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Investimentos em tecnologia e reforço da área de cyber são imprescindíveis para recuperação das empresas durante e após a pandemia

Pesquisa da Deloitte indica que 2021 será de mais investimentos em cyber e que, quanto maior o porte das organizações, maiores são as iniciativas de soluções digitais

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2 de março de 2021

Por André Gargaro*

A crise sem precedentes que a pandemia da covid-19 impôs às empresas de todo o mundo em 2020 gerou diversos impactos nos negócios dos mais variados setores da economia, mas não há dúvidas de que, por outro lado, ela deixará aprendizados que permanecerão na cultura organizacional das companhias por muito tempo. A digitalização de processos, vendas, modelos de trabalho e relacionamento no mundo corporativo – que naturalmente viria a acontecer a passos mais lentos – foi extremamente impulsionada pelo cenário iniciado no ano passado.

O que chama a atenção é como os mais diversos tipos de negócios se comportaram e se (re)estruturaram durante a crise para que os impactos e os danos fossem os menores possíveis. Nunca se investiu tanto em tecnologia, de uma só vez, como aconteceu em 2020. Dados da pesquisa Agenda 2021, elaborada pela Deloitte, trazem a perspectiva de mais de 600 empresas quanto à recuperação e à sustentação dos negócios e comprovam isso. O estudo revela que este ano será de mais investimentos na área. É importante destacar, no entanto, que realizar tais investimentos só é possível se as organizações tiverem uma área de cyber services bem estruturada, alinhada e integrada às demais áreas de negócios.

É sabido que, devido ao isolamento imposto pela pandemia, surgiram novas necessidades para as empresas, onde o digital se tornou o ponto principal para elas, seja por meio de canais de venda online, seja por modelos de trabalho remoto para promoverem a continuidade de seus negócios. A pesquisa da Deloitte revela que as vendas online cresceram para 67% das empresas que já utilizavam o canal, que 85% das empresas migraram ao menos um terço dos profissionais para o trabalho remoto e que grande parte das organizações aumentará os investimentos em tecnologia em 2021.

Esses são apenas alguns exemplos de como despontou a urgência de ampliar os investimentos em tecnologia para suportar a nova realidade e, consequentemente, também ganhou destaque a segurança digital para garantir o melhor uso da gestão de dados. Essas preocupações seguirão firmes em 2021 e, nesse cenário de transformações e disrupturas, a formação de pessoas para conduzir essas mudanças é prioridade de grande parte das empresas.

Neste contexto de aceleração, a maioria das empresas entrevistadas manteve ou aumentou também investimentos em tecnologia durante a crise. Em 2021, a tendência é aumentar ou manter esse índice, especialmente em infraestrutura (cloud, equipamentos, rede e telecom e serviços de TI), para 96%; e em soluções (sistemas, ferramentas e softwares de gestão) e gestão de dados (big data, analytics, inteligência artificial), para 95%, em ambos os temas. Em conjunto com essas iniciativas e já de olho na implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), 56% das organizações aumentarão os investimentos em segurança digital em 2021; em 2020, 21% aumentaram em razão dos riscos gerados pelo aumento do tráfego digital durante a crise.

Em 2020, desde o início da crise, 85% das empresas adotaram o trabalho remoto para, no mínimo, um terço de suas equipes. Dessas, praticamente metade afirma que manterá ou ampliará o número de profissionais nesse modelo em 2021. Dentro do plano para o próximo ano, 42% das empresas reduzirão o espaço físico de trabalho pós-pandemia, devido à ociosidade, e 36% afirmam aumentar a frequência de dias em trabalho remoto. Evidentemente, esses cenários de modelos remoto e híbrido de trabalho necessitam de uma excelente estrutura de cyber.

A pesquisa Agenda 2021 deixa claro que, quanto maior o porte da empresa, maior é a adoção de ferramentas e soluções digitaisO endereçamento da frente de soluções de segurança digital permite o avanço de investimentos em outras tecnologias, como a venda em canais online. Inclusive, com o aumento dos investimentos em canais online, as companhias estão com a intenção de reforçar a segurança digital em 2021. Segundo o estudo, 78% das empresas que faturam mais de R$ 2,5 bilhões dizem que reforçarão a área, enquanto 62% das organizações que faturam entre R$ 500 milhões e R$ 2,5 bilhões afirmam que farão o mesmo.

Mesmo com boa parte dos colaboradores podendo voltar ao trabalho presencial, uma grande parcela das empresas participantes vai continuar destinando recursos para reforçar a infraestrutura digital, como cloud, equipamentos, rede e serviços de TI: 68% das companhias com faturamento acima de R$ 2,5 bilhões afirmam que continuarão a investir em infraestrutura; 56% das organizações que faturam entre R$ 500 milhões e R$ 2,5 bilhões farão o mesmo, enquanto 60% das que têm faturamento entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões também têm a intenção de investir nisso.

Os setores que mais investirão nos canais online em 2021 serão comércio (80%); atividades financeiras, holdings e seguros (63%); e agronegócios, alimentos e bebidas (56%). Infraestrutura e construção (33%) são os que menos devem investir na área. Já os segmentos que mais aumentarão a verba para reforço da infraestrutura digital são atividades financeiras, holdings e seguros (67% dos entrevistados); infraestrutura e construção (61%); e bens de consumo (58%). No que diz respeito às soluções, como sistemas, ferramentas e softwares de gestão, os maiores investimentos em 2021 virão de atividades financeiras (75%); infraestrutura e construção (67%); e comércio (64%).

Quando falamos em gestão de dados (big data, analytics e inteligência articial), o setor que mais investirá será também o das atividades financeiras (77%), seguido pelo comércio (67%) e agronegócio, alimentos e bebidas (64%). Em relação à segurança digital, também serão as empresas que atuam com atividades financeiras as que destinarão mais recursos (77%). Na sequência aparecem os segmentos de bens de consumo (64%), comércio (62%) e veículos e autopeças (60%).

Outro desafio que já existia em 2020 e que seguirá sendo uma preocupação para as companhias em 2021 é a LGPD. Por mais que o tema tenha ganhado força no último ano, em sua fase de entendimento e adequação, apenas 38% das empresas se consideravam preparadas para atender a todos os requisitos da lei quando ela entrou em vigor. Em 2021, a LGPD terá nível alto de prioridade para 58% do empresariado participante. A pesquisa da Deloitte revela que hoje as empresas mais preparadas são as que trabalham com atividades financeiras (63%) e com TI e telecomunicações (51%). Não à toa, esses dois segmentos são os que despontaram no estudo como os que tratarão a LGPD com maior prioridade em 2021. Por outro lado, os setores de infraestrutura e construção (30%) e veículos e autopeças (19%) são as menos preparadas.

Abordei aqui uma série de dados para mostrar como a área de cyber services será imprescindível, cada vez mais, para a recuperação e sustentação dos negócios durante e após a pandemia da covid-19. Os novos padrões, antecipados pela realidade que vivemos em 2020 – e que muito provavelmente viveremos ao longo de 2021 –, fazem com que os negócios demandem cada vez mais soluções tecnológicas. E essas soluções demandam cada vez mais segurança digital, privacidade e gestão de dados, redes e ferramentas bem estruturadas, softwares, canais digitais para venda etc. Quem não estiver pronto hoje poderá ficar para trás e sofrer danos irreparáveis.

*André Gargaro é líder de Cyber Services da Deloitte

 

 

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