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Empresas colocam transição energética na pauta, mas indefinições ainda travam buscas por fontes renováveis

Executivas da Deloitte destacaram principais pontos da pesquisa “Agenda”, abrangente estudo sobre iniciativas e expectativas das organizações

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1 de julho de 2024

De olho na adoção de fontes de energia renováveis, as empresas brasileiras vivem um momento de transição rumo a um futuro mais limpo e sustentável, com um mundo de oportunidades à frente e boas práticas de responsabilidade ambiental sendo adicionadas a seus negócios.

A pesquisa “Agenda”, conduzida pela Deloitte – maior organização de serviços profissionais do mundo –, é o mais abrangente estudo realizado no Brasil sobre iniciativas e expectativas das organizações, e detectou que, entre os gestores, fornecedores, clientes e mercado, a transição energética e a responsabilidade ambiental estão em alta. Esses são dois dos principais temas que vêm aparecendo nas mesas de negócio e para os quais as empresas têm um olhar cuidadoso quando se trata de planejamento.

Para contemplar esses pontos na cadeia de negócios, porém, é preciso traçar políticas bem-definidas e jornadas bem-estruturadas. Esse cenário e os desafios foram debatidos em um painel levado ao ar pela TV Estadão com a Deloitte, do qual participaram Maria Emília Peres, líder das Ofertas Integradas da Deloitte Brasil para Clima, Sustentabilidade & Equidade, e Patrícia Muricy, sócia-líder de Energy, Resources & Industrials da Deloitte.

Das 411 empresas consultadas na pesquisa, 71% informaram que já procuram incorporar as boas práticas de responsabilidade ambiental nos negócios, o que é altamente positivo, segundo Maria Emília. Ela destacou que as organizações estão mais conscientes da necessidade dessa abordagem cautelosa para os tópicos da agenda.

“Sem dúvida, vemos um avanço na adoção das políticas de redução das emissões e uma busca muito forte pela eficiência energética. Isso é muito bom de ver, porque passamos de tópicos somente de conscientização para outros que vão efetivar a transição”, afirmou a executiva. Pesquisas e testes-piloto de como essa transição será realizada, focados na utilização de recursos renováveis nas indústrias, vêm sendo conduzidos e estão refletidos na agenda e nas prioridades dos executivos, de acordo com ela.

Outra questão importante é que os programas de sustentabilidade das empresas já estão além das obrigatoriedades regulatórias e efetivamente vêm se preocupando em agregar a transição energética à competitividade do negócio e à reputação daquele determinado setor ou marca, destacou Maria Emília.

“As oportunidades são gigantescas, até porque ainda estamos distantes da meta nessa pauta, que é mundial. Vemos grandes oportunidades de evolução e de prática nas cadeias produtivas. As discussões ainda estão muito dentro das empresas, setores e indústrias. Há muito espaço para engajamento de outros stakeholders, para além das empresas, aqueles que se relacionam com essa cadeia”, disse, acrescentando que isso também está na agenda dos executivos.

Transição energética

Para Patrícia, a busca por novas matrizes energéticas, que também vem aparecendo nas mesas de negócios, ainda apresenta alguns obstáculos iniciais – a pesquisa mostrou que 45% das organizações entrevistadas afirmaram que não farão essa transição, ao menos não neste momento.

“Existem alguns entraves, como a falta de infraestrutura adequada para que se façam esses investimentos e os custos iniciais, que são ainda bem consideráveis. Há ainda a complexidade regulatória, referente às políticas públicas”, considerou a executiva.

Ela dá um exemplo prático: “No caso de uma planta industrial funcionando, hoje, a carvão, o investimento é significativo para mudá-la para outra fonte de energia. Até por isso, o mercado vem discutindo soluções de combustíveis que podem ser empregados nos mesmos equipamentos que aquela empresa já tem, de forma mais fácil e com investimento menor”.

Desse modo, muitas organizações ainda estão avaliando quais são os benefícios econômicos de tal transição, e são muitas as tecnologias disponíveis no mercado. “Existe uma quantidade enorme de caminhos que vão sendo desenhados e, às vezes, há um pouco de dificuldade em definir qual será a solução e onde os investimentos serão feitos.”

O dado mostrado na “Agenda” foi definido pela executiva como preocupante, e reflete a necessidade de uma orquestração por parte de provedoras de tecnologias e autoridades, no que se refere a políticas públicas de incentivos fiscais e marcos regulatórios. “Tudo isso ainda está muito nebuloso, tornando complicado para as empresas aportarem o capital numa nova tecnologia.”

De acordo com Patrícia, as soluções a serem adotadas devem olhar para o todo do País e do planeta, e não serem adotadas setor a setor. Nesse sentido, Maria Emília considerou que não haverá um caminho único, mas sim uma multiplicidade de tecnologias.

“Temos que falar um pouco mais em pesquisa e desenvolvimento e em parcerias entre os setores públicos e privados, o que será fundamental. E não vai existir uma única tecnologia que irá solucionar o problema, mas sim um combinado delas. As empresas devem estar dispostas a buscar várias delas, e ainda mais sob a perspectiva da cadeia. Será uma mudança de modelos de negócio”, apontou.

Você pode assistir novamente a toda a transmissão clicando aqui.

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