Jornada ESG

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Estadão Blue Studio

De olho na transformação das organizações, executivos de finanças repensam seu papel

Estudo CFO do Amanhã mostra que otimismo entre os profissionais é grande em 2024; funções dos líderes financeiros vêm mudando nas empresas

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2 de julho de 2024

Otimismo por um lado, preocupações com os desafios e incertezas econômicas por outro. Os CFOs (diretores financeiros) das empresas brasileiras vêm trabalhando em um ambiente de negócios com grandes e rápidas transformações, o que exige mais atenção a investimentos, processos, pessoas e jornadas digitais. De acordo com a pesquisa CFO do Amanhã: Convergindo IA, Sustentabilidade e Finanças esse cenário traz muitas oportunidades e, ao mesmo tempo, as apreensões têm sido enfrentadas com cautela.

O estudo foi realizado por meio do programa de relacionamento e eminência com líderes de finanças, o CFO Program, da Deloitte (maior organização de serviços profissionais do mundo), junto com o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP). Foram ouvidos os diretores de 106 empresas em atividade no Brasil, mapeando perspectivas e estratégias que estão à vista dos Chief Financial Officers.

O estudo mostrou que, entre as prioridades desses profissionais para os próximos 12 meses, estão o aumento das receitas (para 73% dos pesquisados), a melhoria dos resultados (para 68%) e a busca por eficiência e ganhos de produtividade (para 57%).

O panorama de investimentos das empresas em tecnologias disruptivas, como inteligência artificial (IA) e inteligência artificial generativa (GenAI), faz com que os CFOs se envolvam cada vez mais nessas decisões de escolha da tecnologia; além disso, a pesquisa indicou que existe um envolvimento maior em iniciativas de ESG. Tudo isso exige que os executivos financeiros coordenem suas habilidades de gestão com as diferentes (e maiores) demandas atuais dos setores.

Para Marcelo Bacci, presidente do Conselho de Administração do IBEF-SP, a pesquisa demonstra uma perspectiva mais otimista dos executivos financeiros para 2024, em relação aos anos anteriores. “Verificamos a expectativa de um ambiente de negócios com aumento de receita e crescimento de margens, o que, na minha opinião, quando combinado à liquidez das empresas com estruturas de capital bastante robustas, significa um preparo de todos para um ciclo de investimentos”, destaca Bacci. “Vimos que as empresas estão com boa estrutura de capital e boas perspectivas de negócios”, completa o executivo.

Nem tudo, no entanto, é positivo, e uma série de preocupações aparece no dia a dia, em maior ou menor medida. Entre elas, as que mais representam riscos aos negócios e dividem a atenção dos executivos são: incerteza do cenário econômico do País (73%), impactos da reforma tributária (53%), incerteza do cenário econômico global (48%) e mudança no comportamento dos clientes (44%).

A reforma tributária, um dos principais desafios deste ano, faz 66% das organizações esperarem algum impacto, positivo ou negativo. Porém, muitas delas ainda não incorporaram as mudanças que serão necessárias em seus orçamentos e preveem impactos nos preços finais de produtos ou serviços.

Ferramentas de tecnologia

Os CFOs consultados no estudo Deloitte/IBEF listaram quais ferramentas tecnológicas para transformação dos negócios são mais utilizadas e em que estágio estão em suas respectivas organizações, evidenciando o papel cada vez mais estratégico desses profissionais na tomada de decisões.

Computação em nuvem (cloud computing) é a que aparece em primeiro lugar, com 73% das empresas utilizando amplamente; a seguir vêm ferramentas de visualização, com 53%, e analytics avançado, com 40%. Outro dado que chamou atenção foi o de que a grande maioria, 83% das empresas, destina até 5% de sua receita líquida em investimentos em tecnologias para o departamento financeiro; porém isso não acompanha um uso intenso de soluções digitais nessa área, já que atualmente apenas 9% utilizam ferramentas de computação cognitiva e inteligência artificial em suas áreas de finanças.

Soluções como IA e GenAI têm sido aproveitadas principalmente como apoio em análises contábeis e financeiras, na checagem ou classificação de notas e documentos, e na avaliação de risco de crédito. Para as empresas que já implementaram essa tecnologia em suas operações, 45% avaliam que a taxa média de eficiência das atividades chega a até 10%. A IA vem sendo estudada ou testada por mais da metade das empresas respondentes (53%).

“Soluções avançadas de tecnologia, como IA e análise de dados, estão sendo cada vez mais incorporadas no setor para otimizar processos contábeis e financeiros, além de avaliar riscos de crédito de forma mais eficaz”, afirma Mauro de Marchi, sócio de Consultoria Tributária e líder do CFO Program da Deloitte. “O investimento em cloud, ferramentas de visualização e automação destaca-se como um recurso central para alta produtividade e gestão eficiente nos negócios. Isso evidencia a contínua evolução dessa função, que requer habilidades analíticas avançadas e conhecimento tecnológico nas decisões de investimento, com o objetivo de impulsionar a eficiência operacional nos negócios.”

ESG requer envolvimento dos CFOs

O estudo aponta que mais da metade dos respondentes (62%) acredita que sua empresa tenha estratégias formalizadas de ESG, em algum nível, em pelo menos uma das frentes (ambiental, social ou governança). Já 56% afirmam que sua empresa tem iniciativas ESG como componentes substanciais de estratégia e 55% confiam à liderança o alcance das metas voltadas para ESG.

Os executivos apontaram também que os maiores desafios na captação de recursos para a execução de projetos ESG são: falta de percepção dos benefícios tangíveis e intangíveis (65%), mensuração de indicadores de retorno de investimentos (ROI) em projetos/ações ambientais ou sociais (45%) e nível baixo de incentivos fiscais (38%).

“O mercado financeiro enfrenta um cenário desafiador, mas otimista. O setor também está explorando novas tecnologias. Além disso, as empresas têm adotado estratégias de ESG em suas operações, mas enfrentam dificuldades para quantificar seus benefícios e medir o sucesso”, analisa Ronaldo Fragoso, líder de Ecossistemas e Alianças da Deloitte. “Isso reflete a necessidade de adaptação em um ambiente de negócios em constante transformação e reforça a importância do papel do CFO na promoção de sustentabilidade e eficiência nas organizações.”

Você pode acessar os resultados da pesquisa CFO do Amanhã na íntegra clicando aqui.

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