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24 de agosto de 2018

Empreendedor perde 82 dias com burocracia; saiba como evitar o problema

Preencher notas, obter licenças, enviar comprovantes, pagar impostos… É extensa a lista de tarefas administrativas que o empreendedor brasileiro precisa cumprir no dia a dia. Não por acaso, ao ser comparado com outras 189 economias, o Brasil ficou na posição 125 no ranking do Banco Mundial que mede o impacto das regulamentações e da burocracia sobre as atividades empresariais — quanto mais próximo do topo, melhor o ambiente para se fazer negócios. Ainda segundo o relatório, que recebeu o nome de “Doing Business 2018”, o país aparece atrás de vizinhos como Paraguai, Uruguai e Argentina.

“Perde-se muito tempo no cumprimento de obrigações tributárias em todas as esferas e também com as obrigações previdenciárias. Isso acaba gerando custos extras para a empresa e um desperdício de esforços que poderiam estar sendo aplicados na área de negócio”, argumenta Julia Nicolau, consultora de estudos econômicos da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

A avaliação da consultora está alinhada com outra conclusão do relatório do Banco Mundial: o Brasil está entre os dez piores no quesito pagamento de impostos. Por aqui, gasta-se em torno de 1.958 horas por ano com burocracia tributária, ou seja, quase 82 dias. Só para se ter uma ideia, na América Latina e no Caribe, essa média é de 332 horas.

Se é difícil manter um negócio, abri-lo exige ainda mais fôlego e paciência — sobretudo quando são necessários alvarás e licenças que tornam o processo mais moroso do que o habitual. Por isso, Julia Nicolau recomenda que o empreendedor busque orientação na Junta Comercial do seu estado. “Lá estão centralizados muitos serviços e informações, o que pode simplificar e agilizar boa parte dos procedimentos, desde a constituição da empresa até etapas necessárias para sua legalização.”

Complexidade fiscal
A consultora da Firjan avalia que a complexidade fiscal do país torna praticamente impossível para qualquer empreendedor atuar sem o auxílio de especialistas em contabilidade. “Temos um corpo de funcionários nas partes jurídica e contábil muito maior do que em outros países. Isso pesa, principalmente, para o pequeno empresário, que, muitas vezes, não tem condições de arcar com tal estrutura.”

Para facilitar essa interface tão necessária com o contador, uma boa saída é digitalizar arquivos e recorrer a um software ERP (Enterprise Resource Planning. Em tradução livre, Planejamento dos Recursos da Empresa) capaz de integrar o sistema do negócio com o do profissional responsável por organizar as contas da firma. “Nossa plataforma é voltada para o pequeno empresário e otimiza o processo de gestão para facilitar a vida de ambos os lados. Em vez de digitar tudo no papel, os arquivos são enviados de forma automática, o que gera uma informação mais rápida e confiável”, afirma Rafael Olmos, diretor de Inovação e Tecnologia da Omie, a maior rede de franquias da América Latina operando no mercado de ERP para pequenas e médias empresas.

De olho nas mudanças
Como se não bastassem todas as dificuldades enfrentadas pelo empreendedor para lidar com operações cotidianas, ele precisa ainda ficar de olho nas mudanças que ocorrem na legislação brasileira. “Isso gera um trabalho constante de atualização e traz muita insegurança. As pessoas temem cometer alguma irregularidade. Não por má fé, mas por desconhecimento”, comenta a consultora da Firjan.

Também nesse aspecto, a tecnologia torna menos espinhosa a rotina de quem decide abrir uma empresa no país. Segundo Rafael Olmos, a Omie oferece monitoramento automático de impostos, que usa algoritmos para determinar qual tributo é preciso pagar em cada transação, além de acompanhar a publicação de novas leis que afetam o ramo de atividade do negócio. “Fazemos essa atualização automaticamente e mandamos uma notificação para nossos clientes”, explica.

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