Ativista, Luisa Mell destaca alternativas para estabelecimentos lidarem com animais de rua

A repercussão da agressão contra o cachorro que circulava nas dependências de uma das lojas de uma rede de supermercado, em Osasco (SP), demonstrou o quanto é importante o cuidado no manejo dos animais que aparecem nos estabelecimentos comerciais e que não tem um tutor responsável. Neste caso específico, o cão acabou morrendo após sofrer agressões um dos seguranças da rede.

Por não haver uma política social ou órgão público adequado para o cuidado desses animais, empresas não preparam seus funcionários para agir com os cuidados necessários nessas circunstâncias.  Ao contrário disso, tentam expulsar os cães e gatos ou acabar com o problema da pior maneira possível.

De acordo com a protetora de animais e apresentadora Luisa Mell, as empresas  deveriam apoiar a causa para terem, inclusive, suporte necessário para saber lidar com essa situação e ajudar os milhares de animais abandonados.

“Se tivessem apoiando ONGs, que para eles não faria diferença financeira, poderiam contar com pessoas preparadas para lidar com essa situação. Sabemos que o Estado não tem capacidade e está falido, mas  há ONGs muito sérias. Esperamos que as empresas apoiem o trabalho delas”, explica.

Segundo Luisa Mell, o presidente da rede solicitou uma reunião para que os protetores possam ajudá-los a criar uma nova política com os animais e fazer o treinamento dos profissionais no Brasil inteiro. As empresas normalmente fazem um apoio pontual, muitas vezes dando um pouco de ração. “Estão dispostos a ser uma empresa modelo e apoiar as ONGs. Estabelecer uma forma e ter comprometimento sério com a causa”, explica.

Parceria com ONGs
Com o grande número de abandono e animais errantes, principalmente em periferias, não é incomum cães e gatos em estabelecimentos comerciais.

Por mais que muitos ainda tenham em mente a ideia de que a carrocinha retira animais das ruas, isso mudou há muito tempo. É bom lembrar que a política desse atendimento era o de sacrificar o pet que não tinha tutor responsável ou que não era retirado do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) durante um período estipulado. Felizmente, muitos CCZs não praticam mais esse procedimento, mas só retiram animais em casos em que o pet apresenta riscos à sociedade, como cães agressivos, silvestres ou tenham comportamento suspeitos de transmitir doenças ao homem, como a raiva.

Apesar de os abrigos e ONGs estarem repletas de animais de ruas, o primeiro passo é tentar buscar apoio de protetores para orientação para saber qual é a melhor forma de retirar e/ou encaminhar aquele cão ou gato encontrado para adoção.

As ONGs são muito carentes de apoio. Muitas vezes precisam de alimentos, medicamentos e ajuda veterinária. Fazer isso de forma recorrente pode fortalecer parcerias, principalmente com empresas de grande porte como supermercados, para manter aquele pet até encontrar um novo lar.

Outros incentivos
Outra opção é a de grandes empresas estabelecerem locais próprios, muitas vezes em outras regiões, para abrigar e cuidar dos pets que aparecem em seus estabelecimentos até a doação. Além de ser um ato social e de bem-estar para os animais, pode ser muito positivo para a marca.

“Infelizmente, não temos um órgão no qual as pessoas ligam e que vão buscar o cachorro, deixando lá para ser cuidado até a doação, como muitos imaginam. Se existisse, não teria o porquê existir ONGs. Estamos aqui justamente por não haver recursos ou preparo do Estado para fazer esse trabalho. O CCZ só foi acionado porque o cachorro estava ferido e fez aquela abordagem medonha. Totalmente despreparados. Não ajudaram, só pioraram a situação. O poder público é muito falho em relação a isso”, completa Luisa Mell.

A comunicação para os funcionários sobre a possibilidade de adotarem o animal também pode ser uma saída. Às vezes, um incentivo, como ajudar com a alimentação por um período, ou mesmo com a remoção correta do pet – existem serviços especializados de leve e traz de cães e gatos –, como forma de apoiar a adoção, podem ser alternativas interessantes. Mas algo muito importante é combater a raiz do problema, que é o de castrar esse o cão ou gato nessa situação, evitando assim a reprodução e o crescimento da população canina ou felina de rua.

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Conversa de Bicho

Jornalista

Fábio Brito

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