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18 de abril de 2020
O Plano de 100 Dias traçado pela Deloitte lista seis ações a serem adotadas imediatamente para assegurar às empresas uma travessia mais tranquila da crise e planejar a continuidade de seus negócios com o mínimo de impacto possível, no novo ambiente após a crise da Covid-19. O tema foi levado ao ar em live na TV Estadão (veja na íntegra).
De acordo com Ronaldo Fragoso, sócio-líder de respostas da Deloitte para a crise da Covid-19, é fundamental dar os primeiros passos agora, atuando com foco e adotando uma visão de longo prazo para garantir o máximo de estabilidade durante e após a pandemia. “É uma crise sem precedentes, e ao contrário das anteriores não é de segurança nem apenas financeira e sim de saúde – e por isso afetou a sociedade como um todo”.
Fragoso afirma que a ideia do plano é listar questões importantes dentro das seis principais áreas de impacto: governança da crise, gestão dos colaboradores da empresa, administração dos impactos financeiros, atenção à cadeia de suprimentos e operações, reforço na proximidade junto a fornecedores e clientes e bom uso da tecnologia e meios digitais como forma de suporte na superação do momento e mesmo no pós-pandemia.
O sócio da área tributária da Deloitte, Luiz Rezende, explica que a abordagem para a crise, feita pelo Plano de 100 dias, é propor um tempo de resposta diante da incerteza e digeri-la na primeira reação, em um período curto, com foco na sobrevivência da companhia. “São escolhas nem sempre fáceis, com tomadas de decisões a partir de dados incompletos, sacrificando a precisão pela velocidade. Esses primeiros três meses caracterizam a parte mais crítica do planejamento do caminho a seguir”.
O primeiro ponto fundamental, explica Fragoso, é estabelecer uma política centralizada de governança à crise, evitando que cada colaborador atue de um jeito, para evitar atropelos. A transparência na comunicação deve ser total, para evitar inseguranças.
“As empresas precisam verificar se há um comitê de crise e um grupo de emergência para atender às pessoas”, diz ele, que sugere a presença de técnicos da área médica para engatar um processo mais eficiente.
A segunda área compreende a gestão das pessoas, ainda mais por conta do caráter da crise atual, a saúde. O levantamento e o acolhimento dos colaboradores porventura afetados com o coronavírus, bem como de suas necessidades familiares, deve ser bem feito e mantido constantemente. “É importante que as organizações ajudem a preservar o corpo de colaboradores para dar diretrizes e ajudar as pessoas a enfrentarem a crise”, diz Rezende. “Depois, a empresa deve olhar atentamente os mecanismos de gestão de pessoas que o governo colocou em vigor”.
A terceira dimensão é igualmente importante: o mapeamento dos impactos financeiros. Ato contínuo a uma crise desse porte – com o risco de parar a operação de maneira abrupta – é necessário saber imediatamente como preservar o caixa, garantir a liquidez, honrar pagamentos junto de funcionários e fornecedores, avaliar a necessidade de busca de linhas de crédito e as alternativas de ajuda oferecidas pelo governo, como recursos financeiros – tudo para evitar problemas reais. “Essa simulação do fluxo de caixa nessas 13 semanas é entender o que acontece em cada mês e pensar em alternativas para criar fôlego”, afirma Fragoso.
Olhares bastante atentos em direção à cadeia de suprimentos e operações e também, na outra ponta, sobre clientes e receitas geradas por eles, compreendem outros pontos do plano. “Existem interesses comerciais que devem ser sobrepostos nesse momento para que as empresas comecem a trabalhar em conjunto, tirando um pouco o foco de negócios que eventualmente não dão retorno para se concentrarem mais no core business”, de acordo com Rezende.
É preciso ainda uma atenção especial para a tecnologia no ambiente corporativo. Ferramentas para acesso e trabalho remoto, preparação da infraestrutura para novos padrões de tráfego (incluindo segurança e capacidade de rede), estrutura e equipes de tecnologia da informação adequadas e criação (ou reforço) dos canais virtuais devem estar no radar das organizações. “Historicamente, é na guerra que se desenvolvem tecnologias de soluções e produtos”, compara Fragoso. “A necessidade faz com que as empresas se movimentem e adotem alternativas bastante criativas”.