Porto do Itaqui

Um dos principais 
portos públicos do 
Brasil

Foco no controle de gastos 
e no aumento da produtividade

O porto investiu na troca de sinalização e de equipamentos antigos e defasados e vem melhorando 
a segurança 
das operações

O porto investiu na troca de sinalização e de equipamentos antigos e defasados e vem melhorando 
a segurança 
das operações

Neste ano, a movimentação de cargas no Porto do Itaqui atingiu uma marca histórica de 21,8 milhões de toneladas, um crescimento de 21% em relação ao ano anterior. Para chegar a esse resultado recorde, a direção da Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP), trabalhando juntamente com o Governo do Estado, focou em uma série de ações de melhoria da gestão e produtividade do porto, entre elas a revisão de processos administrativos e contratos e o investimento nas condições de operação.

“Percebemos que havia uma oportunidade na questão dos contratos, principalmente de serviços relacionados à atividade principal do porto”, afirma o presidente Ted Lago. “Focamos fortemente em enxugar os gastos desses acordos, sem perder a qualidade dos serviços. E procuramos estabelecer uma fiscalização melhor desses contratos.”

Outro fator fundamental na obtenção desse recorde histórico, segundo o presidente do porto e o diretor de operações, José Magalhães, foi um trabalho focado no aumento de produtividade das empresas que operam no terminal. A direção da EMAP buscou, além de fiscalizar, auxiliar nos processos dessas companhias com o objetivo de aumentar a capacidade do porto de receber e de escoar cargas e, assim, diminuir o tempo de espera dos navios.

Como a média de uma diária do navio parado fica em torno de US$ 25 mil, a EMAP não só vem incentivando as empresas que operam no porto e que utilizam mão de obra dos estivadores autônomos a melhorar a produtividade como vem investindo na infraestrutura primária do terminal – com troca de sinalização e de uma série de equipamentos antigos e defasados, que já não atendiam às normas do setor – e na ampliação de suas condições de segurança, diminuindo o índice de acidentes. “O modelo aplicado no porto público, com operador portuário e trabalhador avulso, exige investimentos e qualificação continuada. Estamos trabalhando nisso e estimulando o setor a se aperfeiçoar e melhorar, sobretudo sua cultura de segurança”, explica José Magalhães.

Ele diz que existe um manual para o conjunto de fiscalização da autoridade portuária e do órgão regulador e que hoje, com o trabalho feito pela EMAP, os usuários do porto também estão cientes das regras. “Conseguimos fazer uma gestão que não é de punição. Não queremos que o órgão regulador venha, fiscalize e gere uma multa”, conta ele. “Hoje, quando o órgão regulador vem, já ouviu da autoridade portuária qual é a questão e já deu oportunidade aos usuários de tomarem ações que vão melhorar suas condições de trabalho e, consequentemente, sua produtividade. Isso gerou uma melhora significativa em nossas operações.” Os operadores aprovaram as mudanças. “Sem dúvida temos percebido uma maior flexibilidade nas negociações do porto”, diz Ary Serpa Júnior, gerente geral da Odfell Terminals Granel Química, que opera cargas líquidas no porto. “Hoje, eles também estão muito mais preocupados com seu desenvolvimento, sempre buscando novos negócios e investindo na melhora da infraestrutura.”

A redução do tempo de espera, em alguns casos, chegou a 52% em cargas não mecanizadas: passou de 85 horas para 44 horas em cargas gerais e de 336 horas para 170 horas em granéis sólidos. “Foi como se tivéssemos agregado um novo berço ao porto sem precisarmos construir nada, só aumentando a produtividade”, comemora Ted Lago. Foram também realizadas obras para melhorar o trânsito dos caminhões no terminal, com a recuperação de vias de circulação interna e da sinalização, e a implantação de um sistema de controle de acesso ao porto, o que também garantiu mais segurança.

A dragagem realizada a partir do início de 2015 e orçada em R$ 65 milhões, foi concluída com R$ 62 milhões de investimento próprio e se tornou outro fator que, ao aumentar a profundidade de quatro dos sete berços do Itaqui, melhorou a produtividade do porto. Com berços mais profundos, o terminal tem capacidade de receber navios maiores e fazer carregamentos de lotes com mais quantidade de carga. Esse fator aumenta a movimentação de produtos sem fazer com que o número de navios cresça, otimizando a produtividade no mesmo período de tempo.

Segundo o presidente, com essas ações a gestão manteve o foco em uma série de metas estabelecidas, como geração de caixa, para que a empresa tivesse novamente capacidade para financiar seus próprios projetos, apesar dos altos valores envolvidos nesse tipo de operação portuária. Os resultados foram uma redução de R$ 32 milhões de custos operacionais e despesas administrativas, ou 26% a menos em relação aos números de 2014, e uma margem EBTIDA (indicador financeiro que mede a rentabilidade) de 49%, um aumento espantoso já que em 2014 esse índice ficou em 0,08%. Houve também uma economia de R$ 1,3 milhão com a suspensão de bônus e gratificações para os diretores, não previstos em lei.

Com essas ações, o lucro líquido do Porto do Itaqui atingiu a soma de R$ 68 milhões no ano passado, sendo que o orçamento aprovado em 2014 previa apenas R$ 300 mil de lucro em 2015. “A ideia é que podemos ter uma empresa pública produtiva”, explica Ted Lago. “Para isso, usamos os conceitos e as ferramentas da gestão privada com a consciência da importância da empresa pública.”


 

“É o nosso momento de investir”
A ideia é se preparar para quando as oportunidades chegarem

Apesar da crise que atingiu o Brasil, o presidente do Porto do Itaqui está bastante otimista com as perspectivas para o futuro. Ted Lago acredita que o momento é de investir e se posicionar para que tudo esteja pronto quando houver uma virada de página do momento político e econômico nacional. “Temos um porto profundo, bem localizado, com área de influência bastante desenvolvida. Estamos no portão de entrada e saída. É o nosso momento de investir para conseguir ampliar os mercados no futuro”, afirma ele.

Os investimentos previstos para o período até 2018 são de quase R$ 255 milhões, com recursos gerados pelo próprio caixa da empresa. O porto pretende implantar dois grandes projetos de investimento logístico: um terminal de cargas gerais, que será usado principalmente para celulose, e um terminal de fertilizantes, equipados com berços, além de um novo berço de granéis sólidos com recursos próprios. Além deles, vai construir mais três berços, um para cada um desses terminais e outro para uso geral do porto. Esses projetos estão no programa de licitação do Governo Federal e a EMAP trabalha para que as licitações voltem a ser feitas pelas autoridades locais, o que aumentaria a dinâmica do processo. “Como são investimentos de alto valor e focados em médio e longo prazo, a preocupação é desburocratizar os processos e conseguir mais celeridade”, explica Lago.

Segundo o presidente, outro fator de otimismo é o fato de o Estado receber regularmente grupos de possíveis investidores, principalmente da Ásia e da América do Norte, que vêm prospectar novos negócios, em áreas como produção agrícola e movimentação de combustíveis. “Nossa visão em médio e longo prazo é muito positiva”, diz.