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15 de março de 2016
Transitar por diversos temas e áreas de negócios, atender ao rígido controle das autoridades fiscais e lidar com as contínuas mudanças do ambiente regulatório. A rotina do gestor tributário no Brasil envolve, cada vez mais, essas atividades — o que tem exigido para a função um perfil profissional multifacetado, com conhecimentos contábeis, financeiros, jurídicos e de gestão de riscos e processos.
Essa é uma das constatações do estudo “Termômetro tributário – Tendências e desafios do profissional de impostos no Brasil”, elaborado pela Deloitte a partir das respostas de 168 profissionais, dos quais 58% atuam na função de gerente. Das organizações participantes, um terço fatura mais de R$ 1 bilhão por ano e 42% são de capital estrangeiro.
Como prioridades para os próximos dois anos, os profissionais entrevistados elencam a melhora da qualidade técnica da equipe (75%), a identificação de novas oportunidades de planejamento tributário (73%), o aumento da eficiência do compliance (59%) e o investimento em qualificação pessoal (52%). Metade indica que formar um sucessor está nos planos, o que sugere expectativas de promoção ou novos desafios.
Qual é o retrato desse profissional hoje? Entre as principais atribuições atuais, as de caráter técnico continuam à frente. Em primeiro lugar, empatadas com 79%, aparecem o atendimento a fiscalizações e a aprovação de decisões técnicas. As funções gerenciais vêm a seguir: contratação e demissão de pessoas (77%), aprovação de treinamentos (68%) e definição de metas (66%).
Com a necessidade cada vez maior de habilidades gerenciais (agora e em um futuro próximo) e a interação mais frequente com outras áreas, aumenta a cobrança por conhecimentos de gestão. “Os gestores do setor tributário vêm buscando, continuamente, uma melhor qualificação. Do total de entrevistados, 83% possuem pós-graduação ou mestrado em áreas como controladoria e finanças, direito tributário, contabilidade e gestão tributária, o que indica um perfil altamente capacitado”, destaca Marcelo Natale, sócio da área de Consultoria Tributária da Deloitte.
Aspectos do cotidiano
O estudo também aponta relativa estabilidade entre esses profissionais que, em geral, ocupam o cargo há mais de três anos nas empresas. O número médio de funcionários do ramo tributário das companhias caiu significativamente – de 23 na edição anterior do estudo para, na mais atual, 14. Os setores de comércio, construção e serviços de transporte e logística são os que têm mais funcionários ocupando cargos na área de gestão tributária.
“É importante notar que, em vários grupos empresariais, o setor tributário é distinto das áreas contábeis e de compliance, apesar de elas serem tipicamente mais numerosas, pois o departamento tributário desempenha um papel mais consultivo do que operacional”, complementa Marcelo Natale.
O estudo destaca a complexidade técnica da legislação como um dos desafios que mais aumentou para os gestores tributários. Em seguida, estão os aspectos relacionados ao tema de gestão de pessoas – necessidade de treinamento e de contratação de recursos externos. Esses indicadores reforçam a importância de investir em treinamentos para que os profissionais possam lidar com esse cenário tributário.