Compartilhe
16 de dezembro de 2022
Integridade corporativa e evolução do compliance são temas que vêm ganhando destaque nas agendas das organizações brasileiras nos últimos anos. Em pesquisa recentemente divulgada, a Deloitte mostrou que as organizações de fato passam por um processo de aprimoramento dessas áreas, mas elas ainda devem avançar na estruturação do compliance de forma mais robusta e estratégica.
Em transmissão ao vivo feita pela TV Estadão, em uma realização do Estadão Blue Studio em parceria com a Deloitte, três especialistas estiveram debatendo a questão e os resultados do estudo, intitulado Integridade Corporativa no Brasil: evolução do compliance e das boas práticas empresariais nos últimos anos.
Segundo eles, nos últimos anos, os pontos de atenção aumentaram muito diante das novas demandas de negócios, regulatórias e sociais. As organizações vêm buscando adotar práticas de controle com impactos no longo prazo e programas mais estruturados. “Nos últimos anos, houve uma elevação muito grande no processo de reporte aos membros de conselhos, integrantes de comitês. E, cada vez mais, o programa de integridade faz parte da agenda do C-level”, analisa Alex Borges, sócio-líder de Riscos Estratégicos e Regulatórios da Deloitte.
As empresas devem ainda olhar atentamente para os riscos de seus parceiros de negócio, bem como criar, manter e incentivar o uso de canais internos de comunicação eficientes para denúncias de más práticas, fortalecendo assim seus processos.
Borges afirma que nas atuais cadeias de negócios, integradas e complexas, as empresas tendem a considerar cada vez mais, até por força de regulações e normas, os riscos relacionados a terceiros. “E mais do que isso, a avaliação de riscos na cadeia. Não é só se preocupar com terceiros, com a mudança de cultura, mas principalmente poder monitorar esses riscos empresariais – sejam reputacionais, trabalhistas, tributários, financeiros e até cibernéticos.”
Quanto à dedicação das empresas em manter canais eficientes para receber denúncias de más condutas, o especialista afirmou que houve resultados importantes trazidos pela pesquisa sobre esses avanços.
Fabio Kenzo, diretor de Riscos Estratégicos e Regulatórios da Deloitte, avalia que um dos temas mais relevantes nos quais os times vêm atuando é o reforço às políticas e aos procedimentos das empresas. “Quais são as regras pelas quais a empresa opera, seguindo as boas práticas de compliance e anticorrupção? É um trabalho de quatro mãos com a área de negócios, para avaliar em que pontos há riscos”, explica.
A avaliação dos programas e das medidas adotados para mitigação dos riscos, o monitoramento periódico do que ainda está exposto e a prevenção à lavagem de dinheiro, com o monitoramento das transações, completam os principais tópicos, de acordo com a pesquisa, em que as áreas de compliance vêm trabalhando.
Para Camila Araújo, diretora de Governança, Riscos e Conformidade da Eletrobras e coordenadora da Plataforma Anticorrupção do Pacto Global da ONU no Brasil, se vê uma crescente procura das empresas por protagonizar melhorias em seus processos internos e nos seus mecanismos de conformidade. “Só em 2022, tivemos um aumento de 140% de empresas engajadas com a plataforma anticorrupção do Pacto Global. Mais do que dobramos esse número e aumentamos também as ações coletivas, com o aumento de grupos focados na atuação em indústrias ou setores de indústrias que demandam mais atenção aos aspectos de corrupção, focando em atividades e empresas que estão buscando melhorar a sua cultura de integridade.”
Camila avalia que houve uma evolução muito grande na postura das empresas desde quando a Lei Anticorrupção foi sancionada – ocasião em que foram estruturados os códigos de ética e políticas anticorrupção. “Hoje, já observamos uma sofisticação desses mecanismos. O código de conduta e os mecanismos de controle já são inseridos no dia a dia das organizações e já vemos um robustecimento das práticas.”
Entre elas, as que buscam analisar temas mais complexos como conflitos de interesse e lavagem de dinheiro. “Tudo isso para ficar à frente, não atrás, de quem pratica más condutas. Uma postura que se antecipa a condutas irregulares, criando mecanismos que sejam preventivos”, diz a especialista.
Você pode assistir à integra da transmissão pela TV Estadão