Jornada da Sustentabilidade

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Estadão Blue Studio

Bancos aceleram investimentos em tecnologia com olhar especial para IA e experiência do cliente

34ª Pesquisa Febraban-Deloitte mostrou que tendência observada nos últimos anos, agora se consolidou de vez

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24 de abril de 2025

O setor bancário brasileiro segue evoluindo e mantendo uma posição de vanguarda quando o assunto é inovação tecnológica – impulsionado pela crescente demanda por serviços digitais personalizados. Em um mercado definido pela forte transformação e alta concorrência, a exigência é de altos investimentos.

De acordo com o primeiro volume do relatório da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025, produzida em conjunto com a Deloitte, as instituições financeiras vêm mantendo um aumento no aporte em tecnologia – tendência observada nos últimos anos e que finalmente se consolidou.

Os focos dos investimentos em inovação tecnológica, que está moldando o futuro do setor, estão em áreas como inteligência artificial generativa, cloud (computação em nuvem), segurança cibernética e gestão de pessoas, de acordo com especialistas que participaram da formatação da pesquisa e estiveram presentes em uma transmissão especial na TV Estadão: Carolina Sansão, diretora de Inovação, Tecnologia e Cyber na Febraban; Rodrigo Mulinari, diretor da Pesquisa de Tecnologia Bancária Febraban e diretor de Tecnologia do Banco do Brasil; e Sérgio Biagini, sócio-líder da Indústria de Serviços Financeiros da Deloitte.

De acordo com os dados do levantamento, os bancos brasileiros planejam investir um total de R$ 47,8 bilhões em tecnologia em 2025, representando um aumento de 13% em relação ao ano anterior – recursos focados em escalabilidade, inovação e eficiência. Uma infraestrutura robusta é essencial para suportar as novas tecnologias e modelos de negócio, mostra o estudo.

“Essa pesquisa conta praticamente a história da tecnologia bancária brasileira, que tornou o nosso setor financeiro um dos mais avançados do mundo. E muito tem a ver com esse investimento em tecnologia. Se olharmos para os últimos cinco anos, tivemos um crescimento total de 58% nesses investimentos. E a estimativa para esse ano é aumentar ainda mais”, apontou Mulinari.

O executivo destaca que a nuvem, em diferentes modelos – público, privado ou híbrido –, é fundamental para hospedar e rodar aplicações de IA, sendo um dos grandes pontos que impulsionam tal aumento.

“Quando olhamos onde está sendo feito esse investimento, impulsionado principalmente pela inteligência artificial generativa e pela nuvem, 89% dos bancos pretendem aumentar os recursos destinados à operação de cloud. Outro dado: 61% dos bancos estimam aumentar também o investimento em inteligência artificial e big data analytics. Com foco em atender cada vez mais pessoas no digital, na inovação das soluções e na eficiência – o que reflete na melhoria da experiência do cliente.”

Quase 100% das instituições já empregam IA

Um dos principais destaques da pesquisa foi o dado que aponta a quase totalidade das instituições utilizando IA generativa, com o objetivo de automatizar tarefas, personalizar o atendimento ao cliente, otimizar a análise de dados e desenvolver novos produtos e serviços.

“É uma capacidade que está permeando toda a organização, todas as funções, processos e que tem sido altamente priorizada pelos bancos, independente do porte, do segmento ou setor de atuação”, analisa Biagini, da Deloitte.

“Quando falamos de nível de maturidade, temos pelo menos 65% dos bancos já explorando em uma forma inicial, com algum tipo de piloto, a inteligência artificial; 20% já de uma forma escalada, bem estruturada; e 10% aplicando de uma forma muito intensa, de maneira mais otimizada. É uma curva de maturidade muito grande, inclusive em relação ao ano passado”, disse ele.

Falando de aplicações, o executivo da Deloitte ressaltou as principais frentes de utilização da inteligência artificial, tanto internamente quanto na relação com os clientes. “Tanto a eficiência operacional quanto a interação com o cliente são as duas frentes mais maduras, onde vemos maior quantidade de casos de uso sendo aplicados”, explicou. “Por exemplo, a detecção de fraudes, os próprios chats e toda a parte de onboarding de clientes. Isso são casos típicos.”

Biagini apontou ainda que a chamada GenAI (inteligência artificial generativa) vem sendo largamente utilizada em aplicações internas.

“Temos prioridade na parte de atendimento e no desenvolvimento de sistemas, na eficiência em operações, processos e na própria personalização. E vemos coisas diferentes, como a criação de conteúdos: 40% dos bancos estão priorizando ações relacionadas a isso. E certamente o valor percebido é a velocidade, a agilidade, a melhoria dos serviços criados e a redução de custos.”

A medição da eficiência com o uso da IA vem ganhando atenção das instituições – e a pesquisa Febraban trouxe dados relevantes sobre como os bancos estão mapeando os resultados. Houve um aumento médio de pelo menos 11% de ganho de eficiência em processos, independentemente do tipo de aplicação. E, em pelo menos 40% dos bancos, os índices de eficiência melhoraram acima de 20%.

Cibersegurança ganha ainda mais atenção com aplicações da inteligência artificial

Em meio a essa transformação digital intensa pela qual passam as instituições, a questão da cibersegurança se torna ainda mais estratégica. Com o avanço das tecnologias, crescem também os riscos e, por consequência, aumenta ainda mais a atenção dos bancos sobre esse tema.

Mais uma vez, aqui a IA tem papel de protagonismo absoluto, explicou Carolina. “A inteligência artificial tem desempenhado um papel central na cibersegurança dos bancos. Hoje, cerca de 80% das instituições já a utilizam para detectar fraudes, combater práticas como lavagem de dinheiro, por exemplo. E, além disso, 70% aplicam essa tecnologia para proteger sistemas contra ciberataques.”

Em um cenário de aumento das ameaças, os bancos buscam o que há de melhor e mais inovador sobre o tema, de acordo com a executiva, “Tudo para realmente elevar a maturidade e proteger os ambientes utilizando a IA.”

“A estratégia do setor é clara: combinar a automação e práticas de resiliência para garantir respostas mais rápidas e mais eficazes a qualquer tipo de ameaça. Isso não só para detectar os riscos em tempo real, mas também antecipar padrões de comportamento suspeito com mais precisão”, acrescentou Carolina.

No debate na TV Estadão, os especialistas discutiram ainda temas como uso de cloud; mudanças no perfil dos colaboradores diante da intensa digitalização; e os temas que mais devem ter atenção no futuro. Você acompanha a transmissão novamente, na íntegra, clicando aqui.

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