Inchaços nas mãos, nos pés, na face, nos genitais e na laringe podem ser equivocadamente diagnosticados e tratados como alergias. No entanto, podem ser sintomas do angioedema hereditário, também conhecido pela sigla AEH. Um estudo americano revelou que, em média, pessoas com AEH procuram 4,4 médicos antes de chegarem ao especialista que dá o diagnóstico correto.

 

No Brasil, o cenário é mais crítico, segundo a alergista e imunologista Anete S. Grumach. “Estima-se uma demora de 14 a 17 anos entre os primeiros sintomas e o diagnóstico”, diz a responsável pelo ambulatório de imunologia clínica da faculdade de medicina do Centro Universitário Saúde ABC. Porém, ainda segundo a médica, com tratamento adequado, os pacientes podem levar uma vida praticamente normal.

 

O que é AEH?

O angioedema hereditário é uma doença genética rara, causada pela mutação de um gene que produz uma proteína importante para vários sistemas do organismo. Na falta dessa proteína, há acúmulo de uma substância denominada bradicinina e vazamento do líquido que está dentro do vaso sanguíneo para fora dessa cavidade, explica Grumach. A consequência são inchaços na pele, no trato gastrointestinal e, no caso mais perigoso, na garganta, podendo causar o fechamento da glote. “Sem diagnóstico e tratamento adequados, calcula-se que 25% a 40% dos pacientes morrem por asfixia”, informa a médica.

 

O AEH tem prevalência de 1 para 50.000 nascidos vivos, responde por 2% de todos os quadros de Angioedema e é mais comum em mulheres do que em homens. Costuma se manifestar na primeira década de vida em 50 a 60% dos casos, de acordo com Grumach. A Associação Brasileira de Angioedema Hereditário (Abranghe) registra de 1.600 a 1.800 pacientes no País.

 

Gatilhos das crises

Segundo Grumach, as crises duram de cinco a sete dias e podem ser desencadeadas por diversos fatores: traumas físicos, estresse, tratamento dentário e infecções variadas. Outro gatilho é o hormônio feminino estrógeno. Por isso, em mulheres, uso de anticoncepcional, menstruação, gravidez e reposição hormonal estão associados aos episódios da doença. Os ataques podem ser precedidos por uma sensação de formigamento e os ataques são precedidos de um eritema na pele.

 

Dolorosas e debilitantes, as crises comprometem a qualidade de vida de pessoas com AEH. “Os pacientes têm mais risco de sofrerem de depressão e ansiedade do que o resto da população. Muitos são obrigados a faltar no trabalho e na escola”, diz Grumach.

 

Diagnóstico e tratamento

Com tratamento adequado, no entanto, é possível controlar o angioedema hereditário. Em geral é o alergoimunologista que faz o diagnóstico, com base em anamnese e exames de sangue. As atuais opções de terapia para AEH se dividem em tratamento de crises agudas, profilaxia em longo prazo e profilaxia em curto prazo. “Quanto mais precoces o diagnóstico e o tratamento, menos risco o paciente corre na hora do ataque. O indivíduo poderá ter uma boa qualidade de vida, mantendo suas atividades normais. Sua expectativa de vida é a mesma de uma pessoa sadia”, diz a médica.

 

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