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21 de novembro de 2024
As empresas familiares são parte substancial da economia de um país. Esses negócios têm desafios únicos – ligados às suas características fundamentais de gestão e propriedade. No Brasil, são um grupo vasto e diversificado, formado por grandes empregadores, que fomentam desenvolvimento econômico local em todas as regiões. Cada vez mais esses negócios se destacam, também, pela resiliência e capacidade de adaptação, a partir de investimentos em inovação.
Diversas mudanças nos últimos anos, impulsionadas por fatores econômicos, tecnológicos e sociais, têm levado as empresas em geral a transformar suas práticas operacionais e de investimento, gestão de riscos, contratação, sustentabilidade, sucessão e cibersegurança. Não é, obviamente, diferente com as empresas familiares.
O estudo global “The Family Office Insights Series”, elaborado pela Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo, mostrou que empresas familiares ao redor do mundo devem seguir otimistas sobre sua capacidade de vencer desafios complexos, apesar da incerteza econômica e geopolítica. A partir do equilíbrio entre risco e oportunidade, essas empresas indicam que manterão perspectivas de investimento.
No Brasil, a visão moderada para o cenário atual, destacado pela edição de 2024 da pesquisa “Agenda: estratégias empresariais para o ambiente de negócios”, muito possivelmente é também compartilhada pelas empresas familiares. A pesquisa indicou que 8 em cada 10 executivos entrevistados planejam investir na capacitação tecnológica dos profissionais e 7 pretendem aumentar os investimentos em infraestrutura de TI. Quase 90% devem aumentar ou manter o quadro de profissionais ainda em 2024.
Principais desafios para empresas familiares brasileiras
“Sucessão, gestão de riscos e governança são os temas que mais têm chamado a atenção das lideranças desses negócios no Brasil. Essas questões refletem a necessidade de as empresas familiares se adaptarem a um ambiente de negócios em rápida evolução, garantindo sua sustentabilidade e crescimento a longo prazo”, afirma Paulo de Tarso, sócio-líder da Deloitte para Empresas Familiares e de Capital Fechado e do programa Empresas com Melhor Gestão.
Ainda de acordo com o executivo, o planejamento de sucessão é um obstáculo significativo, influenciado por aspectos culturais e estruturais. “É fundamental que as empresas familiares antecipem o planejamento e invistam na formação e no desenvolvimento de habilidades de liderança dos sucessores, por meio de programas, formação acadêmica relevante e experiência prática dentro da empresa. Essas medidas são essenciais para assegurar uma transição bem-sucedida para as futuras gerações e mitigar os riscos associados aos desafios geracionais”, aponta o sócio.
A governança corporativa vem em seguida, fortalecendo a estrutura interna e a gestão da empresa, torna-se uma estratégia poderosa para gerar capital ao aumentar a atratividade da empresa para investidores, melhorar o desempenho financeiro e explorar oportunidades estratégicas. “Quando combinada com uma gestão eficiente de riscos, a governança corporativa ajuda a superar entraves internos e externos, ao mesmo tempo em que preserva os valores e assegura a continuidade no mercado”, conta Paulo de Tarso.
Quanto à sustentabilidade, muitas empresas familiares já adotam práticas de responsabilidade ambiental. O reflorestamento com plantas nativas, por exemplo, é uma iniciativa avaliada por muitos empresários, com o objetivo de recuperar áreas que perderam vegetação devido a forças naturais ou ações humanas – especialmente em regiões onde prosperam o agronegócio e a produção de alimentos. Além de ter efeito positivo no aumento das produções locais e gerar renda, essa prática fortalece a posição nos negócios e contribui para a preservação dos recursos naturais a longo prazo.
Perspectivas para o futuro
É claro que haverá obstáculos para cumprir esses planos. Com taxas de juros cada vez mais elevadas, o custo do crédito é alto, o que pode desincentivar investimentos significativos. Isso pode levar esses empresários a serem mais cautelosos na tomada de novos empréstimos para financiar expansão ou futuros projetos. Diante disso, diversas estratégias podem ser adotadas. Entre elas, destacam-se a revisão e otimização dos custos operacionais, a melhoria da gestão financeira, a diversificação das fontes de financiamento e o aproveitamento de incentivos e subsídios disponíveis. Essas iniciativas permitem às empresas navegar por períodos desafiadores, mantendo-se competitivas no mercado enquanto executam seus planos.
“O universo de empresas familiares no Brasil é dinâmico e tem grande potencial de atravessar fronteiras. A chave para o sucesso contínuo reside na capacidade de planejar sucessões com eficácia, adotar boas práticas de governança, compreender e adquirir novas tecnologias e investir em inovação e capacitação. Com o apoio adequado e uma abordagem estratégica, as companhias desse nicho podem se manter como pilares da economia do País”, finaliza Paulo de Tarso.
*Texto produzido pela Deloitte