Resiliência é um termo que vem ganhando popularidade nos últimos anos, principalmente quando se fala no perfil do profissional do futuro. É bastante comum ouvir especialistas em Recursos Humanos dizerem que é preciso ter resiliência, mas o fato é que pouca gente sabe do que se trata e, mais que isso, que se trata de uma característica que pode ser exercitada.
O termo foi emprestado da Física, em que define “a propriedade que alguns corpos têm de retornar à sua forma original depois de serem submetidos a uma deformação elástica”. No mundo corporativo, o uso do termo vem evoluindo, tendo passado por três definições. Eduardo Carmello, sócio-diretor da Entheusiasmos Consultoria e especialista em gestão estratégica de pessoas, conta que, na primeira, ele era utilizado para definir a capacidade de lidar com alta pressão.
“Na segunda, começamos a usar resiliência para tratar de como se recuperar de um tombo, mostrando que, mais importante que cair, é saber levantar e aprender com os erros”, explica, lembrando que essas são as duas definições mais comuns no Brasil.
Hoje já há uma terceira, em que a resiliência define o profissional capaz de promover as mudanças necessárias para atingir um propósito. “São os profissionais mais proativos, que se antecipam às mudanças e projetam novas estratégias e alternativas de atuação”, diz.
Quando se fala da geração Millennial, o desenvolvimento dessa característica é especialmente importante para que consigam desenvolver suas carreiras. Carmello lembra que, há três ou quatro anos, era comum ver jovens profissionais trocando de empresas com bastante frequência, e isso ocorria pela dificuldade de lidar com algumas regras específicas de cada organização.
Mas isso não significa apenas esperar, e aqui entra a última definição de resiliência. Carmello lembra que o profissional resiliente vai tentar promover as transformações necessárias para alcançar seu propósito, o que significa compreender o ambiente e executar uma estratégia. “Ele não necessariamente vai saltar, mas vai avançar se entregar as competências necessárias para isso”, conta.
Indo mais além, o especialista ressalta que os chamados profissionais resilientes têm uma série de condutas comuns, que podem ser exercitadas no dia a dia, tais como:
Proatividade – Marca o profissional que entrega mais do que solicita da empresa. “Ele tem um alto grau de exigência e precisa entregar na mesma proporção”, afirma.
Positividade – Ou como o profissional percebe o cenário dentro da organização. “O jovem hoje é muito sensível ao ambiente da empresa e precisa ter essa mesma sensibilidade sobre metas e competências que precisam ser desenvolvidas”.
Flexibilidade – Também entendida como a capacidade de criar alternativas para atender melhor seus clientes ou solucionar problemas. É vista como uma das características mais importantes para as organizações. “Ao mesmo tempo em que as empresas buscam se tornar mais horizontais, elas pedem que estes jovens sejam mais flexíveis”, diz Carmello.
Foco – Quando o gestor diz que é preciso trabalhar com determinado produto ou canal de vendas, o profissional consegue se concentrar em tudo o que é preciso dentro daquele alinhamento estratégico.
Organização – Se o profissional tem um projeto com dez etapas, ele precisa se organizar para cumprir as dez, dentro do prazo e das condições estipuladas.
Carmello lembra que apenas entre 12% a 15% dos profissionais são naturalmente resilientes. Neste grupo estão pessoas que têm como característica:
• Gostam de mudança
• São criativas e trabalham com inovação
• Têm dificuldade em lidar com burocracia, já que seu mindset é voltado para a eliminação de obstáculos
• Gostam de rapidez
• Frequentemente são bem-humoradas
• São naturalmente estratégicas
• Conseguem dar significado ao que está acontecendo, reconhecendo as verdadeiras dimensões das coisas