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2 de dezembro de 2024
Os mais destacados executivos da área de finanças no Brasil foram, mais uma vez, reconhecidos pelo Prêmio Equilibrista. Em sua 41a edição, a premiação do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP) elegeu profissionais que sobressaíram no ecossistema financeiro, dentro das iniciativas conduzidas nas suas próprias organizações e em suas relações com o mercado.
Catia Pereira, que atuou como líder financeira da Sabesp até outubro de 2024, foi a vencedora do prêmio e levou o título de CFO do Ano, em cerimônia organizada pelo IBEF-SP em 28 de novembro, que contou, mais uma vez, com o patrocínio da Deloitte.
Com 30 anos de experiência na área financeira e passagem por grandes empresas nacionais e multinacionais, Catia conduziu, enquanto CFO da Sabesp, projetos de implementação de Centro de Serviços Compartilhados (CSC), de reestruturação organizacional e também a frente financeira do projeto de desestatização da companhia – iniciado em 2023 e concluído em julho de 2024.
Um projeto icônico
Catia atribui sua vitória justamente ao trabalho realizado no projeto de desestatização da Sabesp, no qual ela conduziu a oferta pública de ações da companhia ao mercado, que resultou em uma captação de R$ 14,7 bilhões. Foi a maior oferta pública de 2024 das Américas e registrou a maior demanda de investidores institucionais para uma iniciativa do tipo no Brasil, com o terceiro número de ordens já feito no País.
“A companhia concluiu com sucesso um amplo programa de reestruturação, alinhando sua estrutura, processos e tecnologia para aumentar a eficiência operacional. Esse esforço de turnaround ocorreu em paralelo ao processo de desestatização”, destaca Catia. “Os resultados desse trabalho foram significativos, com a empresa registrando consistente crescimento do Ebitda, trimestre a trimestre, mesmo ainda como empresa pública. Isso demonstra que a Sabesp conseguiu capturar ganhos de eficiência durante essa fase de transição”, explica.
Gestão de custos eficaz
Para a vencedora do Prêmio Equilibrista 2024, existem alguns segredos para o equilíbrio financeiro em uma época de grandes desafios. “A gestão de custos eficaz é um pilar fundamental para a sustentabilidade financeira, alcançada por meio de ganhos de produtividade e de uma administração estratégica da cadeia de fornecedores. Essas ações otimizam o fluxo de caixa operacional, reduzindo a dependência de alocação de capital, especialmente em um cenário de altas taxas de juros. Isso representa um custo significativo e uma pressão de aumento de preço, que pode comprometer margem e crescimento da empresa”, relaciona a executiva.
Catia lembra ainda de outros aspectos, como a alocação cuidadosa em novos investimentos, priorizando a preservação da liquidez da empresa, além da manutenção de uma base sólida de caixa. Para ela, essa abordagem é crucial para enfrentar imprevistos e aproveitar oportunidades de mercado.
“A fidelização de clientes é outro fator-chave para garantir receita recorrente, enquanto a inovação contínua assegura a competitividade a longo prazo. Somente por meio de uma gestão integrada de custos, inovação e relacionamento com o cliente é possível construir uma base robusta e sustentada para o crescimento da organização”, afirma.
Tecnologia e estratégia
Em um mundo em constante transformação e com novas tecnologias emergindo, desafios geracionais e novas habilidades exigidas, Catia acredita que os CFOs devem liderar com visão estratégica. “A busca por crescimento sustentável em um mundo altamente conectado e sem fronteiras exige que olhemos para além dos números. Por isso, foque nos fundamentos e invista nas pessoas, pois é por meio delas que ocorre a verdadeira transformação, seja tecnológica ou social”, diz ela.
“Ao integrar IA e ESG à estratégia financeira, essas siglas deixam de ser apenas conceitos ou obrigações, tornando-se pilares da realidade organizacional, com impactos profundos e duradouros. Liderar nessa direção garantirá não apenas a continuidade, mas também o sucesso a longo prazo”, finaliza a executiva.
Foram também indicados entre os finalistas desta edição do prêmio o CFO da Embraer, Antonio Garcia, e o ex-CFO e atual CEO da Vale, Gustavo Pimenta.
Garcia, da Embraer: ‘A gente acredita no que faz’
Este canal da Deloitte no Estadão ainda com o vice-presidente financeiro da Embraer, Antonio Garcia, também finalista do Prêmio Equilibrista. Ele disse que sua indicação foi fruto de um intenso trabalho financeiro, sobretudo baseado em confiança na empresa e nos seus times.
“Somos bem ambiciosos em tudo que fazemos dentro de casa. A gente acredita no que faz. Focamos muito em cultura, e a cultura da Embraer tem vários pilares. Um deles é a responsabilidade pelos resultados da companhia”, destaca. “A base dessa cultura é: tudo que fazemos tem que ter qualidade e segurança. Então, temos metas muito claras e seguimos aquilo com muita disciplina. Investimentos, aumento de capacidade, e o compromisso com os resultados, com o mercado.”
De acordo com ele, entre os pontos positivos de sua gestão, está a eliminação dos “altos e baixos” no desempenho da companhia. “Hoje, temos uma consistência de resultados. Você vê a receita crescendo todo ano, vê o resultado crescendo, gerando caixa. Então, é isso que tem trazido essa atenção para a Embraer, que é uma indústria de ciclo longo. Se você perguntar para os colaboradores da fábrica, eles sabem dos resultados, eles são informados sobre o que está bom, o que não está.”
De acordo com Garcia, o momento pós-crise e o próprio crescimento da companhia impuseram novos desafios. “A exigência é maior. A gente continua com o cinto apertado, buscando eficiência, porque a gente está preparando a Embraer para os próximos dez, vinte anos”, completa o executivo.