Boas práticas

08 de julho de 2016

Como as empresas transformam desafios globais em oportunidades

Questões relevantes na sociedade como a pobreza, a fome e o acesso desigual à saúde e à educação ganham cada vez mais atenção por parte das companhias. Consumidores estão mais conscientes e engajados na hora de escolher produtos e serviços de empresas socialmente comprometidas.

As tecnologias digitais, por sua vez, já permitem acesso a elevado volume de informações tanto pelos consumidores como pelas empresas. A digitalização figura como parte fundamental da mudança de postura necessária para acompanhar a agenda global de desenvolvimento sustentável, como mostrou o Fórum Econômico Mundial 2016, realizado em Davos.

O evento contou com a participação da Accenture, que apresentou um relatório sobre como algumas companhias já ajudam a alcançar os 17 desafios globais propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU), prática que, além de contribuir com as mudanças na sociedade, traz ganhos para os negócios.

Os 17 desafios estão descritos no documento chamado Sustainable Development Goals (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, em tradução livre) e fazem parte de uma agenda comum adotada em setembro de 2015 por diversos países, em continuidade aos Objetivos do Milênio.

A expectativa da ONU, que também estabeleceu 169 metas subjacentes para garantir a mensuração dos avanços, é que os 17 desafios sejam alcançados nos próximos 15 anos.

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Confira a seguir quais são os 17 desafios globais e como as companhias têm agido para realizar as transformações necessárias:

1) Não à pobreza: a montadora alemã Daimler AG fez uma parceria com o Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia (POEMA), implantado no Pará, para construir uma fábrica de alta tecnologia que manufatura encostos de cabeça e assentos para automóveis a partir da fibra de coco, cultivado na região. O empreendimento beneficiou a economia local, empregando mais de 5.200 pessoas.

2) Fim da fome: a transportadora TNT juntou-se à ONU para combater a fome, cedendo serviços de transportes, frota e gestão de depósito. Ao todo, foram executados 114 projetos. Entre eles estão os dirigidos à Ásia, após o tsunami de 2004, e ao Paquistão e ao Haiti, em função dos terremotos de 2005 e de 2010, respectivamente.

3) Saúde e bem-estar: um projeto desenvolvido na Ásia, África e América Latina pela marca de sabonete Lifebuoy, da Unilever, ajudou a melhorar os hábitos de higiene, especialmente o de lavar as mãos, de um bilhão de pessoas. Esse simples ato de higiene pode reduzir em 45% a incidência de morte por diarreia em crianças menores do que 5 anos e em 23% a mortalidade infantil por pneumonia. O hábito saudável também ajuda a prevenir doenças como Ebola e cólera, ainda fatais em muitos países em desenvolvimento.

4) Educação de qualidade: o Grupo Dangote, maior conglomerado industrial da África Ocidental, investiu perto de 6,5 milhões de dólares na Academia Dangote, na Nigéria, para enfrentar a dificuldade de encontrar profissionais com as habilidades técnicas de que precisa. A iniciativa está ajudando a baratear o processo para encontrar novos talentos, enquanto auxilia jovens locais a ter acesso à formação profissional.

5) Igualdade de gênero: a Care.com, empresa americana que ajuda a encontrar serviços de limpeza, babá, cuidados com animais, entre outros, criou um programa que garante às mulheres os cuidados de que precisam para continuar trabalhando e sustentando suas carreiras, sem precisar abandonar projetos profissionais.

6) Água limpa e saneamento: na África do Sul, a fabricante de bebidas SABMiller encontrou problemas operacionais por conta da qualidade da água. Isso fez com que adotasse uma solução além do negócio, envolvendo a comunidade local e outros stakeholders. Assim, conseguiu reduzir o consumo de água em aproximadamente 23 bilhões de litros, em comparação ao registrado por todas as cervejarias, em escala global, em 2008.

7) Energia limpa e acessível: a multinacional francesa de petróleo e gás Total tem diversificado seus negócios, de olho em recursos renováveis. A companhia está investindo US$ 223 milhões para transformar sua não lucrativa refinaria de petróleo LeMede numa fábrica de biocombustível. A empresa também planeja investir US$ 500 milhões anualmente para desenvolver a capacidade de gerar energia renovável.

8) Trabalho decente e crescimento econômico: a americana SunEdison, que fornece energia renovável, juntou-se à Fundação Rockefeller para implantar mais de 100 usinas de energia solar na Índia. A iniciativa gera valor compartilhado. Ao mesmo tempo, permite que os moradores usem energia limpa e cria uma nova base de clientes para a empresa.

9) Inovação industrial e infraestrutura: o Google lançou o Sidewalk Labs para alavancar a tecnologia em prol da vida urbana. Trata-se de uma incubadora que prevê lidar com questões como custo de vida, consumo de energia e transporte.

10) Desigualdades reduzidas: o conglomerado indiano ITC lançou o projeto “e-Choupal”, que garante acesso à internet a empresários rurais. O objetivo é levar informações úteis aos seus negócios e melhorar a qualidade de vida dos agricultores. Por outro lado, também ajuda a empresa a gerir melhor sua cadeia de abastecimento.

11) Cidades e comunidades sustentáveis: a alemã E.ON, do setor de energia, está criando uma infraestrutura de energia integrada para um distrito inteiro na cidade de Malmo, na Suécia. A eletricidade será totalmente gerada por fontes renováveis. Canais de comunicação irão ajudar a minimizar as perdas e atender a altas exigências.

12) Consumo e produção sustentáveis: a Michelin criou um modelo de negócios inovador de reciclagem de pneus que estejam no fim de sua vida útil. Entre os benefícios mais evidentes, estão o prolongamento do tempo de uso dos recursos e a redução no volume de descartes, o que contribui com o meio ambiente e traz melhores resultados financeiros. A medida também promove maior segurança nas rodovias, uma vez que clientes costumam devolver pneus muito velhos e que causam riscos.

13) Ação climática: o inovador carro elétrico da Tesla Motors foi criado para não emitir poluentes. É carregado com energia equivalente à usada por um forno de cozinha. O lançamento tem ajudado a empresa a construir sua imagem de marca e a aumentar o lucro, ao mesmo tempo que gera impactos positivos no clima.

14) Vida na água: a rede britânica de supermercados Tesco adotou uma política sustentável voltada à compra de frutos do mar, baseada nas recomendações da ONG Marine Stewardship Council. Além de melhorar a imagem da marca, essa iniciativa pode ajudar a empresa a gerar demanda por novas espécies de peixes criados de maneira sustentável.

15) Vida na terra: a madeireira americana Weyerhaeuser tem sido ativa na agenda de manejo florestal sustentável – com mais de 198 mil acres de terra atendendo a padrões ambientais. A companhia busca ativamente as certificações florestais adequadas.

16) Paz, justiça e instituições fortes: no Sri-Lanka, os 30 anos de uma guerra que acabou em 2009 deixaram a indústria de laticínios bastante atrasada. Ao acelerar seus esforços e aumentar a oferta de leite fresco, a Nestlé Lanka permitiu o reassentamento de populações deslocadas pelo conflito e gerou subsistência para 18 mil trabalhadores do campo.

17) Parceria para alcançar objetivos: a MasterCard Aid Network, uma solução de tecnologia de ponta a ponta criada em parceria com organizações humanitárias, pode garantir ajuda rapidamente e com segurança, mesmo na ausência de conectividade. Já foram ajudadas 15 mil pessoas no Iêmen e 9 mil nas Filipinas por meio de programas gerenciados pela ONG World Vision (Visão Mundial, em tradução livre).

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