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Estadão Blue Studio

Mudanças regulatórias desafiam instituições financeiras

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23 de maio de 2017

As frequentes mudanças regulatórias propõem uma série de desafios às instituições financeiras. As atenções do setor estão voltadas à Resolução 4.557 do CMN (Conselho Monetário Nacional), conhecida no mercado como GIR (Gestão Integrada de Riscos), que determina aspectos mínimos a serem considerados nas estruturas de gestão de riscos. As instituições de maior porte têm até agosto deste ano para implementação das ações propostas. Para as demais, o prazo termina em fevereiro de 2018.

O objetivo da Resolução é consolidar as obrigações regulatórias já existentes, que eram espalhadas em várias normas distintas, e incluir novas exigências, buscando estar em linha com as diretrizes internacionais contidas, principalmente, no Comitê de Basileia (espécie de fórum mundial para discutir e reforçar a regulação, a supervisão e as melhores práticas no mercado financeiro).

Marcello De Francesco, sócio da área de Risk Advisory da Deloitte, explica que o maior desafio é saber como atender à Resolução, buscando o equilíbrio entre os investimentos necessários para reforçar as estruturas de gerenciamento de riscos e o retorno dos negócios de forma a agregar valor aos acionistas, clientes, funcionários e demais stakeholders.

“Não é desejável uma estrutura superdimensionada, que inclusive pode burocratizar ou reduzir a eficiência da instituição na geração de negócios”, afirma Francesco. “Por outro lado, o compliance em relação às novas regras não é algo negociável, tem que ser atendido de forma eficiente e bem desenhada”, pondera.

As estruturas de gerenciamento de riscos e de capital devem considerar aspectos de governança (estratégias, políticas, responsabilidades, tomada de decisão), processos (rotinas, procedimentos), tecnologia (sistemas, bases de dados), metodologias (modelos qualitativos e quantitativos, métodos de gerenciamento) e pessoas (treinamento, aculturamento).

Cenário brasileiro

No Brasil, há diferentes níveis de maturidade no gerenciamento de riscos. Nas maiores instituições, principalmente as que atuam no varejo, as estruturas de riscos e capital são mais robustas e sofisticadas, fruto de grandes investimentos realizados nos últimos dez anos, para atendimento aos requisitos do Acordo de Basileia II.

Já as instituições um pouco menores – e que são subsidiárias de conglomerados internacionais -, possuem estruturas mais enxutas, porém têm um nível elevado na gestão de riscos, pois precisam cumprir obrigações determinadas por suas matrizes, normalmente sujeitas a regulamentações rigorosas.

“Os maiores desafios são voltados às instituições menores com controle nacional, que normalmente possuem estruturas mais enxutas, com pouco nível de sofisticação, e terão que realizar investimentos importantes para atendimento à nova resolução”, observa Francesco. Um atenuante é a segmentação em cinco níveis, determinada pelo Banco Central, estabelecendo que quanto menor o porte da instituição, menos rigorosas as obrigações, comentadas a seguir pelo consultor:

·       Postura prospectiva na avaliação de riscos: não é suficiente somente observar o que aconteceu no passado, mas também traçar cenários do que pode vir a ocorrer no futuro e que possa impactar a instituição;

·       Passa a ser obrigatório formalizar uma declaração do apetite por riscos;

·       Testes de estresse devem ser mais robustos e completos;

·       Critérios para cálculo da perda esperada mais alinhados às novas normas internacionais (IFRS9);

·       Critérios mais exigentes para gerenciamento de risco de crédito, de mercado e liquidez;

·       Elaboração e implementação de plano para gerenciamento de capital;

·       Deve ser designado um CRO (Chief Risk Officer), líder da área de riscos nas instituições, com obrigações específicas e com voz ativa na diretoria e no Conselho de Administração.

Muito além dos processos

Francesco alerta que, mesmo considerando todo o nível de sofisticação de sistemas tecnológicos, metodologias, modelos quantitativos necessários para a gestão integrada de riscos, não se pode esquecer que, por trás de toda essa estrutura, estão as pessoas.

“Qualquer plano de implementação deve considerar, em primeiro lugar, quais profissionais serão responsáveis por cada tema e investir na sua formação e capacitação. No final do dia, são eles quem irão desenhar, executar e monitorar os novos processos e tecnologias envolvidos”, complementa.

Pesquisa sobre Gestão de Riscos

A 10ª edição da Pesquisa Global Risk Management, elaborada este ano pela Deloitte, aponta que as maiores instituições financeiras locais, assim como aquelas que possuem matrizes no exterior, estão aderentes a essa tendência. Já nas demais instituições, a responsabilidade pela gestão de riscos é compartilhada entre executivos que exercem outras atribuições, principalmente administrativas.

Íntegra da Pesquisa Global Risk Management 2017

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