28 de julho de 2017

Cinco tendências para o setor de seguros

Mais um mercado está se redefinindo com a evolução dos meios digitais. Saiba em que ponto está sua empresa e corra para colocá-la na rota certa

A era da experiência também está impactando a área de seguros. Nesse ponto, já não falamos mais em novas ferramentas digitais. A conversa é sobre novas relações entre empresas e mercados e, claro, entre companhias e pessoas. Os clientes não irão mais se adaptar às novas tecnologias. Agora, elas é que precisam se adaptar a eles.

Uma pitada desse relacionamento promissor: atualmente, empresas de tecnologia estão se unindo a fabricantes de veículos para tornar viáveis planos de seguros para carros autônomos, para entender o motorista em sua individualidade e ajudá-lo a dirigir melhor e, assim, mudar seu perfil de risco. Por outro lado, empresas de seguro residencial colaboram com players da área de automação para criar casas conectadas e protegidas. Seguros de vida criam sistemas que ensinam as pessoas a terem rotinas mais saudáveis. E o avanço em Internet das Coisas monitora as taxas de sucesso por meio do uso de gadgets no dia a dia.

“Gosto de dizer que o seguro é um remédio para um problema que já aconteceu, como uma casa alagada. A tecnologia tem potencial para mudar esse papel. Em vez de remédio, vira ferramenta de proteção”, avalia Raphael Araújo, diretor executivo da área de Financial Services da Accenture no Brasil.

Esse novo estilo de atuar traz relevância às seguradoras e permite que elas sobrevivam em um novo contexto. “Muitas pessoas provavelmente nem se lembram qual é o nome da empresa que usam se nunca precisaram acionar o seguro. Mas se ela está todo o dia lembrando o cliente da manutenção do carro ou de ingerir mais água ou um remédio, por exemplo, ela ganha valor.”

Novos mercados, novas tecnologias, novas relações: ganha-ganha para todos os envolvidos

Duas empresas francesas, chamadas Groupama e Europ Assistance, já oferecem serviços assim a seus públicos de idade avançada. Esta última criou o Connect et Moi, uma plataforma que aprende sobre a rotina dos clientes usando detectores de movimento e outros sensores. Assim, pode enviar alertas quando nota mudanças repentinas – por exemplo, um tempo maior no banheiro sem se mover ou idas menos constantes à cozinha, o que pode ser indicativo de um quadro futuro de desnutrição.

As novidades alcançam até mesmo seguros para lavouras. A empresa global Swiss Re fechou parceria com a província chinesa de Heilongjiang e com a Sunlight, companhia de seguros focados em agricultura, para oferecer produtos que protegem fazendeiros contra riscos de catástrofes naturais. Juntas, elas oferecem soluções de alta tecnologia baseadas no monitoramento do clima e das enchentes.

Para que isso vire realidade no Brasil, é preciso fortalecer a confiança entre todos os envolvidos na cadeia de seguros, principalmente nos corretores. Hoje eles realizam boa parte das demandas, como cotações de apólices, aberturas de sinistros e detecção de fraudes. Existe a perspectiva de que no futuro essas tarefas sejam realizadas, pelo menos em parte, por robôs. As seguradoras devem focar no treinamento para que sua força de trabalho funcione junto com as máquinas, supervisione seus resultados e alcance, assim, patamares mais elevados de excelência.

“Vemos esses limites como um campo importante de análise para construir uma visão de longo prazo. É possível investir de modo comedido, plantar sementes e testar algumas ideias. Num momento econômico mais propício, quem fizer isso poderá sair na frente”, afirma o executivo.

Veja a seguir as cinco principais tendências mapeadas pela Accenture no estudo chamado “Technology Vision for Insurance 2017”, uma pesquisa conduzida com mais de 500 executivos em 31 países, incluindo o Brasil. Elas ajudam a entender o novo momento e a traçar metas condizentes com ele.

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    1. A inteligência artificial é a nova interface com os clientes

    A inteligência artificial ajuda a simplificar interfaces entre clientes e serviços. Nesse sentido, chatbots e assistentes virtuais bem programados podem direcionar demandas com rapidez, gerando senso de satisfação. Isso se aplica a um conselho dado por um robô sobre o seguro automotivo com melhor custo-benefício, por exemplo. “Os apps devem morrer e, no lugar, ficam assistentes virtuais como a Siri. Eles serão porta-voz das seguradoras”, diz Raphael Araújo, da Accenture.

    Fique de olho:
    85% dos executivos entrevistados na pesquisa da Accenture afirmam que investirão pesado em tecnologias relacionadas à inteligência artificial nos próximos três anos.
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    2. O poder do “nós”

    As empresas precisam sair da zona de conforto e se aliar a outras companhias e a plataformas totalmente novas. Fazer parte de um ecossistema torna possível garantir relevância. A General Motors não se considera mais uma fabricante de carros, mas uma companhia de transporte sob demanda. Em 2016, investiu US$ 500 milhões na plataforma Lyft e lançou o Express Drive Service, que permite alugar carros direto da GM.

    Fique de olho:
    76% das pessoas ouvidas dizem que a vantagem competitiva não será determinada por suas empresas sozinhas, mas pela força dos parceiros e dos ecossistemas que escolherem.
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    3. Trabalho líquido

    O trabalho sob demanda e remoto já é realidade para muitas empresas. As hierarquias estão sendo dissolvidas em nome de uma estrutura que permita que novos talentos apareçam. Isso deve se manter para que exista campo fértil para novas ideias e para a velocidade de implantação, duas condições fundamentais para a inovação. Plataformas como a Freelancer e a Gigster ajudam a monitorar a produtividade dos colaboradores, enquanto o Google Hangouts conecta as pessoas onde quer que elas estejam.

