No momento em que se realiza a edição 2018 do Congresso Planejar, em 8 e 9 de novembro, todas as expectativas giram em torno das políticas econômicas que serão implantadas pelo novo presidente eleito. Não à toa, o tema do congresso é “Qual é o plano?” e, pela primeira vez, ele será em parte aberto ao público. “É uma grande mudança. Estamos misturando profissionais do mercado a pessoas que buscam planejamento financeiro nesse novo cenário, ainda incerto”, afirma Jan Karsten, presidente da Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros –, que realiza o evento. Na entrevista a seguir, Karsten aborda a necessidade de ter informações precisas e imparciais sobre finanças para tomar as melhores decisões, especialmente em momentos de transição como o atual. Existem, hoje, no Brasil, 3.948 planejadores financeiros CFP®, os profissionais mais indicados para essa missão. Confira a seguir.

Como a Planejar começou? Com qual intuito?

Jan Karsten: Ela foi fundada em 2000 como Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). Em 2016, transformou-se no que é hoje, e a grande mudança que trouxemos para o País foi a certificação de profissionais interessados em atuar como planejadores financeiros a partir de critérios rigorosos e de um código de ética. O intuito é fazer com que a educação financeira chegue a todos, independentemente da classe social ou do nível de renda. Desejamos melhorar a qualidade de vida dos brasileiros começando pelo lado financeiro. Nesse sentido, sair das dívidas já é um bom começo.

Qual é a primeira providência quando se trata do endividamento pessoal?

Karsten: Sugiro buscar um planejador financeiro que possa atender a essa expectativa. Antes de comprar um carro ou um aparelho eletrônico, todo mundo faz pesquisas na internet. Com as finanças não deveria ser diferente. É preciso descobrir como esses profissionais trabalham, quanto cobram, em que áreas atuam. O planejador pode ser visto como o advogado ou o médico da família. Deve estar no mesmo nível de confiança. Não precisa ser contratado pelo resto da vida, mas pode ser fundamental em fases complicadas – caso das dívidas – e transmitir regras básicas que poderão ser adotadas para sempre.

“Desejamos melhorar a qualidade de vida dos brasileiros, começando pelo lado financeiro.” Jan Karsten, presidente da Planejar

Por que um planejador financeiro é diferente de outros profissionais que ajudam a lidar com dinheiro?

Karsten: A primeira diferença está em ser aprovado no exame elaborado pela Financial Planning Standards Board (FPSB), entidade a que a Planejar é filiada e pode, assim, conceder a Certificação CFP®. No Brasil, a taxa de aprovação nessa prova é de cerca de 25%. Os profissionais que conseguem passar têm experiência comprovada e participam de processos de educação continuada. O exame tem padrões mundiais e avalia se o candidato tem competência para extrair informações valiosas do cliente e, assim, elaborar o planejamento mais assertivo. Verifica se ele sabe estabelecer uma relação transparente e cobrar corretamente pelo serviço, além de testar conhecimentos técnicos específicos sobre investimentos no Brasil e no exterior, crédito, endividamento, previdência, planejamento sucessório e fiscal, seguros etc. É bastante amplo. Nos últimos anos, notamos um crescimento expressivo na procura pela certificação [um salto de mais de 100%, nos últimos cinco anos, e mais de 30% anualmente]. Segmentos de alta renda dentro dos bancos também se interessam, pois o CFP® ajuda a alcançar postos mais elevados na carreira.

Hoje, existem inúmeros canais no YouTube sobre finanças pessoais e muita informação disponível na internet. Por que contratar um planejador financeiro?

Karsten: São escopos diferentes. Um vlogger que é formador de opinião ajuda mais a provocar as pessoas e despertá-las para se preparar melhor [para lidar com o próprio dinheiro]. É um modelo positivo, porque incomoda as pessoas, e elas começam a correr atrás. No entanto, isso é diferente de você encontrar um profissional e contar a ele sobre todos os aspectos da sua vida financeira e, a partir disso, receber uma proposta de plano de ação. É desenhado caso a caso, pois não é possível padronizar recomendações.

Quanto custa esse tipo de serviço? É acessível?

Karsten: Assim como os médicos, há vários perfis de planejadores. Alguns cuidam de investimentos e, por isso, colocam o planejamento no pacote. Outros, entretanto, não cobram nada sobre rendimentos, pois o cliente não tem dinheiro poupado. Nesse caso, ele cobrará pelo diagnóstico e pelo monitoramento, se for uma opção de quem contrata contar com esse acompanhamento. Um plano de ação pode custar entre R$ 300 e R$ 500, e a monitoria, cerca de R$ 5 mil ao ano. Mas apenas o plano em si já é um ótimo começo para quem não tem familiaridade com o tema. [Essa modalidade] traz a oportunidade de conhecer regras simples. Se tiver disciplina, é possível seguir sozinho.

Como saber se o planejador está recomendando as melhores escolhas?

Karsten: Os planejadores certificados são imparciais. Ou seja, o compromisso é com a família, e não com soluções oferecidas pelo mercado. Ele não vai recomendar um investimento, um modelo de previdência ou de seguro porque ganha comissão. Incentivamos os profissionais a ser transparentes, ou seja, a deixar claro para os clientes como são remunerados.