Ferrovias Eletrificadas promovem desenvolvimento sustentável

Tecnologia traz benefícios para empresas e ganhos para a população além da redução de impacto no meio ambiente.

O transporte de cargas responde por 7% da liberação de CO2 no Brasil atualmente. O País assumiu compromisso de reduzir o volume de gases poluentes na próxima década em 43%.

No caso dos transportes de carga se nenhuma providência for tomada, esse percentual deve subir 250% e responder por 24,5% do total de emissões nos próximos anos. Uma das possibilidades para atenuar a situação e garantir um desenvolvimento sustentável são as ferrovias eletrificadas, hoje inexistentes por aqui em transporte de cargas.

A grande vantagem dessa tecnologia é a adaptação a diversas fontes de energia, já que ela não depende apenas de combustíveis fósseis, poluindo menos. Não é apenas o meio ambiente que se beneficia. As ferrovias eletrificadas são mais eficazes, já que motores movidos a eletricidade possuem eficiência de 90%, contra 30% de motores a combustão. Também há ganhos econômicos: estima-se que 10% do preço final dos grãos que chegam à mesa dos brasileiros sejam representados por custos de transportes.

Reduzi-los por meio de opções como essa pode impactar positivamente as empresas e a competitividade do País.

Natalie Unterstell, secretária adjunta do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

Exemplos que vêm de fora

Mundo afora, estudos mostram que junto com os trilhos chegam também às comunidades outros serviços, como energia, telefonia e internet, que são alavancas para uma melhora na educação, geração de emprego e melhor atendimento de saúde.

O fato é que temos um longo caminho pela frente. Cargas transportadas por rodovia

  • Brasil
    No Brasil
    0%
  • Rússia
    Na Rússia
    3% (88% são por trilhos)

O grande salto que o Brasil pode dar, portanto, é depender menos do transporte rodoviário. Para que o País saia do 0% para 10% ou 100% de eletrificação, é importante induzir essa medida na prorrogação de contratos de concessão e nos novos trechos ferroviários.

Natalie Unterstell, secretária adjunta do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

Veja no vídeo como é a realidade em outros países.

Meio ambiente agradece

O transporte de carga não é o único vilão quando falamos nas emissões de CO2. Mas responde por uma considerável parte. Em 2013, o Brasil emitiu 460 milhões de toneladas, com 45,7% vindos de transporte, ou seja, 210.2 milhões de toneladas

Aquecimento global e outras questões climáticas fazem parte de um tema cada vez mais importante no mundo.

Segundo a consultoria McKinsey & Company, até 2030, o Brasil está entre os cinco países com o maior potencial de redução das emissões. As ferrovias, nesse contexto, fazem parte da solução de um futuro mais limpo para as próximas gerações.

Veja no vídeo como as ferrovias eletrificadas podem ajudar na redução das emissões:

Ganhos financeiros

Além da possibilidade de trabalhar com um “mix de energias”, a ferrovia eletrificada pode viabilizar a condição de gerar a sua própria, estando imune às variações externas de disponibilidade e de preço. De acordo com estudo do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), os consumidores brasileiros estão gastando, por cada dólar pago com alimentação, cerca de US$ 0,08 para cobrir o transporte, aproximadamente três vezes mais do que nos Estados Unidos.

Com a malha ferroviária eletrificada existe, no longo prazo, uma redução no custo do transporte das cargas que impacta diretamente o preço final do produto. Ela reduziria a emissão de gases de efeito estufa (GEE) da logística de produtos, gerando um benefício importante.

Marina Grossi, presidente do CEBDS.

O agronegócio responde por uma grande parcela das exportações e também do PIB do Brasil. Grande parte da carga é movimentada pelos portos das regiões Sul e Sudeste, transportada por rodovias. Contudo, a saturação destes portos e a projeção de crescimento do setor para os próximos anos orienta uma mudança de eixo para os portos do Norte, e a consequente expansão da malha ferroviária, que, além dos alimentos, podem atuar no transporte de minérios e outras cargas.

Temos como impacto direto a redução do desperdício de alimentos, por meio da refrigeração dos vagões e dos contêineres, sem falar na perda que ocorre durante o transporte e que hoje responde por cerca de 40% das perdas totais.

Marina Grossi, presidente do CEBDS.

O custo de construção das ferrovias eletrificadas é maior do que das vias férreas convencionais. Contudo, há um retorno socioeconômico e operacional, e é isso que veremos a seguir.

Desenvolvimento fora dos trilhos

Ferrovias eletrificadas podem levar energia a pequenas e médias cidades rurais, contribuindo para a melhora na vida dos moradores locais. Em 1997, os investimentos nas ferrovias concedidas à iniciativa privada geraram empregos (diretos e indiretos) para 16.662 pessoas. Em 2008, esse número passou para 37.720.

Hoje, o Brasil tem cerca de 30 mil quilômetros de ferrovias

18 mil quilômetros estão fora de operação

12 mil quilômetros funcionam

Nenhum trecho que transporta cargas é eletrificado.

Veja no vídeo a opinião do especialista sobre como a criação das ferrovias eletrificadas é um ponto estratégico para o crescimento do país: