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Estadão Blue Studio

Mercado vê operações de M&A com otimismo cauteloso

A expectativa é de que haja uma melhora em processos de fusões e aquisições em 2022

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11 de outubro de 2021

Um sentimento de “otimismo cauteloso” vem predominando entre executivos e investidores quando o assunto são fusões e aquisições (M&A, do inglês mergers and acquisitions) no mercado brasileiro. De acordo com levantamento feito pela Deloitte, os principais atores do mercado esperam, em geral, que as operações cresçam a partir deste ano, somadas à esperança de recuperação econômica do Brasil se consolidando em 2022.

Entre as principais conclusões da pesquisa “Panorama de M&A no Brasil 2021” – que entrevistou mais de 100 executivos seniores à frente de empresas brasileiras em vários setores que realizaram ou estão planejando realizar atividades de M&A –, 71% declararam acreditar que as fusões e aquisições cresçam já a partir deste ano, sendo que 95% destes acreditam em um crescimento em 2021 em relação a 2020. Os números parecem se confirmar, visto que o volume de transações até o momento está cerca de 16% mais alto que no mesmo período do ano passado. Já outros 33% consideram que as atividades só terão crescimento a partir de meados do ano que vem.

Em geral, o ambiente é favorável para as organizações que desejam executar atividades de M&A, explica Venus Kennedy, líder de Strategy, Analytics e M&A da Deloitte. Para ela, no mercado brasileiro há grandes oportunidades. “Além disso, temos um enorme potencial devido aos unicórnios emergentes nos setores de tecnologia, bancos e real estate”, afirma. “Há uma taxa de câmbio atraente e aumentos previstos de valor de ativos, o que faz com que o Brasil possa contribuir significativamente com o montante global de ofertas públicas iniciais (IPOs), transações e volumes de negócios ao final de 2021 e em 2022.”

Um dos pontos fundamentais a se analisar no cenário das companhias que pretendem adquirir outras empresas ou mesmo se fundir é a questão do impacto das receitas provocado com a covid-19. Nesse aspecto, o estudo da Deloitte revelou que houve uma variação entre os entrevistados, mas 30% tiveram aumentos de 10% ou mais. “Isso sugere que a maior parte das empresas conseguiu manter as receitas estáveis na crise”, avalia Venus.

Tecnologia é a área de maior interesse

Além desse certo otimismo nas receitas, o Brasil aparece como grande celeiro de oportunidades de M&A, em especial entre empresas de tecnologia. As emergentes são as que mais chamam atenção das companhias, na medida em que buscam incorporar operações relevantes de transformação digital para manter a importância no segmento.

A Deloitte apontou que 64% dos executivos busca o Brasil em primeiro lugar para planejar operações de M&A, com otimismo em torno das avaliações regionais de ativos e do setor de tecnologia – e 41% dos entrevistados planejam adquirir empresas na área.
Entre as demais atividades que apareceram com destaque no estudo, 24% dos profissionais pesquisados indicaram interesse em atividades de M&A no setor de manufatura. Em seguida, apareceram com destaque saúde (17%), negócios de consumo (16%) e infraestrutura e serviços financeiros, ambos com 13% cada, no foco dos investidores e empresas respondentes.

A executiva da Deloitte também destaca que, apesar de as receitas terem se mantido relativamente estáveis em alguns setores no Brasil – entre eles tecnologia, mídias e telecomunicações, saúde, agronegócio e imobiliário –, as empresas se viram obrigadas a cortar custos.

“As organizações procuraram medidas de corte de custos que levaram a um aumento de empresas altamente capitalizadas no mercado, e isso acabou sendo um motor para um aumento na atividade de M&A”, explica Venus.

A maioria dos entrevistados, 62%, também declarou que o ambiente político atual é desfavorável à realização de atividades de M&A, mas, em se tratando da economia, os dados foram diferentes: cerca de metade (48%) acredita que o andamento do cenário econômico é favorável à estratégia de M&A em sua organização.

Abertura de capital como ponto de partida

Planejar ou participar de operações de M&A também é fator que leva muitas organizações a realizar a abertura de seu capital na bolsa, fazendo suas IPOs.

Isso implica, necessariamente, que as companhias arquem com custos para a manutenção de sua operação. Esses valores, no entanto, são compensados por diversos benefícios, como maior visibilidade no mercado, melhoria de controles e processos de governança e oportunidades de captar recursos financeiros mais facilmente e com menor custo.

Outro levantamento feito pela Deloitte, denominado “Custos de operação como companhia aberta”, com 51 empresas listadas na bolsa brasileira, em parceria com a B3, mostrou que boa parte das corporações realiza suas IPOs motivadas por preparação para futuros processos de M&A – 36% dos respondentes da pesquisa afirmaram que se estruturar para futuras fusões e aquisições estava entre os principais motivos para a abertura de capital da empresa.

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