Apresentado por: Senac 70 anos Senac 70 anos

Senac 70 anos

02 de fevereiro de 2017

Tecnologia agiliza aprendizagem e reduz custos

Universidade corporativa, e-learning, gamificação. Nos últimos anos, a educação corporativa (EC) não apenas se consolidou como uma ferramenta estratégica para o setor empresarial, como ficou mais sofisticada. Recursos tecnológicos foram incorporados aos treinamentos desenvolvidos pelas empresas, incrementando os processos de aprendizagem e reduzindo custos.

O diretor-executivo da AEC Brasil (Associação Brasileira de Educação Corporativa), Marcos Baumgartner, fala em entrevista sobre as vantagens de investir na capacitação de mão de obra — qualificação que faz toda a diferença em tempos de crise — e aponta as principais tendências na área. Confira.

Em que momento as empresas brasileiras começaram a se preocupar em capacitar seus funcionários? O que motivou isso?

Marcos Baumgartner – De maneira geral, elas sempre se preocuparam. A maior parte sempre teve dentro da função de Recursos Humanos uma área de Treinamento e Desenvolvimento (T&D). No inicio de cada ano, era feito um levantamento de necessidades de treinamento, e a área de T&D, com base nisso, estruturava cursos ou buscava cursos externos. A partir dos anos 90, surge, no mercado americano, o conceito de educação corporativa, com Jeanne Meister.

Como se caracterizava a educação corporativa no Brasil nesse momento inicial?

Com a globalização, esse conceito chegou rapidamente ao Brasil, e a migração do T&D tradicional para a educação corporativa ganhou força como um dos pilares para o sucesso de uma gestão estratégica mais inteligente. No início, as empresas, além de se preocuparem com o desempenho das tarefas, passaram a colocar foco na capacitação dos colaboradores. Elas se baseavam em competência críticas necessárias para o resultado do negócio, ou seja, temas como visão, missão, estratégias, identidade cultural.

O que mudou dessa época para os dias atuais? Os objetivos e os meios da educação corporativa são os mesmos?

Hoje, os sistemas de educação corporativa estão muito melhor estruturados. Grandes empresas já adotaram o conceito de universidades corporativas, com estruturas físicas e operacionais bem definidas. Também existem várias universidades corporativas setoriais, que possibilitam a capacitação de colaboradores de pequenas e médias empresas. Os meios de educação geralmente estão baseados no conceito de andragogia (Educação de adultos). Utiliza-se muita tecnologia, com programas de educação à distância, adotam games e metodologias que dão suporte ao aprendizado no próprio ambiente de trabalho. A educação corporativa propicia às empresas uma cultura de autodesenvolvimento dos seus colaboradores por meio de programas colocados à disposição dos empregados, que autogerenciam seu desenvolvimento.

Quais as principais preocupações que as empresas têm hoje no que diz respeito à capacitação de seus trabalhadores?

Eu resumiria essas preocupações como a necessidade de as empresas desenvolverem seus talentos e competências a fim de aumentar sua competitividade e de obter melhores resultados nos negócios. Essa necessidade envolve também a promoção de uma identidade cultural, de forma a criar condições favoráveis ao desenvolvimento de líderes eficazes.

Você poderia citar algumas iniciativas de educação corporativa que considera exemplares? Por que elas obtiveram sucesso?

Bancos são ótimos exemplos de educação corporativa, com Universidades Corporativas muito bem estruturadas. O setor de transportes e as indústrias automobilísticas também se destacam. Algumas contam com universidades que atendem desde fornecedores até revendedoras, por exemplo. O sucesso de todas está associado a sistemas de EC bem estruturados, à adoção de uma cultura de aprendizagem contínua, à valorização dos talentos e a lideranças fortemente engajadas e participativas em relação às ações de capacitação e desenvolvimento dos colaboradores.

Quais os setores que menos investem hoje em capacitação? Por que isso acontece? Quais problemas isso provoca?

Difícil identificar. Acho que todos os setores, em maior ou menor grau, investem na capacitação de seus colaboradores. Mas, aqueles que menos investem, com certeza, enfrentam sérios problemas de baixos desempenho e competitividade. Esses setores não entenderam ainda que é muito mais caro manter colaboradores despreparados do que investir na sua qualificação. Produtividade e engajamento baixos — o que provoca alta rotatividade e perda de talentos — são alguns dos problemas que o não investimento em capacitação gera.

Em momentos de crise, é importante investir em Educação Corporativa? Quais vantagens esse investimento pode trazer?

É nos momentos de crise que distinguimos as empresas que acreditam realmente na educação corporativa das que apenas têm um discurso favorável. Esse investimento faz dos colaboradores verdadeiros parceiros da empresa. Suas competências ajudam a organização a superar a crise com criatividade, inovação, alto desempenho, entendimento do contexto econômico, entre outras contribuições.

O que representou a popularização da internet de banda larga para o setor de educação corporativa? Qual a importância do Ensino a Distância atualmente para o segmento?

Essa foi uma contribuição significativa para o desenvolvimento de ações rápidas e eficazes para a capacitação dos colaboradores. Mobile Learning, e-learning, games e outros recursos do gênero facilitaram, reduziram custos e agilizaram processos de aprendizagem.

E a mobilidade? O que a chegada dos smartphones trouxe de novo para esse setor?

Mobile Learning permitiu que a qualquer tempo e em qualquer lugar, o colaborador possa se atualizar ou ser informado sobre novos produtos.  As grandes corporações, antenadas com o perfil de seus funcionários, muitos deles da geração Y, já incorporaram os dispositivos móveis — especialmente smartphones e tablets — aos seus programas de treinamento. Algumas já direcionam pelo menos 30% da carga horária para esses equipamentos. A venda de tablets superou a de notebooks pelo fato de a tecnologia móvel estar atrelada à internet.