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21 de outubro de 2024
Um conjunto de propostas de políticas e ações que trazem sugestões prioritárias do setor privado ao G-20 chegou no final de setembro às mãos das autoridades e governos para análise, antes da reunião final do grupo, marcada para novembro. A ideia é apoiar o mais importante fórum de cooperação econômica internacional, que reúne os países com as maiores economias do mundo, durante o período transitório que o Brasil exerce sua presidência.
Consolidadas em uma série de documentos de medidas práticas, as recomendações aos governos giram em torno do tema Crescimento Inclusivo para um Futuro Sustentável e foram preparadas pelo B20 Brasil 2024, fórum organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e que conta com mais de mil participantes representando mais de 40 países.
A Deloitte atuou como knowledge partner das forças-tarefa de Integridade & Compliance e Finanças & Infraestrutura do B20 Brasil.
Alex Borges, líder da Deloitte para a força-tarefa de Integridade & Compliance do B20; Bruce Mescher, líder de Public Policy da Deloitte; e Claudia Sender, chair da força-tarefa de Integridade & Compliance do B20 Brasil, estiveram em transmissão realizada pela TV Estadão conversando sobre as propostas, ideias e perspectivas dessa frente.
O B20 Brasil focou suas discussões em alguns eixos centrais: promoção do crescimento inclusivo; promoção de uma transição justa para zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa; aumento da produtividade por meio da inovação; promoção da resiliência das cadeias globais de valor; e valorização do capital humano.
Ambientes de trabalho inclusivos e combate à corrupção
“Tivemos a felicidade de conseguir trazer recomendações, as policy actions, que estão muito alinhadas aos objetivos do G-20. Quanto ao crescimento inclusivo e à valorização do capital humano, temos sugestões como promoção da liderança ética para estímulo do crescimento inclusivo, em um ambiente de trabalho ético e livre de assédio e discriminação”, comentou Claudia.
Borges destacou a importância dos temas do combate à corrupção e da promoção de ambientes mais inclusivos, que exigem dedicação, engajamento e colaboração de toda a cadeia de valor, já que apenas 45% dos países que compõem o B20 estão envolvidos em alguma ação do tipo, segundo ele.
“Um exemplo é garantir que as informações sejam compartilhadas, conhecidas e estejam vinculadas adequadamente a ações locais. Também recomendamos estabelecer, desde as escolas, programas de educação para a integridade e formação do cidadão e com as organizações cumprindo seus papéis.”
É esse fomento da transparência e de medidas mais efetivas de responsabilização nos atos de corrupção que tornará as políticas mais eficazes, segundo o documento de integridade, explicou o executivo.
“Temos estimativas que mostram que R$ 3,5 bilhões ao ano são perdidos com custos de corrupção”, destacou. “As organizações precisam conhecer e ter um bom processo de avaliação de riscos quanto a esse tema em todo o seu ecossistema, ao lado de medidas disciplinares para fortalecer esse processo, transformando princípios éticos do ambiente empresarial.”
Papel do compliance para combate aos desafios climáticos
Claudia explicou também que o ponto da transição justa para zerar emissões de gases de efeito estufa tem outra recomendação, muito focada no combate à corrupção, com ênfase na chamada corrupção verde. “Hoje, os investimentos na transição energética e ambiental são muito grandes e, por isso, potenciais fraudadores se voltaram a isso, promovendo muitas vezes desvios de verbas. Precisamos garantir que, nesses pontos, as verbas sejam aplicadas de forma correta, endereçando para as populações menos favorecidas.”
Sem um trabalho conjunto entre os setores público e privado contra o grande desafio do combate à corrupção, é praticamente impossível garantir medidas efetivas. “Devemos amadurecer isso ao longo do tempo, com muito alinhamento entre essas esferas”, ressalta Claudia.
IA e desafios éticos
Uma das principais forças por trás das mudanças sociais e corporativas que estamos testemunhando é o uso crescente da inteligência artificial (IA). Essa tecnologia apresenta oportunidades transformadoras, porém impõe desafios éticos complexos, riscos e preocupações – e o paper traz algumas indicações para a busca desse equilíbrio. “Existem cuidados relacionados ao uso dessa tecnologia, que precisa ser responsável e ético, e a como isso será usado para, de fato, promover crescimento sustentável e inclusivo”, afirmou Mescher.
Entre as sugestões, o sócio da Deloitte citou a promoção da transparência. “Muitas vezes, essas tecnologias são complicadas e uma verdadeira caixa-preta. Como e por que, por exemplo, a IA chegou a determinada recomendação? Como os modelos foram desenvolvidos para mitigar e minimizar o vazamento de informações?”, questionou.
Lideranças éticas na sociedade, nos governos e nas empresas têm papel fundamental no acompanhamento e regulações relativas ao tema, lembrou ele. Os policy papers formulados pelo B20 já foram apresentados e entregues antecipadamente à presidência do G-20.
No B20 Summit Brasil 2024, evento que reunirá líderes de empresas e dos governos dos países-membros no final de outubro, serão também apresentadas e discutidas as recomendações.
Assista ao vídeo com a transmissão da TV Estadão sobre o assunto clicando aqui.