Esta é a tendência que as empresas, dos mais diversos segmentos, devem adotar para obter o melhor retorno sobre seus investimentos em tecnologia. Ao compreender a importância de funcionários e clientes em suas estratégias de negócios, as organizações reconfiguram relações de trabalho e consumo para uma nova etapa da era digital.
O Accenture Technology Vision 2016, estudo anual realizado pela Accenture, descreve esse momento e lista cinco tendências (abaixo) que modificarão estratégias de atuação e relações organizacionais a partir deste ano. O tema “pessoas em primeiro lugar” é fundamental para cada uma delas e sustenta a realidade digital, presente a todos os momentos nas organizações. “A tecnologia é o gatilho, mas são as pessoas que transformarão as organizações no futuro. Cultura digital e talento são importantes diferenciais em um ambiente altamente competitivo e em um mundo cada vez mais digital”, escreveram na apresentação do documento Pierre Nanterme, Chairman e CEO da Accenture, e Paul Daugherty, Chief Technology Officer da empresa.
A pesquisa Accenture Technology Vision 2016 ouviu mais de 3 mil executivos de negócios e de TI em 11 países, incluindo o Brasil, entre outubro e dezembro de 2015. O objetivo foi entender as perspectivas desses profissionais sobre o impacto da tecnologia em suas organizações e identificar os investimentos que julgam prioritários nessa área ao longo dos próximos anos.
“Mais de 70% dos executivos consultados já investem significativamente mais em inteligência artificial do que em 2013”
A digitalização permite às máquinas facilitar, complementar e tornar o trabalho humano cada vez mais produtivo.
Com a automação e a inteligência artificial, a próxima onda de soluções reunirá quantidades sem precedentes de dados de sistemas díspares e – interligando sistemas, dados e as pessoas – criará soluções que alteram fundamentalmente a organização, assim como o que ela faz e a forma como isso é feito.Diversas companhias implementam sistemas inteligentes para facilitar a vida de seus funcionários e consumidores. Com a ajuda da tecnologia, a startup americana Moda Operandi, uma empresa que oferece roupas personalizadas para um grupo seleto de pessoas, conseguiu aumentar a clientela, sem perder sua principal característica: a exclusividade.
Um novo sistema adquirido pela empresa permitiu que cada estilista pudesse atender, com a mesma qualidade e dedicação, 300 consumidores (anteriormente eram de 50 a 75).A startup inglesa Blumsbury.ai disponibilizará um programa que poderá ser usado por qualquer pessoa que não tenha nenhuma habilidade em programação para desenvolver seus próprios aplicativos.
“As empresas vencedoras irão não apenas consumir mais tecnologia, mas também capacitar as pessoas a criar novas soluções com elas”escreveram Pierre Nanterme e Paul Daugherty.
a maioria dos consumidores poderá desenvolver aplicativos customizados a partir de comandos simples, como voz e gestos.
“Estima-se que a geração Millenium representará 76% da força de trabalho mundial até 2025”
As empresas líderes na era digital deverão investir em tecnologia não somente para se atualizarem, mas também devem pensar sobre o uso que as pessoas farão dela. Essa é a definição de trabalho líquido:
as barreiras que os funcionários serão capazes de transpor com a ajuda dos recursos adequados para realizar novas tarefas.Agora, os profissionais devem ir além de suas funções para cumprir as novas demandas. Por exemplo: designers gráficos precisam dominar códigos como o HTML5 se quiserem desenvolver dispositivos para a web e mobile, serviços cada vez mais procurados. Da mesma forma, vendedores deverão ser capazes de analisar dados e estatísticas para entender melhor a necessidade de seus consumidores.
Os executivos ouvidos pela pesquisa AccentureTechnology Vision 2016 disseram que a especialização em suas áreas de negócio já não é suficiente para os profissionais da era digital. Entre as características listadas como fundamentais, estão:
a habilidade para aprender rapidamente, a capacidade de realizar múltiplas tarefas e boa adaptação a mudanças.dentro de dez anos, veremos novas companhias globais sem trabalhadores full-time em seu quadro de colaboradores.
