Jornada ESG

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Estadão Blue Studio

Empresas brasileiras continuam investindo em fusões e aquisições para ganhar relevância e aumentar eficiência

Operações de M&A são vistas como estratégicas no impulso à transformação das organizações

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12 de janeiro de 2024

As operações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) vêm ganhando uma dimensão importante como impulso à transformação e às mudanças estratégicas das empresas brasileiras, em busca de sinergia, aceleração do crescimento, maior relevância no mercado e aumento da eficiência operacional.

Mesmo em tempos desafiadores, o tema é percebido como um grande facilitador ao crescimento das organizações, como mostra uma pesquisa sobre o assunto lançada recentemente pela Deloitte, a organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo.

O estudo “O futuro estratégico das fusões e aquisições no Brasil: M&A como impulso à transformação”, realizado com 122 organizações, revela que as principais ações executadas por empresas foram adquirir outras companhias (70%), adquirir ativos ou marcas de outras organizações (55%) e adquirir ou investir em startups (45%).

Entre as respondentes, 33% fizeram alguma operação de M&A nos últimos cinco anos. Dessas empresas, 64% pretendem repetir o feito até 2028 (com 24% delas planejando a compra de startups). Esse cenário mostra um alto nível de positividade em relação às estratégias de crescimento dos negócios, entre outros destaques da pesquisa

“As estratégias de M&A têm sido aplicadas não somente para acelerar o crescimento ou conquistar mercado, mas também como oportunidade de acessar novas tecnologias e soluções inovadoras, ampliar a eficiência e atrair talentos especializados”, analisa Venus Kennedy, líder da prática de Estratégia, Analytics e M&A da Deloitte. “São, sobretudo, oportunidades para criar valor e traçar um novo futuro para as organizações.”

Segundo dados da pesquisa, entre as empresas que realizaram operações nos últimos cinco anos, 51% efetuaram pelo menos uma operação, 25% duas ou três, e 24% realizaram quatro ou mais operações – o que evidencia que a busca por crescimento passa por pontos como diversificação e ampliação de mercados estratégicos, de acordo com a especialista da Deloitte.

“A sinergia entre diferentes modelos de negócio, a integração de tecnologias e a aquisição de novos talentos fornecem insumos para que elas ampliem sua eficiência operacional, reduzam custos, diversifiquem portfólio e expandam sua atuação em mercados estratégicos”, afirma.

Tecnologia: IA ganha destaque em M&A

Um dado relevante é a utilização de tecnologia não só como base para as operações – crucial para que elas sejam bem-sucedidas, mas também como fator de aceleração e motivador das fusões e aquisições.

“Os principais motivadores para adoção de estratégias de M&A se relacionaram, principalmente, à busca pelo crescimento e aceleração da tecnologia. Mesmo que em fase incipiente, as organizações estão atentas ao movimento de acelerar sua transição energética por meio de fusões e/ou aquisições”, revela Venus.

A pesquisa indica que a tecnologia vem ganhando espaço a cada nova transformação no ambiente de negócios – ao todo, 61% das organizações participantes do estudo utilizaram inteligência artificial (IA) ou Analytics para apoiar suas operações, principalmente para prever e planejar o cenário após a fusão e identificar oportunidades de mercado.

Ao mesmo tempo, o estudo da Deloitte revela que ainda há grandes oportunidades ligadas à tecnologia na área, já que apenas 18% utilizaram IA ou Analytics para apoiar a precificação do alvo da operação. Com a entrada de mais tecnologia – e há um amplo espaço para isso –, as organizações e os próprios processos ganharão em eficiência e relevância, com um planejamento mais facilitado.

Desafios a vencer

Entre os respondentes que não realizaram fusões e/ou aquisições nos últimos cinco anos (e que também não pretendem fazê-lo até 2028), 53% acreditam que sua organização não está preparada para uma fusão ou aquisição, enquanto 27% veem como principal obstáculo as complexidades jurídica e operacional. Já 22% apontam preocupação com a integração da cultura entre empresas e mensuração incorreta de sinergias. Em se tratando das justificativas para a não realização de operações nos próximos cinco anos, os participantes da pesquisa citaram principalmente o alto custo do processo e dificuldades em obter um valuation correto e assertivo.

Isso mostra a importância de um planejamento muito bem executado a respeito da operação, de acordo com Matt Birtwistle, sócio-líder da prática de M&A em consultoria da Deloitte. “Tais preocupações evidenciam a importância de que esse tipo de operação seja realizado de forma organizada e muito bem mapeada, com o apoio de soluções e profissionais capacitados”, diz.

Marcela Yamamoto, sócia-líder de Valuation da Deloitte, completa: “Muitas empresas deixam de fazer M&A por incertezas dos riscos. Em uma economia dinâmica e com volatilidade, a construção do valuation com a análise de cenários para mensuração de riscos pode ajudar a mitigar as incertezas e fundamentar uma decisão baseada em dados”.

Para o futuro

As constantes transformações no mundo e no ambiente de negócios exigem das organizações um preparo sem precedentes, com alta capacidade de adaptação, de antecipação a eventos, de resposta a crises e, não menos importante, de resiliência, destaca a pesquisa da Deloitte.

Esse contexto também se aplica ao futuro das operações de M&A, voltadas cada vez mais ao crescimento de negócios, para que alcancem novos mercados, novos talentos, inovações e alinhamento às práticas ESG, que farão ainda mais parte do planejamento estratégico das ações.

“Uma pesquisa recente da Deloitte Global sobre alocação de capital destacou a relevância de aspectos ESG na alocação de capital e para as transações de M&A não será diferente. Conduzidas por conselhos e investidores, as empresas estão cada vez mais atentas para métricas ESG e isso é algo que precisará ser mensurado e monitorado nas transações”, comenta Marcela Yamamoto.

Conforme o levantamento, entre as empresas que pretendem, nos próximos cinco anos, realizar uma fusão ou aquisição, são diferentes os motivos pelos quais desejam realizar operações nos próximos anos. Para 66%, a motivação será a aquisição de negócio complementar; 62% apontam a expansão para novos mercados; 58% citam a aquisição como motivo para incorporação de novas tecnologias; já 38% vão apostar na operação como forma de ajustar o portfólio de produtos e serviços, e 25% veem o processo de M&A como oportunidade para mudança na estratégia de negócio.

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