negócios e gerenciamento de inteligência artificial (IA);
- Novas atividades para atender às necessidades em constante mudança, como planejamento de cenários, fluxo de caixa em tempo real, e análise e previsão de capital de giro;
- Uma estrutura organizacional mais flexível, removendo barreiras na área de finanças.
Automatizar
- Processos transacionais manuais usando automação inteligente;
- Gerenciamento de processo de fechamento;
- Programa moderno de riscos e controles.
Amplificar
- Ferramentas de colaboração e relatórios adotados durante a pandemia;
- Foco no profissional, engajando-o e promovendo a formação de equipes;
- Diversidade e inclusão.
Eliminar
- Algumas atividades de baixa utilidade e de trabalho intensivo, substituindo-as por soluções robóticas;
- Atividades com base em limites de materialidade, racionalizando-as para um conjunto menor de relatórios-chave.
Embora a disruptura tenha introduzido desafios, também ofereceu uma oportunidade para os líderes repensarem e reposicionarem sua forma de operação – é uma oportunidade para considerar maneiras de promover o valor estratégico da controladoria.
— por David Cutbill, diretor do Centro de Controladoria da Deloitte
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