    Fique de olho:
    62% dos executivos planejam aumentar a contratação de freelancers em 2018; 75% acreditam que a burocracia interna sufoca a produtividade e a inovação, restringindo a habilidade de evoluir rápido como fazem os competidores digitais não-tradicionais.
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    4. Design para humanos

    Ao mesmo tempo em que a tecnologia encolhe o gap entre humanos e robôs em nome de serviços e produtos mais satisfatórios, cresce a obsessão por experiências únicas, personalizadas e capazes de construir um vínculo sólido. Ferramentas de inteligência artificial e a Internet das Coisas permitem reunir e analisar dados de comportamento em tempo real. Conhecer hábitos é poder na economia digital. As empresas podem agora ter insights verdadeiros sobre o que as pessoas pensam, desejam e como reagem. No mercado de seguros para carros, isso significa conhecer vícios de direção, ajudar o motorista a dirigir melhor e, assim, diminuir riscos e valores de cobertura.

    Fique de olho:
    83% dos entrevistados concordam que as empresas que souberem o que motiva o comportamento humano e criarem experiências de acordo com isso serão as próximas líderes.
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    5. Ajude a desenhar uma nova ética

    Novas indústrias estão no horizonte, assim como novas regras, exigidas pela economia digital e a disrupção que ela provoca. Isso representa uma oportunidade para empresas, que podem ajudar a regular seus setores. O blockchain é visto como principal aliado nesse processo. Trata-se de uma tecnologia que permite transações de confiança compartilhadas em rede, com transparência. Empresas como a Allianz, Munich Re, Swiss Re e Zurique formaram, em 2016, um consórcio para descobrir se o blockchain pode ser usado para desenvolver padrões e processos e catalisar os ganhos de eficiência no setor de seguros. O projeto conta com novos membros desde o anúncio, incluindo a Liberty Mutual. Atualmente, desenvolve uma plataforma compartilhada para troca de contratos e testará um protótipo neste ano.

    Fique de olho:
    33% dos que responderam à pesquisa planejam usar blockchain nos próximos dois anos; 36% adicionaram a tecnologia à agenda.

Monte um plano de 365 dias para colocar sua empresa na vanguarda do setor

Gostou das tendências? Veja como segui-las e, ao longo de um ano, inserir sua companhia em um novo patamar.

  • Crie e implemente personas digitais cada vez mais sofisticadas, capazes de interagir com os consumidores;

    Desenvolva uma área de analytics para coletar e analisar insights que vêm dos clientes;

    Crie centros de robótica e inteligência artificial para fazer projetos em escala;

    Desenhe uma nova jornada do consumidor onde a inteligência artificial é embaixadora da marca para se comunicar, atender a demandas e engajar;

  • Estenda uma parcela significativa dos negócios a uma plataforma de terceiros ou a um agregador digital. Ingresse em um ecossistema emergente;

    Prepare a base para expandir seu ecossistema, fazendo um investimento significativo em uma empresa novata ou joint venture de uma área crítica para a transformação da organização;

    Use uma parceria existente para construir seu próprio ecossistema. Faça a seleção com base em pontos fortes complementares, como plataformas maduras ou serviços digitais promissores;

    Crie uma equipe multifuncional para orientar esforços de longo prazo;

  • Eleja áreas do negócio que já contam com trabalho remoto e use-as como piloto para engajar freelancers, com a ajuda de novas plataformas;

    Com as lições extraídas dos dois projetos-piloto, defina uma estrutura de governança para gerir as políticas para freelancers e as melhores práticas;

    Crie uma competição interna para ver quem monta primeiro uma equipe totalmente nascida de uma área interna. Acompanhe o progresso desse time, capture lições do processo e compartilhe;

    Elimine as fronteiras entre a organização interna e o ecossistema externo;

  • Identifique pelo menos três cases de negócios para focar em comportamentos que promovam resultados positivos ligados a produtos existentes e futuros;

    Depois, eleja times dedicados a descobrir oportunidades para melhorar a qualidade do que consumidores e colaboradores recebem;

    Crie um código de ética e comece a estudar o comportamento humano para entender que tipo de ações sua tecnologia desperta – ou deixa de despertar;

    Identifique organizações que engajam clientes e funcionários antes e depois de criar esse processo na empresa. Compartilhe resultados para enriquecer o entendimento do negócio ao longo da jornada;

    Desafie as equipes de produto a usar insights comportamentais para ajudar indivíduos a alcançar objetivos pessoais;

  • Identifique a interseção entre as indústrias em que você opera, onde você está crescendo e quais são as oportunidades para novos ecossistemas. Crie uma estratégia para iniciar um novo ecossistema e acelerar seu crescimento em novos mercados;

    A partir do seu banco de dados, crie sistemas que usem tecnologias de governança integrada e soluções baseadas em blockchain;

    Torne público seu modelo de governança e reconheça a influência que sua empresa já possui para otimizar os comportamentos que deseja encorajar;

    Selecione uma única área inicial de inovação para se envolver com a regulação governamental. Estabeleça uma política de contato com as várias partes interessadas;

Mais: veja aqui planos que englobam os próximos 100 dias (em inglês).

Quer saber como a Internet das Coisas pode impactar o mercado de seguros? Este vídeo, em inglês, antecipa o futuro:

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