Lidar com o dinheiro sem ter controle sobre os gastos e ganhos é como viajar sem saber o destino nem como chegar lá: as chances de se perder no meio do caminho são grandes. Essa é a situação de 46% dos brasileiros, segundo pesquisa divulgada em março pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Dado preocupante, ainda mais em um momento desafiador como o enfrentado atualmente no País. “Estamos saindo de uma recessão e convivemos com desemprego e alto endividamento das famílias”, afirma Caco Santos, sócio da empresa GFAI e planejador CFP®, voluntário da Planejar, associação brasileira de planejadores financeiros. O tema será debatido no Congresso Planejar, principal fórum de discussão entre profissionais qualificados na gestão financeira de pessoas e famílias, que acontece nos dias 8 e 9 de novembro, reunindo nomes importantes do mercado.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias endividadas chegou a 60,7% em setembro, mesma parcela observada no mês anterior. “Nesse cenário, ter clareza sobre como está a nossa saúde financeira e quais são as melhores estratégias para alcançar nossos sonhos, da viagem de férias à aposentadoria feliz, são atitudes fundamentais”, diz Santos. Só que para fazer melhores escolhas é preciso conhecer as opções disponíveis, e um planejador financeiro bem preparado pode ajudar nisso.

Selo de qualidade

Nem sempre é fácil avaliar qual profissional pode atender melhor às necessidades de alguém. Afinal, cuidar do dinheiro não é algo que diga respeito apenas à matemática. “As pessoas vêm sempre na frente dos números – 90% do nosso trabalho é comportamental, partindo do entendimento de que não adianta fazer a mesma coisa e esperar que o resultado seja diferente”, afirma Santos.

Para dar aos planejadores financeiros esse padrão global de atendimento e qualificação para a função, garantindo que os clientes recebam uma assessoria competente, existe uma certificação internacional, presente em 27 países, incluindo o Brasil, chamada Certified Financial Planner (CFP®).

É uma credencial que reconhece profissionais com habilidades em organização financeira, ética, gestão de investimentos e de riscos pessoais, como o de vida, planejamento da aposentadoria, sucessório, para a transmissão de bens, e fiscal, reduzindo legalmente a carga tributária sobre o patrimônio. “A certificação CFP® se diferencia pela abrangência”, diz Márcia Dessen, diretora da Planejar. “Para obtê-la, não basta ser aprovado no exame. É preciso cumprir critérios como ter formação acadêmica em curso superior reconhecido pelo Ministério da Educação, experiência profissional comprovada no atendimento a clientes pessoas físicas em uma ou mais áreas do escopo da certificação, e aderir ao nosso código de ética.”

Atualização constante

Manter a certificação também exige dedicação, já que é preciso cumprir créditos de educação continuada, como participar de treinamentos e palestras. Isto garante que o planejador se mantenha atualizado. “Provemos oportunidades de desenvolvimento e de networking aos nossos associados”, afirma Paulo Colaferro, vice-presidente da Planejar. “Nosso objetivo é melhorar a qualidade dos profissionais e dos serviços prestados, o que significa que esse trabalho tem um cunho social muito grande.”

Oportunidade de carreira

Além de ser um selo de qualidade, a certificação também abre portas para quem quer seguir nessa carreira. A certificação CFP® aumenta a empregabilidade dos planejadores, tanto dos que trabalham em instituições financeiras como dos independentes. “É uma situação em que todos ganham: as empresas passam a oferecer um atendimento mais preparado, o profissional se destaca dos demais que não possuem essa qualificação e os clientes recebem uma assessoria completa, assertiva e ética”, diz Márcia Dessen.

Aproximadamente 4 mil planejadores já conseguiram a certificação CFP® no Brasil. Sete em cada dez atuam no segmento de Private Banking, no qual, para os signatários do Código de Melhores Práticas da ANBIMA – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais -, a certificação é obrigatória. Os outros 30% são profissionais que atuam de forma independente, afirma Dessen. “O valor agregado é nítido, a ponto de cada vez mais pessoas buscarem, por vontade própria – já que a credencial não é obrigatória –, preparar-se não só para orientar as finanças, mas, principalmente, para transformar vidas.”