Jornada ESG

Produção

Estadão Blue Studio

Empresas avançam na gestão de riscos durante a crise

Apesar do progresso, temas como mudanças climáticas, cadeias de fornecimento e disruptura tecnológica ainda representam desafios para as organizações

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3 de março de 2022

A pandemia gerou nas empresas uma necessidade muito maior de implementar processos eficazes de gestão de riscos, uma vez que diferentes tipos de ameaças passaram a estar muito mais próximos dos ambientes corporativos.

A pesquisa “Cinco Pilares de Riscos Empresariais 2022”, realizada pela Deloitte a cada dois anos, mostrou que, apesar dos avanços em diversos pontos, as organizações que atuam no Brasil ainda têm muitos desafios a vencer.

A crise evidenciou a necessidade estratégica do preparo cada vez mais eficiente para o gerenciamento de riscos não apenas nas principais áreas de atividade, a financeira e a operacional. Aumentaram, também, as preocupações pertinentes aos grandes temas de impacto sobre os negócios, como ESG e cadeias de fornecimento.

Segundo Alex Borges, líder da prática de Regulatory Support & Strategic Risk da Deloitte, esse novo cenário destacou a necessidade de transformação e fortalecimento do processo de gestão de riscos – tudo para que as empresas ganhem uma visão mais abrangente e integrada do próprio negócio e que também estabeleçam processos para a identificação de riscos emergentes. “Acredito que ESG é um agente fundamental para ser incutido na cultura da empresa, por meio de ações estruturadas e sinérgicas de grande efeito em toda a organização”, aponta.

Ao mesmo tempo, todos esses ainda são temas com os quais as empresas têm dificuldades em lidar. O gerenciamento desses pontos precisa melhorar – e, de acordo com a pesquisa, a longo prazo, fatores de risco envolvendo mudanças climáticas, comportamento populacional, cadeias de fornecimento e disruptura tecnológica aparecem como um forte desafio às corporações.

Riscos financeiros ainda são prioritários para organizações

De forma geral, o levantamento revelou que as organizações se mostram preocupadas, em sua maioria, com as questões envolvendo os vários pontos de uma boa gestão de riscos. Isso significa que elas não estão paradas, mas sim atentas às mudanças e aos impactos causados pela pandemia à economia global.

Os riscos financeiros ainda são os principais pontos acompanhados pelas empresas. Eles continuam a ser monitorados bem de perto por metade (50%) das 130 organizações que responderam à pesquisa. Os indicadores métricos das empresas também são mais focados nas ameaças referentes à área de finanças (57%) – demonstrações financeiras, aderência a regras, endividamento e fluxo de caixa. Para efeito comparativo, o estudo da Deloitte mostrou que as áreas que lidam com riscos cibernéticos aparecem com menor grau de conhecimento e administração (presente em apenas 38% das empresas participantes).

“Diante dos desafios que as empresas já previam, da rápida evolução do mercado e com o aumento da complexidade de riscos com a chegada da pandemia em todo o mundo, é mais do que essencial as empresas aprimorarem a estrutura de governança, por meio de uma integração de práticas, das funções de gestão e de estratégias alinhadas com as novas e possíveis interferências nas mais diversas áreas. As empresas devem ir além do cumprimento de normas e buscar também gerar valor para o negócio e para todas as partes interessadas”, declara Camila Boretti, sócia e líder da prática Accounting & Internal Controls da Deloitte.

O impacto das novas tecnologias na gestão de riscos

No período analisado, a maior parte das organizações pesquisadas continuou a intensificar a estruturação de áreas específicas de gestão de risco: 57% delas adotam a metodologia Enterprise Risk Management (ERM) integrada, que identifica e aborda os potenciais eventos que representam ameaças para a realização de objetivos estratégicos ou para obtenção de vantagem competitiva.

Mais da metade (54%) tem critério unificado na classificação de impacto de riscos, enquanto 53% adotam um dicionário unificado de riscos – práticas consideradas positivas e favoráveis a uma boa resposta a eventuais pontos de atenção. A pesquisa ainda apontou que 23% apresentam matrizes de riscos e controles mapeadas e atualizadas, e 30% consideram um desafio a criação de uma metodologia eficiente de gestão de riscos.

A tecnologia também manteve seu papel de ser uma das principais aliadas nos processos de gestão – habilitando a integração com outras áreas da empresa, possibilitando o acompanhamento contínuo dos fatores de risco no dia a dia, fornecendo o acesso à inteligência artificial e a formas alternativas de captura de informações para analisar situações de forma preditiva e automatizando a geração de relatórios.

Inclusive, são esses relatórios periódicos de fatores de riscos que apoiam a tomada de decisão por diretorias e conselhos. O estudo da Deloitte revelou que dois terços das empresas participantes fazem tais reportes regularmente aos conselhos de administração – com destaque para 24%, que o fazem todos os meses, e 22%, que executam a medida a cada três meses.

 Gestão de crises com papéis definidos

Apesar de apenas 29% das empresas terem realizado um simulado de crise entre 2019 e 2021, as organizações se mostram bem atentas a alternativas para minimizar os riscos.

O estudo aponta que 81% das organizações têm uma definição bem clara de papéis e responsabilidades entre os profissionais. Aparecem ainda com destaque o monitoramento contínuo de potenciais cenários de crise (63%) e a utilização de métodos, controles e planos de gestão de crises (54%).

Por outro lado, o estabelecimento de meios de controle eficientes e medidas de contenção rápidas, para responder a eventuais incidentes, é um ponto que ainda requer um melhor endereçamento por parte das empresas.

 

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