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12 de setembro de 2017
O processo de gestão de riscos vem conquistando cada vez mais importância no ambiente empresarial e o mercado brasileiro tem mostrado relevante grau de maturidade quanto à formalidade e à estruturação desse processo, agregando qualidade ao seu ambiente de controles internos, porém ainda há necessidade de evolução.
“Está na agenda hoje assegurar que os processos e controles sejam realizados em conformidade com as regras estabelecidas. Há um fortalecimento e maior rigor no cumprimento das regulamentações, além de nível elevado de cobrança e transparência dos Conselhos de Administração”, argumenta Leonardo Moretti, diretor da área de Risk Advisory da Deloitte.
Alex Borges, sócio da mesma área na empresa, completa: “as companhias, cada vez mais, estão analisando seus riscos institucionais (de imagem, reputação, estratégicos, cibernéticos, financeiros e etc.) através de seus instrumentos de gestão e de controle, para que eventuais riscos sejam mitigados”.
Levantamento realizado pela Deloitte – com base em formulários de referência divulgados ao mercado pelas companhias e disponibilizados no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – abordou as principais organizações de capital aberto do Brasil nos seus diferentes níveis de Governança Corporativa (Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado) e em distintas indústrias.
De forma a analisar como a gestão de riscos e o processo de controles internos estão efetivamente implementados nas organizações, a análise apontou que a maioria das empresas listadas no Nível 1 ou Nível 2 já apresentam políticas de risco formalizadas, enquanto essas práticas vêm sendo implementadas e fortalecidas nas empresas listadas no Novo Mercado. Borges complementa: “a prática está em processo de evolução na gestão empresarial das organizações, nas quais as definições vêm sendo melhor estabelecidas e alinhadas ao apetite e tolerância aos riscos empresariais”.
Desafios e papel da alta administração
Quanto aos desafios que as empresas têm enfrentado para implementação da gestão de riscos e controles internos, Leonardo Moretti alerta que o grande desafio é que órgãos de governança reconheçam o real valor dessas áreas para os negócios. “É fundamental que vejam o trabalho desenvolvido como diferencial, que pode levar a empresa a outro patamar de gestão no processo de riscos e controles”, comenta.
Moretti argumenta também que a instituição alcança um programa eficaz de gestão de riscos e de controles internos quando a alta administração direciona esforços para isso. “Quando não há muito patrocínio da elite do grupo com relação a estas funções ela não acontece na prática, fazendo com que os resultados gerados não sejam efetivos. A alta administração tem que comprar a ideia e fazer acontecer, tem que acreditar que esse programa vai agregar valor ao negócio.”
Segundo Alex Borges, para que a gestão de riscos e de controles internos seja eficaz e assegure a adequada tomada de decisão e de transparência ao mercado, são necessários:
- processo de aculturamento contínuo;
- compreensão do valor da gestão de riscos e controles internos pela alta administração e órgãos de governança;
- definição clara do apetite e tolerância a riscos e a formalização da política de riscos;
- processo de gestão de riscos adequado à realidade do negócio (não há processo comum a todas as organizações);
- entendimento do que deve ser reportado e a quem se reportar.