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17 de setembro de 2024
De um lado, a Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo. De outro, o Rock in Rio, que nasceu como festival de música e está se consolidando como uma empresa organizadora de grandes eventos além do original, a exemplo do Rock in Rio Lisboa e do The Town. Essa expansão levou a uma crescente preocupação com a agenda da sustentabilidade e à decisão de se unir à Deloitte no aprimoramento da sua jornada ESG, conceito baseado nos pilares ambiental (environmental, em inglês), social e governança.
“Somos um negócio familiar, que cresceu sob a inspiração de uma lógica empresarial que vem do meu avô: um negócio só vai bem se a cidade também estiver indo bem”, diz Roberta Medina, VP de Reputação. “Essa visão sempre esteve conosco, desde o ideal de paz e harmonia que inspirou o surgimento do Rock in Rio até a criação da marca ‘Por um mundo melhor’, que concretiza essa ideologia.”
Aprimorar as práticas de sustentabilidade é, portanto, uma nova etapa da linha evolutiva iniciada em 1985, ano do primeiro Rock in Rio. Já faz um bom tempo que os organizadores do festival apoiam projetos sociais e demonstram preocupação com a pegada de carbono. Mais recentemente, o processo para obtenção do certificado ISO 20121 Eventos Sustentáveis, referência na gestão de eventos sustentáveis, levou a um novo nível de organização interna. Com a participação da Deloitte desde a edição de 2022 do festival e a atuação no The Town, no ano passado, a conversa alcança um patamar ainda mais elevado de diagnóstico e de sistematização de processos.
“Dos três pilares ESG, o que mais precisava ser desenvolvido certamente era o de governança, pois a empresa navega num mercado tipicamente informal, cenário que está a mudar”, analisa Roberta. “A expertise da Deloitte certamente tem sido fundamental nesse amadurecimento corporativo.”
Unindo forças
Bernardo Nunes, sócio da Deloitte à frente dos projetos com o Rock in Rio, conta que atuar com a indústria do entretenimento é diferente do padrão mais frequente dos trabalhos desenvolvidos pela organização. “Procuramos desenvolver nesse projeto o máximo possível das metodologias aplicadas a outros setores, mas há uma série de especificidades que são desafiadoras e fascinantes.”
Não há amplas referências de diagnósticos e ações ESG relacionadas a festivais de música. Assim, a união de Deloitte e Rock in Rio está, em grande medida, criando referências que certamente influenciarão outros organizadores de eventos ao redor do planeta.
Um dos aspectos peculiares de grandes eventos musicais é que a maior parte da pegada de carbono está associada ao deslocamento do público: “O que podemos fazer é agir em todas as demais frentes que estão ao nosso alcance, enquanto trabalhamos com o poder público para aprimorar as opções de transporte coletivo e tentamos influenciar as pessoas a utilizar essas opções”, relata Roberta.
Um exemplo de ação efetiva para reduzir a pegada de carbono foi a adoção de copos reutilizáveis, o que diminui a produção de resíduos – na edição 2023 do The Town, em que a Deloitte também atuou e que marcou a estreia dessa inovação, a redução foi de dez toneladas. “Parece uma ideia simples, mas a execução depende de uma série de articulações, desde a autorização da Anvisa até a identificação do copo ideal para cada tipo de bebida. Nada está dado, nada está pronto, tudo precisa ser desbravado”, descreve a VP de Reputação da Rock World.
Outra providência foi entender que tipos de materiais e de brindes eram descartados pelo público e que tipos são valorizados a ponto de despertar o desejo de serem levados para casa. “Depois das primeiras edições do Rock in Rio, a gente nem conseguia ver o chão de tanto lixo que havia”, lembra Roberta. Agora, em suas edições mais recentes, o índice de resíduos desviados do aterro (reciclagem, valorização orgânica e energética) chegou a 85% no Rock in Rio e 93% no The Town.
O Rock in Rio estabeleceu uma série de metas de sustentabilidade para 2030, a exemplo de 100% de segurança, saúde e bem-estar dos envolvidos na construção da Cidade do Rock e zero resíduos em aterro. Além dos objetivos internos, no entanto, a missão é reverberar os princípios de sustentabilidade, influenciando e cobrando ações nesse sentido por parte dos patrocinadores e dos fornecedores.
“Estamos ganhando poder de negociação, já que deixamos de promover um grande evento a cada dois anos para promover um grande evento a cada seis meses. Ter a Deloitte do nosso lado, com toda a sua expertise global, certamente potencializa ainda mais essa capacidade de convencimento”, pontua Roberta.
A Deloitte está em conversas com clientes que são também patrocinadores já consolidados ou em potencial dos festivais promovidos pelo Rock in Rio para entender possíveis demandas em comum na jornada ESG. “A ideia é unir forças e planejar estratégias transversais. Por tudo o que representa, o Rock in Rio pode ser catalisador de princípios relevantes para o planeta e para as metas corporativas de sustentabilidade”, explica Bernardo Nunes.