“82% dos entrevistados acreditam que a plataforma será a ‘cola’ que unirá as organizações na economia digital”
Esse novo modelo de negócio – cujos melhores exemplos são empresas bem-sucedidas como a Amazon, o Google e o site Alibaba – proporcionará novas oportunidades em todos os segmentos econômicos. Essas organizações são modelos de um novo modo de produção:
suas inovações não são representadas por produtos ou serviços, mas sim por meio da plataforma pelas quais esses itens são oferecidos.A oportunidade está disponível para qualquer empresa ou indústria e acarreta um novo modelo de negócios. De acordo com o estudo Accenture Technology Vision 2016, esta é a mais profunda mudança na economia global desde a Revolução Industrial.
O relatório prevê que, dentro de cinco anos, a principal medida de avaliação do valor de uma empresa será baseada em seus ativos digitais e em seu ecossistema de plataformas. O impacto desse modelo na vida das pessoas pode ser exemplificado pela Phillips. A companhia interconecta hospitais e pacientes para melhorar a qualidade do atendimento.
A plataforma garante menos custos de tratamento, ao permitir monitoramento à distância, além de aumentar a produtividade dos funcionários em hospitais como um todo.As empresas criarão plataformas nas quais funcionários, clientes e colaboradores poderão experimentar os cinco sentidos (ao mesmo tempo) em qualquer ambiente.
“82% dos executivos dizem que as fronteiras das empresas começam as ser eliminadas e que novos paradigmas surgem no caminho de suas organizações”
À medida que mais empresas entram na “economia de plataforma”, citada no item anterior, novos negócios são criados ao redor e em função delas.
Esse “ecossistema digital” será a base do próximo estágio da ruptura da tecnologia e da economia.A indústria automotiva é um bom exemplo desse fenômeno. A maioria das fábricas produz “carros conectados” – verdadeiros “hubs” de inovações, com softwares para diagnóstico remoto de falhas, segurança por GPS, etc. Esse ecossistema digital redefine o papel das montadoras:
além de produzir veículos, elas se conectam com os clientes em todo o ciclo de vida útil do automóvel, gerenciando upgrade de softwares e segurança, por exemplo.Essas mudanças não ficam limitadas às indústrias que as proporcionam. Como todos os negócios que se tornam digitais, um ecossistema formado ao redor de um setor pode rapidamente se tornar a base para a ruptura em outra área.
O Uber, por exemplo, começou como um aplicativo para celular para criar um ecossistema de carros e motoristas conectados, e acabou por promover uma ruptura na indústria do táxi.Agora, com este modelo de negócios já está estabelecido, o Uber usa o mesmo ecossistema para promover uma ruptura em outro setor: o da saúde. A empresa se uniu a enfermeiros e criou o UberHEALTH em Boston, nos Estados Unidos, para levar, em domicílio, serviços de vacinação contra a gripe e outros tipos de doença. Em outros tempos, hospitais e farmácias provavelmente nunca teriam imaginado ter o Uber como concorrente.
Agora a tecnologia tornou isso possível.Os modelos empresariais tradicionais irão desaparecer. Em seu lugar, surgirão novas estruturas.
“83% dos entrevistados acreditam que a confiabilidade é o pilar da economia digital”
Essa foi a conclusão de 83% dos entrevistados da pesquisa Accenture Technology Vision 2016.
A chance de amplificar os erros é diretamente proporcional à escala de tecnologia adotada nas operações de uma empresa. Fornecer produtos e serviços em grande quantidade, para milhões de consumidores, ou compartilhar dados sobre os clientes nessa mesma dimensão aumenta a exposição da empresa.
Isso pode resultar na perda da confiança previamente estabelecida – o que, consequentemente, levará à perda de clientes, de mercado e de avaliação da companhia.Essa consciência ética em relação a informações e privacidade é parte fundamental da transformação digital dos negócios. E não são apenas os consumidores que exigem isso.
De acordo com o levantamento, 80% dos trabalhadores estão demandando controle rígido sobre as informações também.As empresas que não levarem a segurança em conta nesse processo de digitalização terão sua reputação e seus negócios afetados negativamente.
A confiança se torna fundamental. E surge a figura de um novo líder: The Chief Ethics Officer (diretor para assuntos éticos).