Jornada ESG

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Estadão Blue Studio

Práticas sustentáveis são bem-vistas por executivos brasileiros, mas organizações têm de investir mais

Empresas planejam implementar ações concretas por sustentabilidade e esperam maior amparo governamental

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6 de fevereiro de 2023

A preocupação socioambiental está cada vez mais presente nas organizações. Entre executivos brasileiros, oito em cada dez acreditam que o investimento em práticas ambientalmente sustentáveis traz benefícios econômicos de longo prazo para as empresas. Esse reconhecimento, no entanto, não é necessariamente revertido em ações concretas. Menos da metade desses profissionais (48%) considera ter havido investimentos suficientes em tecnologias que incentivem a redução das emissões de gases causadores de efeito estufa.

A Deloitte mapeou essas tendências na pesquisa “Climate Check 2022”, feita em colaboração com a Oxford Economics. As principais conclusões do estudo, que contou com a participação de 700 líderes de negócios de 14 países, entre eles o Brasil, mostram uma certa distância entre o “querer” e o “executar”.

“A maioria dos executivos e das executivas, em todo o mundo, reconhece a necessidade de lidar com as mudanças climáticas e considera que as organizações podem fazer mais nesse sentido”, avalia Anselmo Bonservizzi, sócio-líder de Risk Advisory e ESG da Deloitte. Essas lideranças, no entanto, ainda pisam em terreno incerto para adotar ações mais efetivas para adequar os modelos de negócio à busca por um planeta mais sustentável ambientalmente, vis-à-vis os seus recursos disponíveis e as expectativas de transformação desejadas.

Para 2023, 37% das lideranças executivas em todo o mundo pretendem acelerar os esforços por sustentabilidade – enquanto no Brasil são 36%. Fatores internos e externos como inflação e questões geopolíticas, todavia, são pontos de preocupação e podem afetar algumas das estratégias corporativas para o tema.

O estudo também mostra que executivos brasileiros (62%) esperam uma participação mais direta dos agentes públicos, com o governo incentivando e até subsidiando boas práticas de sustentabilidade nas empresas, e, por outro lado, atuando para reprimir manobras como o “greenwashing” – prática usada por organizações para mascarar os impactos ambientais de suas atividades –, evitando que práticas desleais sejam usadas em detrimento das empresas que atuam de forma correta.

Ambiente de mudanças

 A área ambiental também apareceu como uma das que devem receber maior atenção das organizações para a resiliência dos negócios, conforme revela outra pesquisa feita pela Deloitte, “Global Resilience Report 2022”, que ouviu quase 700 líderes de negócios globalmente.

De acordo com a pesquisa, resiliência ambiental refere-se à “forma como uma organização trabalha para alcançar o equilíbrio com o mundo natural, fazendo escolhas estratégicas que sejam boas para o meio ambiente e sustentáveis ​​para a organização”.

Assim, as empresas devem defender e aumentar o valor diante das mudanças ambientais não apenas para divulgar dados em relatórios e atender às práticas ESG, mas também para reforçar o papel de protagonismo e liderar a busca por um futuro sustentável.

Um olhar adiante

Anselmo Bonservizzi, da Deloitte, afirma que, ao lançar as sementes para um futuro sustentável, as organizações tornam-se protagonistas na jornada ambiental para uma transição energética eficiente, limpa e justa, capaz de mitigar possíveis efeitos de mudanças climáticas.

“De acordo com os entrevistados da ‘Climate Check 2022’, 84% das empresas já estão executando estratégias de mitigação e 50%, ações de adaptação, mas alguns setores precisarão de maior agilidade”, destaca Bonservizzi. Os dois principais caminhos adotados pelas empresas são: mitigação (o combate às causas de mudanças climáticas) e adaptação dos negócios de modo a engajá-los no combate às alterações já em andamento. As mudanças mais imediatas concentram-se em buscar soluções de implantação mais fácil e rápida, porém sem o impacto significativo que mudanças estruturais, estratégicas ou de transformação vão proporcionar, mas que são mais difíceis e possuem prazo maior de planejamento e implantação.

Como medidas mais concretas a adotar ou preocupações a observar, os executivos brasileiros sugerem atenção prioritária a uma série de pontos, como preservação e restauração de florestas e recifes de corais; combate ao greenwashing; e maior transparência e responsabilidade dos negócios para questões climáticas.

Parcerias em busca de um futuro mais verde

Atuar em parceria com terceiros para enfrentar as mudanças climáticas vem sendo uma das linhas de trabalho das organizações em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Os líderes empresariais brasileiros responderam que essas parcerias – cujo resultado, sobretudo, é o apoio a programas e pesquisas do tema ambiental – ocorrem principalmente com instituições acadêmicas (58%), grupos ativistas (56%), ONGs (44%) e governos locais (42%).

“Pesquisa e desenvolvimento, junto ao tema de incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias, são assuntos que estão em destaque no sentido de ajudar países menos favorecidos a se adequar às normas de baixas emissões de carbono. No Brasil, o financiamento a projetos, o tratamento do lixo, o uso racional de recursos naturais, notadamente a água, e o desenvolvimento de tecnologias de energia limpa são as principais linhas de trabalho”, afirma Bonservizzi.

O especialista da Deloitte destaca ainda a importância da colaboração para a busca de um futuro mais verde e menos agressivo ao meio ambiente. “Isso exige uma postura clara e iniciativas efetivas das organizações voltadas ao desenvolvimento ambiental, às contribuições sociais e à governança”, afirma. “É preciso envolver todos os stakeholders para o progresso em direção a um futuro mais sustentável.”

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