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16 de julho de 2025
Seja por questões regulatórias ou por necessidade de negócio, muitas empresas hoje precisam publicar relatórios de sustentabilidade, demonstrando o impacto de suas ações nos âmbitos social, ambiental e econômico. Mas cuidar dessa tarefa não é simples. Segundo o 2022 CxO Sustainability Report, da Deloitte, mais de 1.800 leis e políticas climáticas já foram adotadas globalmente, e dois terços da população mundial acreditam que os governos deveriam fazer mais para combater as mudanças climáticas.
Para enfrentar esse desafio, a Deloitte combinou sua expertise com a tecnologia da Salesforce para criar o Greenlight, uma solução capaz de não só mensurar os resultados de ações de sustentabilidade, mas também reportá-las para o mercado de maneira satisfatória, centralizando todos os dados de emissões de CO₂e e calculando com base nos fatores de emissão globais e locais.
“Normalmente, os dados não estão em um lugar só e, em muitos casos, a informação pode estar parada em uma planilha no laptop de alguém. Além disso, o emaranhado regulatório que envolve o tema é enorme – e a quantidade de informações para serem analisadas pode levar as organizações a uma paralisia total”, destaca Luís Galito, sócio na Deloitte Estados Unidos e líder global da solução Greenlight. Isso é especialmente relevante, considerando que 89% dos executivos reconhecem a emergência climática global e 71% sentem pressão de investidores para agir, segundo o mesmo relatório da Deloitte.
A plataforma permite não apenas concentrar os dados pertinentes para o tema para satisfazer necessidades e padrões, mas também centralizar a gestão e extrair resultados. “Ter os dados corretos e bem tratados é um primeiro passo, mas a partir deles é possível acompanhar a evolução, mudando a gestão e gerando retornos para as empresas, seja reduzindo o consumo de energia ou até mesmo criando novas linhas de receita”, afirma Galito. Empresas com programas de sustentabilidade de produtos, por exemplo, conseguem reduzir em até 64% os custos logísticos e da cadeia de suprimentos, de acordo com o relatório Sustainable Finance Survey da Deloitte.
Ele cita como exemplo o caso da indústria química americana Eastman, que criou uma nova unidade de negócios avaliada em centenas de milhões de dólares com base na reciclagem de materiais químicos utilizados pela própria empresa. “É mais uma prova de que a sustentabilidade é essencial para os negócios”, ressalta.
Solução é modular e atua em cinco frentes diferentes
De acordo com Galito, o sistema Greenlight auxilia as empresas em cinco pilares. O primeiro pilar é a coleta e tratamento dos dados, identificando em fontes diversas – como softwares de gestão de cadeia de suprimentos ou de gestão de clientes – as informações necessárias para avaliar a sustentabilidade da organização.
Uma vez que os dados estão reunidos, a plataforma também permite gerar análises, com base em tecnologias como analytics e big data – usando a estrutura da Salesforce. “De posse dessas informações, é possível gerar benchmarks e extrair inteligência para comparar a empresa com os padrões da indústria, os competidores ou a própria organização em retrospecto”, ressalta o executivo.
O terceiro pilar do Greenlight tem como base a expertise de décadas da Deloitte na área de consultoria, complementando a inteligência dos dados com serviços especializados. “Entre os exemplos, podemos criar estratégias para avaliar uma cadeia de suprimentos ou fazer manejo de riscos e mitigação, bem como entender as regulações e como elas se aplicam aos relatórios necessários”, afirma Galito.
A plataforma também permite a geração praticamente automática de relatórios, a partir de padrões internacionais como o Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD), utilizado na União Europeia, ou o Financial Stability Board (FSB). “O Greenlight contém tanto modelos prontos quanto versões que podem seSalesforcer customizadas por cada organização, enriquecendo a transparência e a confiabilidade da solução”, diz o executivo.
Por fim, o Greenlight também contempla treinamento e coconstrução das plataformas de sustentabilidade das empresas. “Ajudamos os clientes com workshops para que eles possam desenvolver conhecimento dentro de casa sobre o tema”, ressalta Galito. Outra vantagem do sistema, segundo o executivo, é o fato de que ele funciona de maneira modular – permitindo que cada empresa adote apenas o necessário para sua realidade.
“À primeira vista, uma solução completa para lidar com a gestão de sustentabilidade pode parecer muito cara e complexa, difícil de ser domada, mas o sistema funciona de maneira modular, permitindo que a empresa cresça na sua curva de aprendizado sobre o assunto com o tempo”, diz o sócio.
Segundo Galito, é possível fazer diferentes tipos de implementação da solução – de uma prova de conceito, que pode levar poucas semanas, até uma instalação apenas para uma unidade de negócios, como um mínimo produto viável (MVP) que pode ser estendido às outras partes da organização. O Greenlight hoje é inclusive utilizado pela própria Deloitte para publicar seus relatórios de sustentabilidade ao redor do mundo – a consultoria atua em mais de 150 países.
Visão de sustentabilidade pode ser diferencial no mercado brasileiro
Na perspectiva de Galito, as empresas brasileiras têm mostrado maturidade quanto à compreensão do cenário de sustentabilidade. “A consciência sobre o tema cresce não apenas por conta da regulamentação, mas também pelo impacto na reputação e na performance das empresas.” Isso acompanha uma tendência global: 43% dos consumidores já escolhem marcas com base em seus valores ambientais e 28% deixaram de consumir produtos por preocupações éticas ou ecológicas, segundo o relatório The Purpose Premium da Deloitte.
Para ele, a atenção com a sustentabilidade pode gerar inúmeros diferenciais para as organizações – do acesso a capital de investidores de impacto à atração de talentos mais conectados com as tendências de comportamento, passando pelo apelo para os consumidores e uma diferenciação de mercado. “Ainda não chegamos lá, mas no futuro imagino que muitas empresas poderão cobrar um prêmio sobre o preço de seus produtos porque serão mais sustentáveis, mesmo em setores como óleo, gás ou energia”, afirma. Ainda de acordo com o relatório, 78% dos consumidores tendem a lembrar de empresas com forte propósito, o que reforça a importância da diferenciação de marca.
De acordo com Galito, porém, ainda falta ao mercado nacional progredir quando o assunto é a qualidade dos dados e a compreensão do que é um resultado digno. Outro desafio, em sua visão, são as constantes mudanças em torno dos relatórios exigidos pela regulamentação. “Nos últimos dois anos, vimos 40% das regulações sobre sustentabilidade mudar em todo o planeta – e as empresas brasileiras têm também de lidar com as mudanças locais. É um desafio complexo, mas no qual a tecnologia pode ser uma grande aliada a fim de gerar transparência e credibilidade das práticas sustentáveis”, conclui o executivo.