Revolução: Como as maquininhas transformaram o empreendedorismo no Brasil

A precarização do mercado de trabalho formal, o desemprego (ou a ameaça de desemprego) e o avanço dos meios digitais são fatores que ajudam a explicar o sucesso das maquininhas. Com elas, qualquer brasileiro que tenha um micronegócio pode vender parcelado e receber o pagamento pelo produto em apenas um dia útil, mesmo em locais remotos e com acesso tímido aos bancos. A eliminação de uma superestrutura financeira e a redução de juros ajudam a formar um batalhão de novos comerciantes.

A revolução em receber antes está na dispensa do capital de giro, incluindo no empreendedorismo pessoas que, até então, não teriam condições de gerir um negócio. “Entramos no Brasil para ajudar o pequeno e o microempresário a crescer. Nós entendemos a dor desse público”, afirma Igor Marchesini, fundador da SumUp no Brasil, líder global no segmento de pagamentos móveis – as maquininhas são seu principal produto. A fintech, que tem entre as concorrentes PagSeguro e Mercado Pago, lançou em 2013 a antecipação automática, “para quem vendia o almoço para pagar o jantar”, nas palavras de Marchesini. “Quando se fala em inovação para pagamentos muitas vezes citam QR Code, peer-to-peer etc., mas, para nós, a melhor tecnologia é aquela que a pessoa nem vê.”

A estrutura invisível inclui validação do usuário na nuvem a partir da primeira transação e geolocalização, eliminando custos com back office, cadastros em papel, logística (antes, um técnico precisava programar a máquina em cada estabelecimento) e segurança (carros fortes asseguravam que não haveria fraudes ao equipamento no meio do caminho). Os processos acontecem numa mesma plataforma digital, seja qual for o país (a empresa atua em 31). A SumUp estima que, no modelo tradicional, eram gastos R$ 300 só com back office a cada novo cliente, em 2013. “Nós chegamos gastando R$ 7.”

Dinheiro vivo

O Brasil está no top 3 de mercados prioritários para a companhia, ainda que a economia não empolgue. “O setor de pagamentos cresce a 10%, 12%, empurrado pelos governos, que querem evitar sonegação, e por empresas de tecnologia, comércios e pessoas, que veem vantagem em deixar de usar dinheiro em espécie”.

Entretanto, o dinheiro ainda é o meio de pagamento mais usado – mais de 70% dos estabelecimentos não aceitam cartão, apesar de todo o barulho com o digital, estima a empresa. “A concorrência acaba sendo cheque, nota e moeda, e não o produto da fintech a, b ou c.” No Brasil, a SumUP tem mais de 500 mil clientes e atingiu uma receita de R$ 250 milhões, em 2018. Serão investidos R$ 500 milhões na operação brasileira, em 2019, e a previsão é continuar crescendo três dígitos no País este ano.

“Em 2013, o uso de internet para vender bens e serviços alcançava 4,8% da população. Em cinco anos, pulou para 9,4%, com aumento do e-commerce, varejistas que adotam carteiras digitais, mobile e maquininhas”, afirma Ricardo Sfeir, analista de tecnologia e digital consumer da Euromonitor, especializada em inteligência de mercado. “Existe penetração expressiva de consumidores digitais, fintechs e bancos digitais no Brasil, com oferta de serviços financeiros independentes dos bancos tradicionais, e a tendência é de crescimento.”

Como os empreendedores conseguem calcular quanto irão receber

No ritmo acelerado das vendas com maquininhas, sem um gerente de banco ou uma assessoria financeira para dar apoio e com taxas que podem confundir, como o microempreendedor consegue saber quanto ganha? A SumUp inovou ao embutir no app uma calculadora de taxas. A ferramenta simula vendas conforme os planos escolhidos (débito ou crédito) e informa exatamente a taxa final cobrada e quanto o empreendedor ganha para receber o dinheiro no dia seguinte à operação, por exemplo.

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