A crescente presença das tecnologias digitais e da conectividade entre as pessoas nas últimas décadas tem desafiado constantemente as competências das universidades do Brasil e do mundo. Afinal, em meio à dinâmica da revolução tecnológica, as instituições de ensino buscam atualizar continuamente seus métodos pedagógicos para manter a excelência na educação, promover uma efetiva transferência de conhecimento aos alunos e satisfazer às crescentes demandas do mercado de trabalho.
A preocupação com o aprendizado dos jovens a partir da geração dos anos 80, fortemente impactada pelos avanços tecnológicos, não é recente por parte das instituições de ensino no País. “Há uns 15 anos, época em que a tecnologia não estava tão inserida quanto hoje na sociedade brasileira, teve início um movimento no meio acadêmico para repensar a graduação, com ampla avaliação do perfil dos alunos que ingressavam no curso superior e o questionamento de qual seria a trajetória acadêmica desejada para formar profissionais e atender a um mercado em contínua evolução”, comenta Alberto Albertin, professor titular da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP) na área de tecnologia da informação e coordenador do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada (CIA) da universidade.
Dos anos 80 para cá, a FGV tem procurado pautar a sua atuação na área de gestão e tecnologia de informação em quatro pilares: um núcleo que desenvolve pesquisa aplicada, com mais foco na parte prática e que avalia, com a participação dos alunos, necessidades inerentes às disciplinas e currículos; um centro de estudos na linha de pesquisa mais voltada à fundamentação científica e teorias em inovação tecnológica; parcerias com empresas de peso e uma ampla gama de convênios. “Esses pilares, em sinergia, propiciam ao aluno estar mais antenado às práticas de mercado e desfrutar de um profundo embasamento técnico para competir com sucesso no mercado”, informa Albertin.
Para o diretor de graduação da Faculdade de Informática e Administração Paulista – FIAP, Professor Wagner Sanchez, a evolução da tecnologia tem promovido mudanças profundas na economia. “A tecnologia é hoje a principal ferramenta para se enfrentar os grandes problemas do mundo e contribuir na busca de soluções para aproveitar oportunidades futuras. Para isso, é essencial que a formação dos alunos esteja totalmente alinhada com o mercado de trabalho e com o futuro”, afirma Sanchez.
Em linha com essa postura, a FIAP investe em modelos disruptivos de ensino que incluem metodologias ativas – como Problem Based Learning, Project Based Learning, Game Based Learning, Peer Instruction e Team Based Learning – e estabelece parcerias com grandes empresas, possibilitando aos alunos o desafio de desenvolver soluções para problemas reais. “Com isso, as empresas ganham em inovação e soluções sem travas, e os alunos em mais aprendizado”, explica Sanchez.
Fernando de Souza Meirelles, professor titular da FGV-SP e fundador do GVcia – Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo), destaca que existe uma significativa transformação no perfil do jovem que chega hoje às universidades – mais informais, mais antenados e mais imediatistas – e, com isso, se abre um grande espaço para a aplicação de ferramentas tecnológicas que auxiliem no processo de aprendizado. “As tecnologias disponíveis no mundo ainda são subutilizadas nas escolas brasileiras. Há inúmeras ferramentas tecnológicas poderosas que podem proporcionar mais dinamismo e eficiência ao ensino, mas que, atualmente, muito vezes têm seu uso restrito às necessidades mais burocráticas nas salas de aula. É preciso evoluir bastante nesse aspecto”, enfatiza Meirelles.