A última quarta-feira foi um dia muito importante para a saúde brasileira e mundial. Representantes do Instituto Butantan e da farmacêutica MSD se uniram para assinar um acordo de colaboração de tecnologia e em pesquisa no desenvolvimento de suas vacinas contra a dengue. “Juntamos esforços para proteger a população”, disse Michael Nally, presidente global da divisão de vacina da MSD. O medicamento,que está sendo produzido pelo Instituto Butantan, ligado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, é uma grande promessa: promete prevenir contra os quatro tipos do vírus da dengue. “Ele já está na fase 3 de pesquisa, o que significa que está sendo testado em humanos, e está apresentando uma taxa de proteção maior que 80%”, contou Alexander Precioso, diretor do Instituto Butantan.É a primeira transferência de know-how feita entre um laboratório brasileiro e uma empresa farmacêutica global no desenvolvimento de vacinas.

 

O evento contou também com palestras de especialistas na área, e eles chamaram atenção para a importância da vacinação. “Estamos sofrendo com surtos de doenças que já estavam erradicadas. O sarampo, por exemplo. E isso é um sinal da diminuição da cobertura vacinal, que vem acontecendo ao longo dos últimos anos”, disse a pediatra Monica Levi, uma das diretoras da Sociedade Brasileira de Imunizações,membro do Comitê de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo e da Sociedade Latino-americana de Infectologia Pediátrica. Ela chamou a atenção para o fato de que muitas pessoas têm a ideia errada de que, se uma enfermidade não está acontecendo, não precisa de proteção. Na verdade, se ela não está mais fazendo vítimas é porque foi controlada por meio da imunização da população, que, se não for feita da maneira adequada, permitirá o aparecimento de  novos casos. As campanhas antivacina, que pregam que as pessoas não devem receber esse tipo de proteção, pioram ainda mais esse cenário. “As vacinas também são um ato de responsabilidade social”, afirmou Levi.

Adultos também devem se vacinar

Outro equívoco bastante comum quando se trata desse assunto é que vacina é coisa de bebê. O calendário brasileiro de imunização,que é o mais completo da América Latina (veja quadro ao lado), conta com doses da primeira infância à terceira idade. “Elas são imprescindíveis em todas as faixas etárias, e a indicação de idade deve ser repeitada, pois a resposta do organismo mais jovem é mais efetiva do que a de um mais velho”, disse a infectologista Rosana Richtmann, diretora do Departamento de Infectologia e diretora científica do Centro de Imunização do Hospital e Maternidade Santa Joana.

Todos os especialistas presentes no encontro chamaram a atenção para o risco das fake news sobre as vacinas, como as de que elas podem matar, infectar ou mesmo engravidar pessoas. Isso leva a ideias erradas sobre a imunização e, consequentemente, aumenta as chances de a população aderir menos ainda a essa proteção.“É muito importante que as pessoas chequem a fonte da informação antes de acreditar nela”, disse Richtmann.