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27 de março de 2024
Quando o assunto são as mudanças climáticas, o Brasil tem um papel estratégico no planeta. Por causa de fatores como a amplitude de sua matriz energética renovável, a presença de biomas sem paralelo no mundo, como a Floresta Amazônica, e o potencial de transformação de seu agronegócio, é considerado um mercado-chave para assumir o protagonismo na transição a uma economia com baixas emissões de carbono.
O País, no entanto, vive um cenário em que muitos fatores dificultam as iniciativas das corporações nessa jornada de transformação para frear o avanço das emissões de carbono e do aquecimento global. Os obstáculos do financiamento climático foram mapeados pela Deloitte, a organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo, no estudo “Finanças Sustentáveis: desafios e oportunidades de investimento em baixo carbono”, feito com a AYA Earth Partners, maior ecossistema de negócios de aceleração da economia de baixo carbono do País.
O levantamento foi feito com 102 empresas – 87% dos respondentes são executivos e executivas em posição de alta liderança em negócios com atuação no Brasil –, 28 tomadores de decisão e especialistas, além de outros públicos.
Entre as empresas respondentes, enquanto 20% já utilizam mecanismos de compensação voluntária de emissão de carbono, 18% estudam utilizá-los. Ainda há obstáculos para que porcentuais como esses possam crescer, como a falta de regulamentação no Brasil, precariedade da infraestrutura amazônica e custos elevados de projetos de reflorestamento. De qualquer modo, apenas 4% desses respondentes indicaram ter estudado utilizar os mecanismos existentes e concluído que os benefícios não compensam os custos.
Outro ponto positivo destacado pelo relatório é a incorporação da pauta ESG nas empresas, já que 35% delas afirmaram considerar aspectos sociais e ambientais, ao lado dos financeiros, em todos os seus projetos, o que representa um grande passo na estratégia de uma futura economia de carbono reduzido.
Desconhecimento dos impactos
Sobre o trabalho a ser feito, as conclusões dão conta de que muitas empresas nem sequer conhecem os verdadeiros impactos que causam ou podem causar nas mudanças climáticas; também apareceu um grande desconhecimento sobre os chamados mecanismos de “Blended Finance”, títulos verdes ou sustentáveis, que podem ser usados para apoiar a mitigação e adaptação climática.
Em alguns casos, as organizações nem sequer sabem como acessá-los no Brasil: entre os pesquisados, somente 10% disseram já ter obtido mecanismos de financiamento verde, enquanto a grande maioria (73%) diz não ter acesso a essas opções de financiamento e 10%, não saber sequer onde encontrá-los.
Oportunidades não podem ser perdidas
Diante de todo esse cenário é que surge a necessidade de espalhar conhecimento sobre o tema. “Ficar para trás nesse processo significaria perder enormes oportunidades dentro e fora do País. O caminho que se coloca é o do fortalecimento da colaboração de todas as partes do ecossistema em torno da economia de baixo carbono”, avalia Luiz Paulo Assis, sócio de Financial Advisory da Deloitte.
A falta de clareza das lideranças sobre o impacto das empresas no processo rumo ao carbono zero, além do papel que cada organização deve assumir, é ponto de atenção, resume o especialista. “Superar isso, por meio da regulação de novos segmentos, além do maior acesso e conhecimento de mecanismos financeiros, pode impulsionar o Brasil como um dos líderes globais na transição verde, pois o País já tem diversas vantagens, que nos colocam à frente nesse processo.”
Para Patricia Ellen, cofundadora da AYA Earth Partners, os resultados evidenciam que há um papel decisivo por parte das instituições financeiras, organizações de mercado local e organismos multilaterais em direcionar o mercado a destravar esses potenciais. “Precisamos avançar rápido com novas fontes de recursos e pensar o carbono de maneira mais abrangente, com foco no desenvolvimento econômico. Já passou o tempo de entendermos que o futuro do mundo não será baseado em petróleo e que é o momento de o Brasil prosperar mundialmente com uma economia baseada nas soluções da natureza, com apostas certeiras e em escala na bioeconomia, na agricultura sustentável e na economia de baixo carbono”, afirma a especialista.
Caminhos para melhorar o acesso a soluções
Dentro de uma visão do futuro, empresas e tomadores de decisão questionados pelo estudo apontaram caminhos para favorecer o acesso das organizações à captação de recursos para projetos de descarbonização.
Entre os que pretendem obter recursos (35% dos respondentes disseram que não o planejam fazer), as principais formas e expectativas foram: linhas de crédito subsidiadas (28%), aporte de capital dos sócios (27%), empréstimos e financiamentos (21%), aportes via fundos de investimento (19%), emissão de títulos de dívida verdes (15%), aporte de recursos a fundo perdido (13%), oferta pública na bolsa de valores (6%) e emissão de títulos de dívida tradicionais (5%).
A descarbonização, mostrou o estudo, passa ainda por vencer a resistência dos stakeholders na implementação de projetos ligados ao tema – 68% dos respondentes informam haver esse tipo de dificuldade, entre a alta diretoria e acionistas, além de fornecedores, por exemplo. Outros caminhos apontados são a formação de lideranças e equipes com visão mais aderente a uma aceleração em direção à virada sustentável e a promoção de maior colaboração entre empresas com entidades como universidades e institutos de pesquisa especializados em tecnologias de descarbonização.
Por fim, existem oportunidades em relação a investimento, amadurecimento e oferta de tecnologias relativas à área da descarbonização, entre elas da própria Deloitte, além de o caminho se encontrar aberto para as demais empresas da Plataforma GreenSpace Tech.
Leia mais no quadro abaixo:
Plataforma conecta parceiros e leva a indústria rumo à descarbonização
A demanda das corporações modernas em desenhar, planejar e implementar uma jornada rumo à descarbonização é urgente. Nesse panorama, uma das principais preocupações deve ser a identificação de oportunidades, para que a empresa não perca tempo e, desde já, garanta uma vantagem competitiva sustentável, base para o futuro.
O GreenSpace Tech, da Deloitte – que funciona como um orquestrador global para conectar tecnologias à indústria, por meio de um amplo ecossistema de parceiros, do qual fazem parte startups, institutos de pesquisa, incubadoras, aceleradoras e universidades –, foi desenvolvido para conectar inovações e acelerar a inteligência dos dados e a experiência das organizações, focando o crescimento por meio de caminhos de redução sustentável.
A ideia é impulsionar a adoção das tecnologias climáticas e aumentar os níveis de eficiência e sustentabilidade do dia a dia das empresas, enquanto elas moldam suas políticas de emissões zero. Trata-se de um caminho nem sempre fácil e, na maior parte das vezes, repleto de desafios, mas é essencial para que a empresa obtenha maior relevância em um mundo mais descarbonizado.
Saiba mais sobre o Greenspace Tech da Deloitte.