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Líderes empresariais preveem crise, mas enxergam oportunidades para 2024, mostra pesquisa da Deloitte

Cenário é equilibrado e se divide entre preocupações com instabilidades e planos de crescimento baseados em tecnologia e requalificação de pessoal

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13 de junho de 2024

Entre as principais preocupações das organizações brasileiras para a continuidade de seus negócios neste ano, as instabilidades externas e internas relativas ao cenário econômico aparecem em primeiro lugar.

Apesar desse clima de incertezas – por causa de conflitos internacionais, desastres naturais, resquícios da pandemia, mudanças em regulamentações econômicas, tributárias e regulatórias aqui e no exterior –, a maioria das corporações procura ultrapassar o sentimento de crise buscando por mais oportunidades de investimentos e desenvolvimento sustentável para seus negócios.

Isso vem sendo executado principalmente por meio de investimentos em tecnologia e em requalificação dos profissionais, de acordo com a pesquisa Agenda: Estratégias e Prioridades dos Líderes Empresariais para o Ambiente de Negócios.

Trata-se do mais abrangente estudo realizado no Brasil sobre iniciativas e expectativas das organizações, que ouviu 411 empresas, representando, juntas, 19% do PIB do País (R$ 2,05 trilhões). Recém-divulgado pela Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo, o levantamento mapeou as tendências para 2024 e mostrou que a balança pende para o lado do otimismo, apesar de os empresários estarem cientes de que os passos têm de ser cuidadosos e bem planejados.

Além dos investimentos em pessoas e tecnologias – entre elas, inteligência artificial, cloud e cibersegurança –, aparecem temas como a busca pela responsabilidade ambiental, um olhar para a transição energética sustentável, vinda de fontes renováveis, e um cuidado especial no mapeamento de oportunidades em parcerias público-privadas (PPPs).

Em transmissão especial feita pela TV Estadão, o sócio-líder de Growth da Deloitte, Ronaldo Fragoso, comentou os destaques da pesquisa. “O que a gente viu é que existe, por um lado, uma preocupação com a questão política e econômica, principalmente, e também com cenários internacionais. Por outro, as empresas trabalham com uma expectativa muito forte de aumento da receita, crescimento e até mesmo da manutenção do quadro de funcionários”, observou o executivo, que destacou: “São muitas coisas correndo em paralelo”.

Para ele, os dados da pesquisa permitem concluir que as empresas vão buscar o aumento de receitas por meio de uma elevação de produtividade. “Se eu vou manter as pessoas, requalificar, vou até contratar, eu tenho uma perspectiva maior de aumentar as minhas vendas, as minhas receitas. Isso pode acontecer por uma maior produtividade do quadro, pelo uso de tecnologia e uma maior eficiência”, disse.

Em relação a esses pontos, o estudo indicou que 70% das empresas respondentes trabalham com uma pretensão de ampliação de investimento e com aumento das vendas em mais de 70%, enquanto 80% delas pretendem manter seu quadro de profissionais.

Outro dado bastante relevante, destacou Fragoso, é o fato de oito em cada 10 companhias terem projetos de lançar no mercado novos produtos ou serviços nos próximos meses. “Aqui também você percebe um forte avanço no uso de novas tecnologias. A criação e o processo de inovação entre produtos e serviços, atrelados às novas tecnologias, são exatamente um caminho desse crescimento de vendas ou de receitas”, comentou. “Também observamos perspectivas de ampliação de pontos de venda ou até mesmo de aumento de fábricas e crescimento de investimentos em ampliação de instalações em mais de 30%.”

O contraponto, segundo o especialista da Deloitte, está exatamente no fato de que as empresas vão passar por uma forte mudança tributária nos próximos anos, fruto da reforma proposta pelo governo, e que, inclusive, vai exigir que os dois sistemas, o atual e o novo, convivam lado a lado, pois a implementação será gradual. “Isso fará com que seja um ano de muito balanceamento.”

A adoção de novas tecnologias que existem hoje gera custos, afirmou Fragoso, porém é vista pelas empresas como um grande motor de crescimento, embora traga algumas preocupações adicionais. “Esse é um dos grandes desafios atuais: existe por um lado uma avalanche de novas tecnologias, e você tem de conviver não só com o que está mais em voga, como a inteligência artificial. É preciso incorporar isso, tanto para eficiência como para desenvolvimento de soluções”, apontou.

“E ainda tem outras tecnologias ganhando força, como cloud, analytics e blockchain. O empresário pensa: ‘Eu tenho de crescer usando a tecnologia que está aí, qualificando melhor a minha mão de obra, olhando esse ecossistema que eu opero, e ele também vai me pressionar a mudar a minha forma de fazer’”, disse Fragoso.

Para o executivo, o grande volume de empresas entrantes, de startups, gerando um cenário de concorrência não mais tradicional e linear, mas com setores atuando ou ampliando os seus conceitos, representa oportunidades e desafios. “Temos acompanhado isso até no comércio eletrônico ou no varejo, segmentos nos quais as companhias começaram a virar empresas com perfil mais de tecnologia, mas esse processo tem um tempo e as empresas estão aprendendo”, explicou. “Esse cenário agora começa a pressionar as empresas para que voltem a crescer. Elas têm que voltar a lançar coisas, inovar, porque se não vão começar a sofrer um impacto e reduzir muito a sua participação de mercado. Isso também é uma preocupação grande.”

Questões como a agenda ESG e a busca por energias renováveis também foram citadas pelo especialista na transmissão, que você pode acompanhar novamente clicando aqui.

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