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14 de abril de 2021
O modelo open banking vai, em breve, transformar as relações dos consumidores brasileiros, sejam pessoas físicas ou jurídicas, com o setor financeiro.
Com a possibilidade de troca de dados entre as instituições – sempre com autorização expressa do cliente e sob a supervisão do Banco Central –, o objetivo é dar aos consumidores meios para encontrar os produtos mais adequados às suas necessidades em diferentes organizações, mantendo um acompanhamento centralizado de suas informações financeiras. Em resumo, pagar menos, ter acesso a ofertas melhores e pacotes de serviços mais orientados ao que realmente o cliente precisa.
No último mês de fevereiro, iniciou-se a primeira fase de implementação do modelo com as instituições brasileiras, sob o comando do Banco Central. Nesta primeira etapa, começou a ser arquitetada a estrutura de dados necessária para o funcionamento do sistema. O cronograma prevê ainda outras três fases, até meados de dezembro, quando deve ocorrer a oferta aos consumidores.
A implementação total do open banking é obrigatória para as maiores instituições do País e opcional para as menores e/ou mais novas, como bancos digitais, fintechs, empresas de empréstimos e pagamentos.
É importante ressaltar que o funcionamento do modelo vai exigir tecnologias como cloud, edge computing e data analytics para organizar, hospedar, simular e, sobretudo, proteger tais dados. Além disso, as instituições devem assegurar ao dono das informações o total controle sobre elas, nos moldes da Lei Geral de Proteção de Dados.
Em transmissão na TV Estadão, Sergio Biagini, sócio-líder da Indústria de Serviços Financeiros da Deloitte, e Ivo Mósca, superintendente de Open Banking e Pix pelo Itaú e líder do Grupo de Trabalho de Open Banking pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), comentaram as principais transformações que o modelo vai trazer e os pontos que merecem atenção das instituições. Clique no vídeo e assista a live na íntegra.
“O cliente é dono de seus dados, e é um movimento para empoderar ainda mais o consumidor final. Hoje, nossa experiência bancária é fragmentada: a pessoa busca os melhores produtos em plataformas diferentes, lugares diferentes, e a informação está dispersa. O open banking é uma grande oportunidade para unificar esses dados”, afirma Biagini. “A grande mudança será na experiência que as instituições vão poder entregar, além de incentivar a concorrência em produtos e serviços.”
De acordo com Biagini, bancos e instituições financeiras já buscam, há um tempo, modificar seus modelos de negócio para deixá-los mais centrados nos clientes. “Mas nunca conseguimos chegar lá. Com o novo modelo, as instituições vão ter capacidade de entender melhor os clientes”, diz o especialista da Deloitte.
Ivo Mósca, da Febraban, concorda. Para ele, a “mágica” do open banking está na experiência, com base na exploração dos dados. “As instituições financeiras são bem preparadas para isso, porque já estão acostumadas a transacionar e processar altos volumes de dados.”
Desafios da implementação
Para os especialistas, os principais desafios estão em entender com mais profundidade o volume de dados e extrair deles as necessidades dos clientes para oferecer soluções que melhor atendam a todos. “Ainda não temos nenhum grande modelo vencedor em outros locais que implementaram o modelo, como Reino Unido e Austrália”, diz Ivo Mósca, destacando que o open banking brasileiro será o mais abrangente do mundo, além de ser elaborado em tempo recorde mundialmente – na construção das especificações técnicas e jurídicas para garantir os prazos estabelecidos pelo Banco Central.