Pets contribuem de forma positiva da infância à terceira idade

O jovem Fábio Taveiros Hecico Júnior passava boa parte do tempo apenas com os pais em um apartamento acanhado. Aos três anos de idade, com a mudança da família para uma casa maior, veio um pedido: queria um cachorro de estimação. Lilico chegou para ser seu irmão caçula, o parceiro de todas as horas. Cabia na palma da mão, minúsculo. Hoje está grande e há quem diga que ele sabe até “conversar” com Júnior. O cão está sempre está ali, seja em meio a brincadeiras ou deitado no tapete fazendo companhia ao seu melhor amigo.

A demonstração de carinho entre ambos ajuda rechaçar o resultado do estudo do Centro de Nutrição e Bem-estar Animal Waltham, da Mars Petcare, que acaba de constatar que os pets contribuem de forma positiva durante toda a vida humana, desde o desenvolvimento infantil até um envelhecimento saudável.

“Qualquer um que cresceu com um animal de estimação e o amou sente, intrinsecamente, o valor da convivência”, afirma a doutora Carri Westgarth, líder do projeto. “As evidências científicas provenientes de investigações sobre os benefícios ao desenvolvimento de crianças e adolescentes parecem promissoras. Analisamos profundamente essas evidências para entender que benefícios em potencial são mais fortemente sustentados. Em última análise, isso irá nos permitir saber mais sobre como os animais de estimação dão suporte emocional, educacional e social às crianças e adolescentes.”

O dono do Lilico, por exemplo, sempre foi tímido, mas ao lado de seu bichinho de estimação se solta, brinca, realiza a bagunça que todo menino costumeiramente faz. Foi o cãozinho que o ajudou.

“As idades críticas para o impacto da presença de animais de estimação na autoestima parecem ser mais expressivas em crianças com menos de seis anos e também em pré-adolescentes e adolescentes com mais de 10. Em geral, cães e gatos são considerados os melhores provedores de suporte social, talvez em função de um nível maior de interação e reciprocidade em comparação com outros animais de estimação”, afirma Rebecca Purewal, autora principal do estudo. “Nas culturas ocidental e não-ocidental, os animais de estimação podem agir como uma forma de apoio psicológico, ajudando as crianças a se sentirem melhor sobre si mesmas e criando uma autoimagem positiva”, completa.

Crescer com um animal de estimação traz benefícios em todos os âmbitos: social, emocional e educacional às crianças e aos adolescentes. Meninos e meninas elevam a autoestima e sentem-se protegidos e entre amigos com um pet ao lado.

“Os padrões entre subpopulações e grupo de idade sugerem que animais de estimação têm o potencial de promover o desenvolvimento de crianças e adolescentes saudáveis”, conta a pesquisadora de WALTHAM, Nancy Gee, coautora do estudo. “Esse é um campo estimulante e ainda há muito que aprender sobre os processos através dos quais a propriedade de animais de estimação pode impactar o desenvolvimento de crianças saudáveis.”

Aos adultos, os tutores parecem esquecer dos problemas quando estão com seu animal. Visitas médicas e consumo de remédios diminuem. Graças, também, aos passeios de todos os dias com o bichinho.

Convívio social
No bairro de Júnior, os adultos se “atropelam” na rua de levar o pet para passear. Algo não menos comum em outras regiões. Se o cachorrinho se mostra ansioso para a hora da caminhada, a recíproca é muito verdadeira. A turma dos encontros de fim de tarde parece olhar o tempo todo no relógio para ver se já é o momento da saída. São minutos ou horas gratificantes.

“Ser dono de um animal de estimação traz benefícios sociais e de saúde e há uma tendência crescente para que o impacto social dos animais de estimação seja levado a sério”, enfatiza Sandra McCune, líder científica da Interação Humana-Animal (HAI- Human-Animal Interaction) da WALTHAM. “O estudo acrescenta mais apoio a esta agenda e para o estabelecimento de cidades, municípios e acomodações ‘petfriendly’. A disponibilidade de parques e espaços abertos adequados para passear com o cachorro também é essencial para o bem-estar dos animais e para que as pessoas experimentem por completo os benefícios de ser tutor de um animal de estimação.”

Publicado na revista SSM-Population Health e liderado pela Dra. Lisa Wood, da Escola de População e Saúde Global (School of Population and Global Health), a pesquisa envolveu entrevistas com mais de 2.500 tutores e não tutores de animais de estimação em três cidades americanas (San Diego, Portland e Nashville) e uma cidade australiana (Perth). A pesquisa avaliou vários aspectos de vínculo afetivo tais como ajuda, amizade e confiança. O estudo foi o primeiro do gênero a examinar os efeitos da socialização através dos animais de estimação em dois países diferentes. Ser tutor de um pet está associado com maior predisposição para interação quando comparado com pessoas que não têm pets. Esta descoberta foi coerente entre todos os entrevistados nas quatro cidades estudadas.

“As associações mais fortes observadas, para aqueles que passeiam com o cachorro, podem estar relacionadas com o papel de a atividade ser uma maneira de aumentar a vigilância da vizinhança e as percepções de segurança dentro de uma comunidade”, diz Lisa Wood. “Em geral, os animais de estimação ajudam nos primeiros encontros entre vizinhos e, frequentemente, são assuntos para conversas”.

Terceira idade
Quando as pessoas ficam mais velhas, o impacto de um animal de estimação também tem superpoderes. Além de tirá-los da solidão, acabam com o sedentarismo e os riscos à saúde. O papo de “sou velho” cai no esquecimento. Os tutores se sentem bem jovens com seus companheiros de pelos e botam o corpo para se movimentar. A coleira vira uma espécie de terapia. Caminham com os pets e, por consequência, espantam aquelas doenças que os rodeiam para ganhar bons anos de vida.

“Sabemos que ao envelhecer, a tendência é diminuir o ritmo”, avalia o professor Daniel Mills, líder do projeto. “Permanecendo ativos, nós podemos melhorar nossa saúde e outros aspectos da qualidade de vida. Os fatores que levam a níveis mais altos de atividade física em adultos não estão bem definidos”, esclarece. “Estávamos interessados em avaliar se possuir um cão tem o potencial de melhorar a saúde de idosos através do aumento de atividade física.” A resposta positiva confirma o que todos imaginavam. Pet só faz bem à saúde e ao desenvolvimento. Uma relação ótima por toda a vida.

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Fábio Brito

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