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Estadão Blue Studio

Empresas mostram-se mais maduras para enfrentar recessão

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28 de junho de 2018

As empresas no Brasil têm superado desafios e buscado se reinventar para garantir posicionamento no mercado, mesmo durante a crise, período não somente marcado por incertezas políticas e recessão econômica, mas de grandes lições e nítido avanço em termos de governança.

“Percebemos um amadurecimento na postura das empresas quando analisamos as suas estratégias de sobrevivência, em meio a períodos de instabilidade econômica. Hoje, é visível que as companhias já fazem uso de diversas práticas para se manterem ativas e competitivas no mercado, como a reorganização de suas operações e reestruturação de suas dívidas”, comenta Luis Vasco, sócio-líder da área de Reestruturação Empresarial da Deloitte.

Vasco descreve brevemente o período de 2012 a 2017: “além da crise, tivemos um olhar mais atento e de combate à corrupção e importantes transformações e movimentos sociais em decorrência deste cenário. Todos esses elementos pedem respostas rápidas das organizações e é importante entender como as empresas lidam e lidaram com essas mudanças, como se viram impulsionadas a isso”, diz.

Esta conclusão faz parte da pesquisa “Reestruturação empresarial e comunicação com investidores: Amadurecimento em meio à crise”, realizada pela Deloitte em parceria com o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI). O estudo aponta que tanto os profissionais de RI quanto as empresas atuantes no País estão mais maduros para enfrentar situações provenientes de uma economia adversa.

Reestruturação como caminho

Frente aos desafios, os representantes das empresas que participaram do estudo já compreendem que a reestruturação – sendo ela de sua estratégia, operacional ou financeira – pode ser uma das principais iniciativas para se manterem ativas, além de considerarem a negociação de contratos e dívidas junto aos seus credores e devedores, tais como clientes inadimplentes e fornecedores, para sobreviverem à crise.

Outro indicador levantado pela pesquisa revela que as empresas incrementaram suas renegociações de dívidas de seus clientes entre 2012 a 2017, priorizando aquelas dos clientes inadimplentes e com fornecedores, em detrimento daquelas com instituições financeiras ou o Fisco. Em um recorte mais recente, entre 2015 e 2017, 59% das empresas aumentaram a renegociação de dívidas dos inadimplentes – movimento que repete a tendência observada de 2012 a 2014.

No tocante às dívidas com fornecedores, cerca de 45% intensificaram as negociações no mesmo período. Para o curto prazo, 57% das empresas acreditam que as negociações dos clientes inadimplentes vão aumentar entre 2018 e 2020, enquanto 46% dos respondentes pretendem mirar as renegociações com fornecedores.

Compliance e comunicação: muito além de um diferencial

Ao longo dos últimos anos, as empresas claramente têm buscado ficar mais produtivas. “As empresas de capital aberto investiram em Compliance e Gestão de Risco, passaram a olhar com mais atenção para a área de Controles Internos e a mensurar melhor seus riscos”, explicou. “O Compliance não pode ser visto apenas como diferencial às empresas hoje, mas sim fazer parte do seu DNA”. 

Guilherme Setubal Souza e Silva, diretor-presidente do IBRI, concorda: “em cenários de estresse, é preciso estar melhor preparado para os desafios. As empresas perceberam essa nova realidade, dedicando-se mais a Compliance, Controles Internos e Gestão de Riscos”.

Vasco e Setubal orientam, também, sobre a necessidade de aperfeiçoar continuamente a comunicação com o mercado. “Para gerar confiança e evitar incertezas, deve-se investir na comunicação clara, direta e transparente com stakeholders (comunidade, clientes, fornecedores, funcionários, investidores, consumidores etc.). A comunicação precisa ser eficiente e tempestiva, ter respostas claras e objetivas”, explicou Vasco.

Setubal, do IBRI, aproveita para destacar o papel do profissional de RI (Relações com Investidores) neste contexto. “O RI precisa mostrar valor, reforçar que o investimento vale a pena. Este profissional não traz novas receitas, mas ajuda a evitar perdas, de forma bastante significativa. Traz estabilidade, sobretudo nos momentos de crise”.

Perspectivas: otimismo, apesar das dificuldades

O estudo mostra que, entre 2018 e 2020, o cenário previsto é de endividamento em queda, sinalizando que empresas, a curto prazo, não pretendem fazer novos investimentos. “Se as empresas continuarem tirando boas lições da crise, incorporando no seu DNA, serão muito mais produtivas daqui para a frente”, destaca Setubal.

Vasco concorda e complementa: “empresas estão, claramente, cumprindo muito bem o seu papel. Precisamos, no entanto, de mudanças estruturais no Brasil (referindo-se basicamente às Reformas da Previdência, Tributária e trabalhista). Só assim teremos um crescimento sustentado. O avanço esperado de 2% para o PIB é muito baixo, marginal. Estamos vivenciando períodos de voos curtos, este cenário precisa mudar”.

O estudo mostra que, sem se prender ao passado recente difícil, as empresas olham para o futuro com otimismo: 92% acreditam que conseguirão aumentar sua receita líquida, e 80% delas planejam aumentar os ativos permanentes, um claro indício de que estão mais confiantes na retomada do crescimento do PIB para realizar seus investimentos.

Como conclusão, ambos destacaram a importância de inovar, buscar caminhos: “Se a empresa não se reinventar, seu cliente parte em busca de novos produtos”, disse Setubal. “Nos próximos quatro anos, certamente veremos receitas nas empresas provenientes de serviços/produtos que nem existem hoje. Inovação é essencial para os negócios”, declara Luis Vasco.

Para acesso ao Centro de Governança Corporativa Deloitte, visite:

https://www2.deloitte.com/br/pt/pages/governance-risk-and-compliance/topics/dttl-global-center-for-corporate-governance.html

Para acesso à íntegra da Pesquisa Deloitte:

https://www2.deloitte.com/content/dam/Deloitte/br/Documents/finance/amadurecimento-em-meio-crise-deloitte-ibri-2018.pdf

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