Poliomielite

A poliomielite é uma doença contagiosa provocada pelo poliovírus. Quando a infecção atinge o sistema nervoso central, pode levar à paralisia das pernas.

1 em cada 200 infecções leva à paralisia irreversível1

De 5% a 10% entre os acometidos morrem quando os músculos respiratórios ficam imobilizados1

Em 1988, com a pólio atingindo mais de mil crianças no mundo todo dia e presente em 125 países, a Assembleia Mundial da Saúde lançou a Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite2.

Desde então, os casos devidos ao poliovírus selvagem diminuíram em mais de 99%1.

A estimativa de 350 mil casos por ano caiu para 33 casos notificados em 20181

Hoje 80% da população mundial vive em regiões certificadas como livres da pólio1

Por que paralisia infantil?

A doença ficou conhecida assim porque ocorre com mais frequência em crianças, quando as defesas ainda estão se desenvolvendo, o que dificulta o bloqueio do vírus. Porém, a poliomielite pode acometer também adultos.

O contágio

O poliovírus em geral é contraído pela forma fecal-oral, ou seja, pela ingestão de água e alimentos contaminados por fezes de doentes ou portadores desse microrganismo. Ele entra pela boca e se multiplica no intestino.

A transmissão pode acontecer também de pessoa para pessoa, por meio de gotículas com o vírus eliminadas pela fala, pela tosse ou pelo espirro de indivíduos infectados.

Tipos de poliovírus

Até meados da década de 2010, estavam em circulação os poliovírus selvagens tipos 1, 2 e 3.

2015

O vírus tipo 2 foi declarado erradicado

2019

O vírus tipo 3 foi declarado erradicado

2020

Hoje somente o poliovírus selvagem tipo 1 permanece2

Desafio do diagnóstico

A confirmação da doença é difícil porque seus sintomas iniciais são inespecíficos: febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, prisão de ventre, espasmos, rigidez na nuca3

O diagnóstico em geral acontece quando o paciente passa a apresentar flacidez nas pernas.

O que é paralisia flácida aguda?

É uma deficiência motora que acomete em geral menores de 15 anos e pode estar relacionada à poliomielite.

As sequelas da pólio

A progressão da doença costuma desencadear problemas motores irreversíveis:

  • dores nas articulações
  • pé torto
  • crescimento diferente das pernas
  • osteoporose
  • paralisia de uma das pernas
  • paralisia dos músculos da fala e da deglutição
  • atrofia muscular3.

Síndrome pós-pólio

O quadro costuma acontecer após mais de uma década de estabilidade da doença.
É uma desordem neurológica que não está relacionada a uma reativação do vírus, mas, sim, ao desgaste dos neurônios motores. Ela ocasiona fraqueza muscular, dores nos músculos e nas articulações, cãibra, dor de cabeça, problemas respiratórios e dificuldades de deglutição.

Duas vacinas vencem a pólio

Esquema de vacinação do Brasil

No caminho para o uso exclusivo da vacina inativada injetável, desde 2013 o calendário de vacinação contra poliomielite no País tem nova sequência de doses:4

Imunização de adultos

Devido ao risco de contágio em viagens a países onde a poliomielite ainda ameaça, o Ministério da Saúde recomenda a vacinação de adultos em viagens a regiões com baixa cobertura vacinal contra a doença ou onde ainda existe a circulação de poliovírus selvagem (hoje presente no Paquistão e no Afeganistão)3.

Por que continuar a vacinar depois da erradicação

É muito difícil identificar pessoas contagiadas pelo vírus da poliomielite, já que a infecção na maioria das vezes é assintomática. Por isso, quando se detecta um caso de paralisia, centenas ou milhares de pessoas já podem ter sido infectadas.

A preocupante queda na vacinação

A cobertura vacinal contra a pólio no Brasil tem ficado abaixo dos 95% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)5.

Desde 2016 a vacinação não chega a 90%,

e em 2019, entre janeiro e setembro, ficou em pouco mais de 51%5.

Entre os fatores para a queda na vacinação está a sensação de segurança com a percepção de que a doença não existe mais.

Fake news ameaçam a cobertura vacinal

Informações incorretas difundidas por redes sociais e WhatsApp estão por trás da redução da procura por vacinas.

De acordo com estudo feito em parceria entre a Avaaz e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm):6

48 %

se informam sobre vacina por redes sociais (Facebook, YouTube, Instagram etc.), WhatsApp ou outros aplicativos de mensagens

73 %

dos que se informam pelas redes sociais acreditam em alguma informação imprecisa sobre vacinas

8 %

dos brasileiros consideram as vacinas parcialmente inseguras; destes, 72% viram notícias negativas sobre vacinas nas redes sociais

67 %

acreditam em pelo menos uma notícia falsa sobre vacinas

24 %

acham que há uma boa possibilidade de causarem efeitos colaterais graves

13 %

acreditam que elas podem sobrecarregar o sistema imunológico das crianças

Como é feita a vigilância para a erradicação da poliomielite2

1

Hospitais e centros de saúde devem notificar imediatamente casos de paralisia flácida aguda em menores de 15 anos de idade.

2

Como nos estágios iniciais a poliomielite pode ser difícil de diferenciar de outras formas de paralisia flácida aguda, como a síndrome de Guillain-Barré, para confirmar a pólio são feitos testes em amostras de fezes de quem apresenta paralisia flácida

3

Ao detectar o poliovírus, o passo seguinte é analisar se ele é do tipo selvagem ou se está relacionado à vacina oral, feita com o vírus vivo atenuado.

4

Quando a poliomielite é identificada em determinada região, é possível criar estratégias de imunização para prevenir sua disseminação.

Linha do tempo:

a jornada da erradicação2 3.

1789

ano da primeira descrição clínica da poliomielite, feita pelo médico inglês Michael Underwood.

1840

o ortopedista alemão Jacob Von Heine identifica a medula espinhal como a zona afetada pela pólio.

1916

um surto de poliomielite em Nova York (EUA) estimula pesquisas sobre como a doença se espalha.

1955

o virologista americano Jonas Salks desenvolve a primeira vacina contra pólio, injetável e com vírus inativado (VIP).

1961

o médico polonês Albert Sabin cria a vacina oral contra pólio com vírus atenuado (VOP).

1971

no Brasil, acontece a implantação do Plano Nacional de Controle da Poliomielite.

1980

ano de início, no Brasil, do Dia Nacional contra a Paralisia Infantil.

1988

lançamento da Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite.

1989

ocorrência do último caso de pólio no Brasil, registrado em Souza, município da Paraíba.

1991

último caso de pólio nas Américas.

1994

o Brasil recebe o Certificado Internacional de Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem.

1997

último caso de pólio na região oeste do Pacífico.

1998

último caso de pólio na região oeste da Europa.

2001

575 milhões de crianças são vacinadas em 94 países.

2003

seis países ainda tinham a doença: Afeganistão, Egito, Índia, Niger, Nigéria e Paquistão.

2012

último caso de pólio na Nigéria.

2015

anunciada a erradicação do poliovírus selvagem tipo 2.

2019

o poliovírus selvagem continua circulando em apenas dois países, Paquistão e Afeganistão. Neste mesmo ano é anunciada a erradicação do poliovírus selvagem tipo 3.

Comentários